domingo, 25 de janeiro de 2009

Desemprego, mitomania, Obama, Cháves e reação,


Matéria copiada do Blod CIDADANIA.COM, do Eduardo Guimarães, que está em Meus Favoritos.

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Saraiva
Desemprego, mitomania,
Obama, Chávez e reação

Atualizado às 17h48 de 22 de janeiro de 2009

A salada de números na economia e a péssima atuação da imprensa no sentido de explicar ao público leigo os movimentos econômicos estão gerando perplexidade das pessoas diante do anúncio do nível de emprego medido pelo IBGE, que seria o mais alto desde 2002. Como isso é possível se há pouco fomos informados de que em dezembro perderam-se mais de seiscentos mil postos de trabalho no país, segundo o Caged?
A explicação é simples. O Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mede exclusivamente o nível de emprego formal – a diferença entre demitidos e contratados pelas empresas. Em dezembro, pois, houve muito mais demissões formais do que contratações. Já o IBGE, analisa o mercado de trabalho como um todo, incluindo trabalhadores autônomos e informais e faz as necessárias comparações entre o presente e o passado.
Os números tétricos do Caged de dezembro passado mostram dados isolados e não contextualizam em que ambiente ocorreram as demissões, mostrando apenas que houve um desemprego em massa no mês passado. Contudo, o IBGE deixa ver que há muito mais gente empregada no Brasil hoje do que antes de Lula chegar ao poder.
Com a criação de quase oito milhões de empregos formais nos últimos seis anos e de cerca de dois milhões de empregos informais ou para autônomos, portanto, chega-se à situação de menor taxa de desemprego desde 2002, ora anunciada pelo IBGE e, até o momento, repercutida pela mídia.
O grande problema aí, entretanto, não são os números frios, mas a tendência. Nesse ritmo de desemprego que se está vendo, o nível de emprego pode rapidamente deixar de ser tão alto. O Caged mostrou que as empresas passaram dezembro demitindo a todo vapor.
Se isso continuar acontecendo neste mês, os dados do IBGE de janeiro mostrarão quadro bem menos animador, se não for desanimador, pois na surpreendente velocidade com que o desemprego avançou em dezembro, se prosseguir nesse ritmo até março, então poderemos ter recuado até o nível de desemprego da era FHC.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afiançou que em janeiro não estaria ocorrendo o ritmo de demissões de dezembro. Se isso for verdade – e eu, agora, devido ao erro a que fui induzido por uma fonte que se mostrou inconfiável, só acreditarei nos números que eu cheque pessoalmente –, o que aconteceu no mês passado poderá se tornar um problema localizado.
Pode acontecer de o empresariado ter decidido fazer um corte profundo, rápido e definitivo preventivamente. Ou seja: decidiram fazer a maldade toda de uma vez para depois irem administrando pequenas doses de bondade – alô, alô, Maquiavel...
De qualquer maneira, estatisticamente falando, a situação do Brasil de chegar a dezembro com o nível mais baixo de desemprego em seis anos mostra como a economia brasileira é hoje a melhor do mundo, pois em todos os países mais importantes 2008 se tornou um dos piores anos da história para o mercado de trabalho, enquanto que aqui foi um dos melhores.
Não é à toa que no mundo inteiro o Brasil está sendo ovacionado por sua economia, conforme fizeram recentemente o FMI, o Banco Mundial, a OCDE e até o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Esse dado do IBGE mostra total descolamento de nossa economia da ruína que se abateu sobre o mundo, até aqui.
Fica difícil negar, porém, que em dezembro houve forte inflexão nesse descolamento. Resta saber se essa inflexão foi episódica ou se aquela tragédia continua se processando. Os números do Caged de janeiro dirão...
O grande risco que se corre, porém, é de uma eventual diferença positiva entre contratações e demissões provocar a veia conservadora do BC, que estancaria a queda da Selic ou diminuiria drasticamente o ritmo da queda, pois o nível de emprego determina conservadorismo de equipes econômicas como a que gere a política monetária do Brasil.
Mídia mente à toa sobre IBGE
Eu tenho que rir, não tem jeito. Durante o fim da manhã e o começo da tarde desta quinta-feira (22/09), os portais UOL e G1 davam a mesma “explicação” para os números do IBGE supra mencionados.
O mais ridículo é que eles tenham tido que buscar “explicações” estapafúrdias para um bom indicador econômico que inclusive nem é tão bom assim, conforme está explicado acima.
A ridícula manchete do UOL e do G1 – e ainda por cima é incrível como atuam em conjunto - dizia que o desemprego caiu em dezembro por que as pessoas ficaram “desalentadas” e pararam de buscar trabalho.
