Serra e o assessor neoliberal de Marina Silva, Eduardo Gianetti da Fonseca, criticam o Programa de Sustentação do Investimento do BNDES --uma alavanca contracíclica, responsável, em grande parte, pelo reduzido impacto da recessão mundial na atividade produtiva brasileira. Serra e o ideólogo neoliberal responsável pelo novo discurso econômico de Marina Silva criticam os juros baixos do BNDES para financiamentos produtivos. Pasmem: eles dizem que isso é privatização. Talvez preferissem um banco de fomento pró-recessão, como era o BNDES no governo FHC, do qual Serra foi ministro do Planejamento. Marcado para morrer enquanto instituição indutora do desenvolvimento brasileiro, o BNDES tucano estava impedido, por exemplo, de financiar a expansão do setor elétrico estatal --um dos motivos do apagão de 2001/2002. Neoliberais -a exemplo do ideólogo de Marina Silva-- atribuem exclusivamente aos mercados a prerrogativa de 'eleger' prioridades de investimentos, uma vez que a ‘mão invisível' , segundo eles, é capaz de promover com inigualável acurácia a alocação de fatores ao menor custo e com maior eficiência --e agora, ficamos sabendo, também, com 'zelo ambiental'. A incompatibilidade entre a coordenação de recursos da sociedade e os impulsos irrefletidos dos livres mercados ficou mais uma vez evidenciada em 2008, na pior e mais pedagógica crise do capitalismo mundial desde 1929. O Brasil foi uma das notáveis exceções num mundo atropelado por recessão, desemprego e crise bancária. Em grande parte, isso ocorreu graças a políticas contracíclicas como as do BNDES -- alvo da fina sintonia mercadista entre Serra, um ' desenvolvimentista de boca', como diz Maria da Conceição Tavares, e Marina Silva, a nova 'menina do quarteirão' do conservadorismo brasileiro.
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
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