segunda-feira, 21 de junho de 2010

Ué, “alto nível” é só para os outros?

Não sou fã do Dunga, mas reconheço nele personalidade e, sem ela, não se vai longe em profissão alguma. Também não acho que o nosso futebol na Copa, até agora, tenha enchido os olhos do mundo e dos brasileiros, mas igualmente acho que, nesta manada de zebras que está passando na primeira fase do Mundial, os resultados do Brasil não estão nada maus até agora. Aliás, todos os times da América do Sul estão muito bem até o momento.

Por isso, como dizia aquela comediante, “num tô intendendendo” porque a Globo está fazendo um cavalo de batalha com o “pega” que Dunga teve com um repórter esportivo na coletiva após o jogo. O fato de ele ter balbuciado umas palavras menos diplomáticas, fora do microfone, embora não seja das melhores atitudes, é “pinto” perto do que a emissora, deliberadamente, coloca no ar em suas novelas e no tal “Big Brother”. Ué, lá pode e de cabeça quente, depois de um jogo que, no final, virou uma batalha campal, é algo tão grave?

Discussão e “implicância” entre técnico e jornalista esportivo é algo tão antigo que deve ter começado na primeira semana depois da invenção do futebol. Eu assisti a entrevista coletiva e, olha, só prestando muita atenção dá para ouvir o que Dunga balbuciou (“merda” e “cagão”), fora do microfone, numa rusga evidentemente pessoal com o repórter Alex Escobar. Poderia ter evitado, mas eu já vi coisa dez mil vezes piores no futebol e não aconteceu nada demais. Como já vi jornalista esportivo chamar técnico de burro y otras cositas más.

O que está acontecendo para a Globo transformar isso em matéria editorializada, dando lições de moral? Não vi nada que desrespeitasse “a imprensa”, mas uma rusga pessoal com um repórter. A reação da Globo foi desproporcional e tudo o que está conseguindo com ela é despertar apoio a Dunga.

O video que posto aí em cima é da matéria do Fantástico e o mesmo texto foi lido por diversos apresentadores ali e na Globonews. Os comentários, quase invariavelmente, são de apoio ao treinador.

Vamos na calma, não é? Não houve nenhuma cena que justificasse isso. Ninguém partiu para cima de ninguém, ninguém saiu berrando palavrões…Como dizemos aqui no Rio: menos, menos…

Até porque, em matéria de vocabulário, na programação da Globo, os xingamentos de Dunga parecem coisa de colégio de freiras.

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