Ao se observar os comentários encomendados pela direita, aos principais jornais e programas de opinião da mídia de aluguel, percebe-se o tom de um disfarçado desespero que assoma o cada vez mais reduzido espaço conservador na sociedade brasileira. A realidade mudou e, com ela, as chances de reparos no combalido satélite estadunidense que gravitaciona o país, transmitindo a Washington mensagens cada vez mais dramáticas sobre o fim do imperialismo ianque nessa parte do mundo. Desde o Uruguai à Venezuela, salvo a exceção colombiana, o hiato chileno e o misterioso Peru, os EUA vêm perdendo, eleição após eleição, o espaço de controle da economia e da cultura na América Latina.
A indecisão no ninho tucano, dividido entre a força jovem do governador mineiro, Aécio Neves, ou na velha aposta neoliberal do dirigente paulista, José Serra, apenas facilitou o que parece inexorável no momento em que o atual governo – e não apenas o chefe desse governo, salve-se a diferença – atinge níveis de acerto "jamais vistos na história desse país", como afirma todos já adivinham quem. Mais quatro anos de governo. Desta vez, com as diretrizes socializantes levadas a um patamar próximo do sonho de uma nação solidária, justa social e economicamente, avançada no campo tecnológico e pacifista acima de tudo.
Esse Brasil que segue no rumo certo, constrói casas para milhões de famílias, resgata da miséria outros tantos milhões de concidadãos, amplia as chances de uma vida digna para quem precisa de emprego e cuida para que a inflação não coloque tudo a desandar, esse é o único país possível, no que depender dos votos de quem decide as eleições. Se não acabou por completo, está praticamente no fim o tempo em que era possível enganar a maioria dos eleitores com promessas vazias e muito dinheiro espalhado pelas urnas. Mas isso não sai nos jornalões.
As tentativas vãs de esconder o brilho que irradia no amanhecer de uma nação vitoriosa, de uma parcela considerável da imprensa brasileira, apenas demonstram o grau de aflição dos barões que, pela força da grana, ainda dominam as redações dos principais jornais diários e revistas semanais de grande circulação no país. Os jornalistas que, para defender o indefensável, recebem polpudas 30 moedas de prata no fim do mês, não disfarçam mais a sem-graceza em seus artigos, buscam argumentos no vazio, perdem o pouco da credibilidade que ainda lhes resta e, por fim, terminarão por não servir mais ao sistema que acalantam. Exauridos, estarão prontos a ser descartados como trastes inúteis.
Combalido, mas vivo ainda, o sistema em crise torna-se uma ameaça ainda mais cruel às nações que buscam se livrar dele a qualquer custo. E aqui não será diferente. Para isso, entram em campo instituições suspeitas, nutridas por recursos astronômicos dos agentes internacionais, com o apoio tático das agências norte-americanas de inteligência e persuasão e integradas por agentes disfarçados de editores, apresentadores de TV e colunistas renomados. Prontas a tentar um novo golpe à democracia brasileira. Dispostas a tudo para salvar os dedos, posto os anéis já não existirem mais há tempos.
Diante da saia justa em que se encontram barões, penas de aluguel e agentes travestidos de âncoras da TV, todo cuidado é pouco. O bom Guimarães Rosa já advertia que não se deve cutucar onça com vara curta, nem deixar animal acuado. A saída clássica para essas almas, porém, é uma só: colocar a viola no saco e ir saindo de fininho, enquanto o baile ainda está animado.
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