Claro que marqueteiro do tucano parece tentar recuperar alguma desvantagem percebida em pesquisas de opinião. Mas primeiro programa do PSDB no horário da TV foi bem 'mixuruca'
por Helena Sthephanowitz
publicado
20/08/2014 15:38,
última modificação
20/08/2014 16:52
reprodução
Cena do programa do PSDB na abertura do horário político na TV. Início vacilante e problemas de abordagem
A surpresa no primeiro dia da propaganda eleitoral
na TV dos presidenciáveis foi o programa do PSDB. Não por superar
expectativas, mas por ser excessivamente mixuruca, parecendo trabalho
amador de alunos de faculdade.
Inacreditavelmente, no momento em que amplos segmentos do eleitorado não têm a menor paciência para ouvir longos discursos convencionais de políticos oligarcas, o programa retratou Aécio Neves como um antigo coronel político saído dos anos 1950, fazendo na TV, do início ao fim, um daqueles antigos comícios que eram feitos em cima de caminhões, antes de a TV se tornar decisiva nas eleições.
O programa tucano usou de forma calculada os primeiros 40 segundos com seu candidato homenageando Campos, que perdeu a vida em trágico acidente aéreo. A escolha de começar assim teve o oportunismo de aproveitar a sequência. Pelo sorteio, o PSB de Campos foi o partido que abriu o horário eleitoral e o PSDB apareceu em seguida. O programa do PSB usou seus 2 minutos para homenagear o ex-governador de Pernambuco com cenas de arquivos. A fala de Aécio procurando mostrar pontos de identificação com Campos, procurou herdar eleitores de forma oportunista. Deu sorte (ou foi bem informado) de o PSB não ter colocado Marina para fazer este papel. Até aí pode-se questionar se a real intenção do tucano foi de homenagear de fato ou foi oportunismo calculado, mas não foi nesta parte que a propaganda foi muito mal.
A seguir, a imagem escurece como se acabasse um programa e começasse outro. E aí começou de fato o comício. Ruídos de rádio, imagens de antenas nos telhados, gente sintonizando o rádio, televisores ligados, no cotidiano de residências ou comércios, e entra o comício do tucano na TV. A princípio, ninguém presta atenção na telinha ou no rádio. Aos poucos, à medida em que o candidato vai falando as pessoas passam a se interessar pelo oratória, apesar de ele não dizer nada de impactante, limitando-se aos lugares comuns do discurso oposicionista.
Assim segue até o fim, com cenas de Aécio falando em estúdio, entrecortadas com populares o ouvindo no rádio e TV em seu cotidiano. Outra estética coronelista, demarcando quem fala e quem ouve, e a distância que separa a oligarquia no poder e o povo. A música começa suave e vai crescendo. Encerra com som e tucano triunfantes, como se um novo líder messiânico estivesse surgindo e arrastando multidões de eleitores no "gogó".
Pausa para um detalhe: enquanto Aécio discursava sobre deficiências de governo, mostrou a cena de uma brasileira buscando água em um rio e levando para casa uma lata d'água na cabeça. O correligionário e governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) não deve ter gostado. Impossível não associar a imagem à situação de racionamento de fato que existe na região metropolitana de São Paulo por falta de investir no sistema de abastamento de água do Sistema Cantareira.
Às vezes, estética retrô e ousadia podem até dar certo, mas é preciso estar em sintonia com os anseios contemporâneos. Claro que o marqueteiro de Aécio não é tão amador como a propaganda parece ser. O formato escolhido tenta corrigir alguma deficiência identificada na imagem do candidato junto aos eleitores. Nota-se o desejo de firmar uma aura de líder, de guia, de autoridade, de capacidade de dirigir, ainda que ao custo de reforçar a imagem coronelista de político oligarca. Resta saber se dará resultado.
A propaganda de Dilma acertou mais a mão. E não chegou a surpreender. Mostrou realizações e obras, pontos fortes do governo, como preservar empregos e salários, inseriu mensagens rebatendo as críticas sobre a economia com argumentos contundentes.
Trouxe o ex-presidente Lula reafirmando seu apoio e confiança irrestrita na presidenta e pedindo, objetiva e claramente, votos para ela. O tom intimista e de contato com o povo parece ter procurado atenuar a imagem de "chefona" que Dilma já tem. No final, também dedicou uma homenagem a Eduardo Campos cabendo a Lula, que tinha mais laços afetivos com o ex-governador, fazê-la.
O PSB fez um programa correto homenageando Campos com a imagens de arquivo do líder junto a populares. Não poderia ser diferente, mas falhou ao não inserir nenhuma fala de Marina Silva, ainda que fosse apenas em homenagem ao companheiro de chapa.
