Há dias venho percebendo sinais de que cresce, dentro do tucanato, uma nova e desesperada estratégia eleitoral. Algo semelhante àquilo que, muitas vezes, ocorre nas relações pessoais, quando alguém, que não conseguiu convencer outra pessoa com seus argumentos e diz: “bom, faça como você quer,mas depois não diga que eu não te avisei”. Ou seja, usa o medo, a insegurança como uma “ultima ratio” para tentar vencer a discussão.
Por essa linha de argumentação – sejamos generosos, chamemos de argumentação -, depois de um exuberante 2010, o Brasil enfrentaria um 2011 de crise, pela insustentabilidade da expansão da economia, combinada com um acúmulo de déficits, provocado pela combinação da ampliação dos gastos públicos, o crescimento dos encargos financeiros e o fim da expansão da arrecadação que viria com a redução das taxas de crescimento.
Como é sabido, o tucanato é especialmente sensível às “verdades” que vêm do sistema financeiro internacional, e ficou animadísimo com as críticas emitidas por um economista da entidade que congrega os grandes bancos mundiais, o sr. Frederick Jaspersen, que afirmou, semana passada, em Viena, na Áustria, que ” uma vitória de Dilma traz maior risco de derrapagem macroeconômica, pouco progresso nas reformas estruturais e dificuldades para aumentar o crescimento potencial da economia”, na comparação com José Serra.
Pronto, agora é um tal de e-mail para cá, e-mail para lá, dizendo que haverá uma deterioração na economia. Claro que os financistas, tal como as galinhas d’Angola, colocam seus ovos num lugar bem diferente do que estão cantando, tanto queo volume total de reais em contratos em aberto nos futuros e opções de moedas subiu 29% no primeiro trimestre do ano, ultrapassando em muito o percentual de 11% para o crescimento do mercado de futuros e opções como um todo, que movimentou US$ 9 trilhões. Ou seja, a moeda do país que “vai desabar” é a segunda mais procurada pelos financistas.
Lamento informar ao tucanato que este sr. Jaspersen tem uma tradição de errar feio em suas previsões. Em 2001, diante de uma pequena crise de capitais, ele observou que o Brasil estava “se saindo muito bem”. O crescimento do PIB, naquele ano, foi de apenas 1,3%, insuficiente até para acompanhar o crescimento populacional. Dizia ele:
- O governo vem gerenciando bem a economia, o sistema bancário do país é forte, a atual política energética vai no caminho certo e foi aceita inclusive pelos consumidores e as evidências indicam que vai haver uma reforma, apesar das divergências políticas.
Era assim que ele avaliava o Governo FHC, não surpreende, portanto, sua opinião sobre a economia brasileira, hoje.
Tudo isso é conversa fiada. Há problemas na economia brasileira, evidente, e um dos maiores é a sobrevalorização da moeda. Mas, depois dos problemas enfrentados com a crise de 2008, quando as contas cambiais abalaram fortemente a saúde das empresas que vinha se endividando em dólar, é difícil supor que este quadro esteja se repetindo, muito menos com a antiga intensidade. O capital sabe se proteger.
Não estamos diante de uma análise econômica pura. Trata-se de um olhar interessado em que o Brasil tome certos rumos. Estas previsões são a matéria prima para a construção de um temor, o “risco-Dilma”, como se tentou, sem sucesso, criar o “risco-Lula”, em 2002.
A diferença é que, ali, tinhamos um país já quebrado por FHC, que teve de recorrer ao FMI por um empréstimo em agosto, a dois meses das eleições. Hoje, o Brasil tem US$ 250 bilhões em reservas, que mal foram tocados mesmo com uma crise profunda como a de 2008.
Como o Serrinha Paz e Amor, também o Serrinha é o Terror está fadado a não prosperar.
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