Pensem bem: por que é que alguém ficaria desanimado de procurar emprego num momento em que o nível de emprego é tão alto? Desânimo deveria haver quando ninguém consegue emprego, não quando todo mundo consegue...
E se alguém ficou desalentado, foi devido ao noticiário, e, segundo o IBGE, essa pessoa que deu ouvidos ao noticiário se deu muito mal, pois quem não deu ouvidos e saiu para procurar emprego apesar do noticiário... conseguiu (!).
Bastaria dizerem a verdade, conforme você pode ler no primeiro bloco deste post, que já deixariam as pessoas preocupadas. Os números do IBGE escondem possível tendência no mercado de trabalho que, inclusive, já pegou muita gente.
Será divertido assistir o Jornal Nacional, hoje à noite. Ver que ginástica retórica farão para dar essa notícia. Por mais que embromem, muita gente ficará indecisa em seu pânico midiático sobre desemprego.
Agora, divertido mesmo é imaginar o que ocorrerá se – ou quando? – a economia começar a se recuperar daqui a dois meses. Fico imaginando editores e puxa-sacos descabelados tentando encontrar um jeito de “explicar” que o fim do mundo não veio.
Obama e Chávez
O problema das previsões é que elas tentam contar o que ainda não aconteceu e que poderá nem acontecer. Quem curte opinar – e eu curto muito – tende a fazer previsões.
Alguns, como eu, ainda têm o cuidado tentar amparar suas previsões em fatos. Outros, porém, tentam ampará-las em preconceitos.
Como fazer previsões é inerente a quem opina, quem toma os cuidados supra mencionados acaba errando menos.
Vejam o caso de Barack Obama. Um grande contingente de pessoas previu que ele não mudaria nada na política americana e outro contingente ainda maior, porém menos barulhento, previu o contrário.
Não dá para saber se os primeiros indícios do governo Obama constituirão tendência de seu governo, mas são ótimos indícios.
Obama, entre outras coisas:
- Suspendeu todas as ordens pendentes de Bush
- Mandou Fechar Guantánamo
- Congelou os salários do governo
- Mandou pôr canga nos lobbyes
- Mandou suspender a tortura
- Ligou para o presidente palestino antes de qualquer outro chefe de Estado
- Fez um discurso de posse difícil de criticar
Para quem acha que estou sendo bondoso com ele, Fidel e Raul Castro o elogiaram depois do discurso de posse - chamaram-no de “bom homem” etc. , etc.
Hugo Chávez, porém, mantendo o estilo “bateu, levou”, atacou duramente Obama por comentário desairoso que ele fez sobre a recusa da Venezuela de adotar medidas antiterrorismo preconizadas por Washington.
Chávez não está indo bem. Seu radicalismo termina por diminuir seus espantosos feitos como governante. Seu personalismo confere à Venezuela um ar de ditadura.
A Venezuela foi o segundo país, depois de Cuba, a acabar com o analfabetismo na América Latina. Foi o país latino-americano que teve o maior crescimento no IDH nos últimos anos. Enfim, Chávez melhorou muito a vida de seu povo.
Contudo, as explosões dele diante de qualquer coisa que o contrarie expõe seu país e seu povo a problemas que poderiam não ter.
Que custaria ter feito ouvidos moucos ao que comentou Obama? Agora, está isolado nas críticas, pois até o regime cubano está animado com Obama.
E seu personalismo tampouco ajuda. Você não anda cem metros em Caracas sem ver o rosto de Chávez em algum lugar. Ele usa o Estado como se fosse seu dono. Usa a tevê pública para fazer política partidária...
Chávez é um bom governante que tem em si seu maior inimigo. Já Obama, começa a parecer que é mesmo tão bom quanto aparentava ser.
Governo joga duro usando economia
Quem esperava que o governo Lula se enforcasse com a mangueira do chuveiro por conta dos números do Caged em dezembro, terá que esperar um pouco mais para abrir seu Romanée-Conti.
Tendo ao fundo números do IBGE sobre desemprego que fazem a crise financeira internacional no Brasil adquirir ares de “marolinha”, o governo Lula despejou uma montanha de dinheiro no BNDES e condicionou empréstimos (a juros de pai para filho) aos empresários que se comprometam a gerar empregos
Detalhe: o compromisso de gerar empregos constará no contrato de empréstimo do BNDES e, como é óbvio, excluirá os que os estiverem extinguindo, e as empresas que andam demitindo são as que vivem batendo às portas do Estado para pedir dinheiro.
José Serra, os Marinho, os Frias, os Mesquita e os Civita perderam uns bons fios de cabelo hoje, por perceberem quão longe ainda está 2010 em termos de governo Lula. Escrito por Eduardo Guimarães às 12h50[(32) Opiniões - clique aqui para opinar] [envie esta mensagem]

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