quarta-feira, 23 de junho de 2010

Montenegro, o bola fora das pesquisas

Desempenho de Montenegro analisando pesquisas lembra o do francês Domenech na Copa

Não tenho nada de pessoal contra o Carlos Augusto Montenegro. Muitos, até, talvez não saibam que Leonel Brizola foi um dos que inentivou o seu pai, Paulo Montenegro, um gaúcho, a fundar o Ibope, porque o Brasil, nos anos 50, não tinha institutos de pesquisa de opinião pública. E também não acho que pesquisa não possa e não deva ser um bom indicador para reflexões, se feita e divulgada corretamente.

Mas é – ou deveria ser – um dever para qualquer diretor de instituto de pesquisas evitar afirmações que, tempos depois, deporão contra a credibilidade de seus próprios levantamentos. Montenegro já pagou um preço enorme pelas suas previsões de “teto” de crescimento de Dilma – ele diz que a Veja manipulou as suas declarações – que era de 15, depois de 20% e depois que não passava de 30%.

Bom, agora mesmo, no dia 8 de junho, depois que a pesquisa do Ibope feita para a dupla Globo-Estadão, repetiu o empate em 37% divulgado pelo Datafolha, Montenegro disse ao Estadão que “o porcentual obtido por cada candidato na última pesquisa do Ibope não deve mudar ao longo dos próximos meses e, neste sentido, o que definirá a eleição será a parcela de cerca de um terço dos eleitores que vão deixar para decidir após a Copa do Mundo”.

A Copa tem saiu da primeira fase e o quadro pró-Dilma já se tornou nítido. São seis pontos de vantagem quando se apresentam todos os candidatos ou cinco, quando o eleitor é levado a escolher entre ela, Serra e Marina Silva. Na verdade, basta olhar a trajetória dos candidatos e ver que a vantagem apresentada por Dilma é até modesta.

Todos os indicadores são de que isto tende a se ampliar. A aprovação do governo Lula continua aumentando: subiu de 83% em março para 85% em junho e só 3% da população o avalia negativamente. Dilma tem a menor rejeição – 23% , quatro a menos que em março – e seu adversário, 30%, cinco pontos a mais que há três meses.

Portanto, é melhor o Montenegro se cuidar. Senão, gostando de futebol como gosta, vai acabar virando técnico da França.

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