Talvez em decorrência das arestas que ainda estavam sendo aparadas nos bastidores do PSB e da Rede Sustentabilidade. Esse vácuo deixado acabou sendo preenchido por Aécio, ao engatar de forma oportunista sua homenagem ao fim do programa do PSB.
Da Rede Brasil Atual.
Inacreditavelmente, no momento em que amplos segmentos do eleitorado não têm a menor paciência para ouvir longos discursos convencionais de políticos oligarcas, o programa retratou Aécio Neves como um antigo coronel político saído dos anos 1950, fazendo na TV, do início ao fim, um daqueles antigos comícios que eram feitos em cima de caminhões, antes de a TV se tornar decisiva nas eleições.
O programa tucano usou de forma calculada os primeiros 40 segundos com seu candidato homenageando Campos, que perdeu a vida em trágico acidente aéreo. A escolha de começar assim teve o oportunismo de aproveitar a sequência. Pelo sorteio, o PSB de Campos foi o partido que abriu o horário eleitoral e o PSDB apareceu em seguida. O programa do PSB usou seus 2 minutos para homenagear o ex-governador de Pernambuco com cenas de arquivos. A fala de Aécio procurando mostrar pontos de identificação com Campos, procurou herdar eleitores de forma oportunista. Deu sorte (ou foi bem informado) de o PSB não ter colocado Marina para fazer este papel. Até aí pode-se questionar se a real intenção do tucano foi de homenagear de fato ou foi oportunismo calculado, mas não foi nesta parte que a propaganda foi muito mal.
A seguir, a imagem escurece como se acabasse um programa e começasse outro. E aí começou de fato o comício. Ruídos de rádio, imagens de antenas nos telhados, gente sintonizando o rádio, televisores ligados, no cotidiano de residências ou comércios, e entra o comício do tucano na TV. A princípio, ninguém presta atenção na telinha ou no rádio. Aos poucos, à medida em que o candidato vai falando as pessoas passam a se interessar pelo oratória, apesar de ele não dizer nada de impactante, limitando-se aos lugares comuns do discurso oposicionista.
Assim segue até o fim, com cenas de Aécio falando em estúdio, entrecortadas com populares o ouvindo no rádio e TV em seu cotidiano. Outra estética coronelista, demarcando quem fala e quem ouve, e a distância que separa a oligarquia no poder e o povo. A música começa suave e vai crescendo. Encerra com som e tucano triunfantes, como se um novo líder messiânico estivesse surgindo e arrastando multidões de eleitores no "gogó".
Pausa para um detalhe: enquanto Aécio discursava sobre deficiências de governo, mostrou a cena de uma brasileira buscando água em um rio e levando para casa uma lata d'água na cabeça. O correligionário e governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) não deve ter gostado. Impossível não associar a imagem à situação de racionamento de fato que existe na região metropolitana de São Paulo por falta de investir no sistema de abastamento de água do Sistema Cantareira.
Às vezes, estética retrô e ousadia podem até dar certo, mas é preciso estar em sintonia com os anseios contemporâneos. Claro que o marqueteiro de Aécio não é tão amador como a propaganda parece ser. O formato escolhido tenta corrigir alguma deficiência identificada na imagem do candidato junto aos eleitores. Nota-se o desejo de firmar uma aura de líder, de guia, de autoridade, de capacidade de dirigir, ainda que ao custo de reforçar a imagem coronelista de político oligarca. Resta saber se dará resultado.
A propaganda de Dilma acertou mais a mão. E não chegou a surpreender. Mostrou realizações e obras, pontos fortes do governo, como preservar empregos e salários, inseriu mensagens rebatendo as críticas sobre a economia com argumentos contundentes.
Trouxe o ex-presidente Lula reafirmando seu apoio e confiança irrestrita na presidenta e pedindo, objetiva e claramente, votos para ela. O tom intimista e de contato com o povo parece ter procurado atenuar a imagem de "chefona" que Dilma já tem. No final, também dedicou uma homenagem a Eduardo Campos cabendo a Lula, que tinha mais laços afetivos com o ex-governador, fazê-la.
O PSB fez um programa correto homenageando Campos com a imagens de arquivo do líder junto a populares. Não poderia ser diferente, mas falhou ao não inserir nenhuma fala de Marina Silva, ainda que fosse apenas em homenagem ao companheiro de chapa.
Talvez em decorrência das arestas que ainda estavam sendo aparadas nos bastidores do PSB e da Rede Sustentabilidade. Esse vácuo deixado acabou sendo preenchido por Aécio, ao engatar de forma oportunista sua homenagem ao fim do programa do PSB.
Da Rede Brasil Atual.
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