A revista Veja desta semana veio completamente desmoralizada. Uma leitura atenta revela toda a sua ruína moral, a ponto da revista sair da ofensiva e entrar na defensiva (ainda que se esforce para demonstrar o contrário, através de um texto raivoso).
As acusações que a revista fez nos números anteriores contra o PT, contra a Bancoop, e contra Vaccari, foram desmontadas uma a uma.
Um juiz considerou inepta a denúncia do promotor José Carlos Blat, já na semana anterior.
O Ministério Público Federal desmentiu completamente a revista, dizendo que Vaccari sequer foi mencionado nem na documentação enviada pela Procuradoria Geral da República, nem na denúncia apresentada à justiça contra o doleiro da Veja, Lucio Funaro.
A revista, se não tivesse inventado, teria apresentado algum documento, ou alguma declaração de alguém confiável, que confirmasse as acusações falsas que escreveu em suas páginas. Nada, nada, nada foi apresentado.
A miséria moral da revista se mostra, como uma fratura exposta, quando sonega dos seus leitores a versão do Ministério Público Federal, e esconde do leitor a recusa de um juiz em aceitar as petições do promotor Blat, por falta de fundamentação.
A revista fez ilações sobre tráfico de influência e corrupção em fundos de pensão, mas vergonhosamente não faz qualquer menção a respeito do contrato de aluguel do edifício da Editora Abril com a proprietária PREVI (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil).
Não diz nada sobre como a Editora Abril conseguiu um aluguel camarada da PREVI, em 1997, no governo FHC, quando o ex-caixa de campanha de Serra e FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, era diretor do Banco do Brasil, com forte influência no fundo de pensão.
Uma operação dessa natureza, sem ser feita às claras, traz um forte cheiro de corrupção, com a revista deixando de ser estilingue, e passando a ser vidraça.
A revista também esconde de seus leitores que seu jornalismo foi corrompido ao entregar notícia estragada, denunciando um boato de que fundos de pensão teriam tido prejuízo de R$ 43 milhões, em aplicações no fundo FIDC Bancoop, quando já era do conhecimento público que os R$ 43 milhões aplicados simplesmente já estavam quitados e pagos de volta aos fundos de pensão, com os devidos rendimentos.
A ruína moral da revista se aprofunda, quando percebe-se que a revista coloca a mão no fogo por um doleiro, réu em processo por lavagem de dinheiro, sempre escolhendo a palavra do doleiro em detrimento da palavra do Ministério Público Federal, expressa em notas oficiais da assessoria de imprensa. Entre um e outro, a revista prefere associar-se aos acusados de corrupção do que aos procuradores da república que colocam corruptos na cadeia.
O que transparece da "fé cega" depositada pela revista Veja no doleiro, é uma intimidade e proximidade incomum, que ultrapassa em muito o conceito de fonte jornalística. Sugere uma identificação com os valores, princípios e objetivos do doleiro. Desperta suspeitas de uma relação antiga de amizade, companheirismo ou de sociedade entre pessoas da revista com o doleiro.
Afinal, o que obriga a revista a publicar o que o doleiro quer? O que obriga a comportar-se como se fosse porta-voz do doleiro, ignorando a voz do Ministério Público Federal, chegando a publicar recados bisonhos, em tons de ameaça, típicos de máfias bufãs, que nenhuma revista séria publicaria, tais como:
Desde que começou a negociar a delação premiada com a Justiça, Funaro prestou quatro depoimentos sigilosos em Brasília. O segredo em torno desses depoimentos é tamanho que Funaro guarda cópia deles num cofre no Uruguai. "Se algo acontecer comigo, esse material virá a público e a República cairá", ele disse a amigos.
Vejam o quanto é bisonho este parágrago acima da Veja da semana passada.
Se Funaro já prestou depoimentos em Brasília, estes depoimentos já estariam no Ministério Público. Qual o sentido de guardar cópias num cofre, ainda mais no Uruguai?
A razão para alguém guardar documentos em um cofre no Uruguai, seria para que ficasse fora do alcance de mandatos de busca e apreensão no Brasil. Ora, os mandatos de busca e apreensão deste caso iriam parar no justamente no Ministério Público, onde os depoimentos já estariam, segundo a revista. Por isso esse parágrafo é uma piada sem-noção, para impressionar somente leitores idiotas (típicos fãs da revista).
Além disso, essa estória de "Se algo acontecer comigo, esse material virá a público e a República cairá" é mais ridícula ainda. Se os depoimentos estão no Ministério Público, então se a República tivesse que cair, já tinha caído há muito tempo.
Por fim o parágrafo termina com um "... ele [Funaro] disse a amigos". Que amigos são estes? Os amigos do doleiro dentro da revista Veja?
Não se sabe se este parágrafo idiota da revista reflete de fato declarações do doleiro, como diz a revista, ou se foi obra de ficção dos redatores da Veja, mas, independente da autoria, a revista ficou com a cara de porta-voz de chantagens de máfias bufãs, ao escrever isso, abrindo suas páginas para o doleiro mandar recados a quem teria o rabo preso com ele.
Na edição desta semana, a revista Veja, continua sua opção preferencial pela corrupção. Mas já "amarelou" e não trouxe reportagem de capa. Em seu texto limita-se a repetir bordões chamando o PT e a Banccop de "bobos, feios e malvados", sem qualquer acréscimo factual que possa trazer o mínimo de credibilidade... e continua a funcionar como "diário oficial dos corruptos" para publicarem seus recados mafiosos.
Aroeira e o unicórnio indiciado
-
Me siga no BlueSky
*Contribua com o blog que está com você há 19 anosPIX:
blogdomello@gmail.com*
1 : R$10, mensalmente 2 : R$20, mensalmente 3 : R$50, me...
Há 3 horas
Nenhum comentário:
Postar um comentário