quarta-feira, 23 de junho de 2010

Assédio da Globo contribuiu na derrota da seleção em 2006


Na copa de 2006, quando um amigo assstiu os treinos da seleção sendo transmitidos ao vivo, pelo SporTV, canal das Organizações Globo, disse que aquilo não ia dar certo.

As Organizações Globo, em 2006, transformaram a seleção num BBB (Big Brother Brasil). Notava-se o desconforto do técnico Parreira, provavelmente fazendo concessões aos patrocinadores, sob orientação da diretoria da CBF. Os jogadores nem tinham privacidade para alguma reclamação ou discussão nos treinos, típica até entre peladeiros, porque senão virava "crise" no Jornal Nacional. O técnico reduzia os treinos ao mínimo, e sequer podia contar com o elemento surpresa contra os adversários.

Tudo bem que quem ganha jogo não é a TV, são os jogadores, e o técnico orienta. Mas aquelas más condições para treinar à vontade, e o clima de "celebridades" de "reality -show" acaba prejudicando.

O que Globo quer é alavancar a audiência, com a Copa, nos demais programas, fora dos jogos. Quer coisas como entrevistas exclusivas para o Fantástico, furos exclusivos para o Jornal Nacional, jogadores mandando tchauzinho para a mamãe e beijinho para a namorada no Programa do Faustão, etc.

Dunga sabe, como ex-jogador do lado de dentro da concentração, o quanto o vedetismo na TV, focado em alguns jogadores, alavanca a imagem e vaidade de uns (tanto valorizando o passe, como para contratos publicitários), e desperta ciúmes em outros, desintegrando a harmonia do time. Isso gera a busca do espetáculo individual em campo para trazer a fama e despertar também o interesse da TV.

O resultado em campo aparece na forma de querer resolver sozinho, com dribles e chutes improdutivos, prendendo bolas sob forte marcação, em vez de passar para o companheiro desmarcado, e prejudicando a vitória do time.

Falou-se muito desse clima na copa de 1990 e na de 2006. Em ambas, o resultado foi a eliminação do Brasil antes de chegar à final.

Dunga está certo em proteger a delegação brasileira do assédio da Globo, que quer transformar a concentração em um BBB, em entretenimento de celebridades e fofocas. Precisa evitar o clima de bagunça de 2006.


Tem razão o jornalista Luiz Carlos Azenha, que conheceu a emissora por dentro, quando conclui:

"A diferença entre Dunga e a Globo encontra-se no calendário distinto pelo qual ambos se regem: a emissora precisa ganhar tudo agora, comercialmente tem pouco a faturar depois que o Brasil chegar à final; Dunga só irá ao banco descontar o cheque milionário se e quando garantir o título. A Globo precisa de um cast. Dunga precisa de um time."

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