Esse preconceito se revela naturalmente quando as pessoas chegam aqui e acham que estão numa republiqueta das bananas. O próprio país se deixava tratar assim até bem recentemente, com chanceleres tirando os sapatos para entrar nos Estados Unidos. O nosso papel, para essa gente, era esse mesmo, subalterno, de quintal dos EUA, aquele sim um país exemplar para onde acorrem a cada férias para comprar bugigangas e prestar vassalagem.
Do ator Sylvester Stallone, aquele que representa como ninguém os valores da política norte-americana, distribuindo socos como um lutador de boxe ou armado até os dentes e destruindo tudo o que encontra à frente como Rambo, não se poderia esperar comportamento diferente. Depois de rodar no Rio de Janeiro parte de um filme, sugestivamente chamado “Os mercenários”, atacou o país, que considerou a terra da permissividade.
“Filmamos no Brasil porque lá você pode machucar as pessoas enquanto filma. Você pode explodir o país inteiro e eles ainda dizem para você ’obrigado e tome aqui um macaco para você levar para casa’”, afirmou o ator durante a Comic-Con, com a mesma “sutileza” que emprega em seus papéis.
Possivelmente Stallone encontrou aqui mais liberdade para fazer coisas do que em seu próprio país, porque muitos ainda ficam deslumbrados em receber quem vem de fora e agem com reverência de súditos. Mas a maioria das pessoas não aceita mais esse tipo de subserviência e reage com a indignação necessária. Um movimento “Cala a boca, Sylvester Stallone” se espalhou pelo twitter e chegou ao topo dos assuntos mais comentados no microblog.
Como propôs um dos tuiteiros, “Vamos boicotar o novo filme dele”, que é antiquado e de um reacionarismo ímpar, a julgar pela sinopse. Um grupo de mercenários, ou seja, combatentes a dinheiro, que agem exclusivamente por cobiça, tem a missão de combater um “ditador” na América Latina. Qualquer coincidência é mera semelhança.
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
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