sexta-feira, 9 de julho de 2010

Dilma provoca Serra e cobra melhores salários para professores e policiais de São Paulo

09/07/2010 - 10:24h

Veja vídeos da passagem da candidata por Bauru; ela fala também sobre salário mínimo e o caso envolvendo o goleiro do Flamengo

FERNANDO ZANELATO Agência Bom Dia – Diário SP

Dilma Rousseff rechaçou a proposta do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, de colocar dois professores na sala de aula como forma de melhorar o aprendizado.

O projeto foi implantado em parte da rede estadual de ensino quando Serra era governador de São Paulo e transformado em promessa de campanha do tucano.

“Eu não acho que seja a soma que vai melhorar a qualidade da educação. Acho que o que vai melhorar é a multiplicação. É a gente olhar o professor, cada um deles, como sendo o grande agente responsável pela qualidade da educação”, afirmou Dilma, durante visita a Bauru no início da tarde desta quinta-feira.

Para ela, é preciso trabalhar para que “todo professor do primeiro ano do ensino básico tenha formação universitária.”

Em uma clara provocação a Serra, ela defendeu ainda “salários decentes para o professor, que valorizem socialmente a profissão.”

O governo de São Paulo tem enfrentado greves constantes do professorado justamente pelos baixos salários.

“Ninguém vai equacionar o problema da educação somando dois e dividindo salário. Eu acho que é melhor pegar um e melhor cada um dos professores desse país. Porque se não você bota um [professor] central e um assessor? É isso?”, perguntou, em tom irônico. Veja vídeo abaixo.

Policiais
Aproveitando o tema, a candidata do PT também cutucou o governo tucano no Estado para cobrar a valorização dos policiais.

Citando o exemplo do plano de carreira aprovado pelo governo federal para delegados da Polícia Federal, Dilma disse que São Paulo não vai melhorar os índices de segurança pública pagando o que paga para um delegado.

“Acho que se não remunerar bem os delegados das polícias Civil e Militar você não terá uma segurança de qualidade. Acho que é possível fazer uma discussão geral quanto a isso [piso nacional]. Seria de todo oportuno se tivesse um patamar mínimo porque não se pode deixar que um Estado rico como esse paga o que paga para um delegado.”

Salário Mínimo
A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff classificou de “política eleitoreira” a proposta da oposição de conceder um reajuste acima da inflação para o salário mínimo.

A proposta original do governo era aumentar o mínimo dos atuais R$ 510 para R$ 535,91, o que seria apenas a reposição da inflação.

Nesta quinta-feira, o Congresso Nacional aprovou a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2011 deixando em aberto o valor do salário mínimo. A decisão deve ficar a cargo do novo presidente.

A proposta do senador Tião Viana (PT-AC), relator do projeto, previa a correção do mínimo com base na variação média do PIB em 2008 e 2009 (2,5%), mais inflação. O cálculo elevaria o salário para R$ 550.

O governo, no entanto, defende que se use a variação do PIB de dois anos antes – que encolheu 0,19% em 2009. Assim, o reajuste seria quase igual à variação da inflação deste ano.

“Acordo é acordo. Acordo é para ser cumprido caso contrário você desequilibra as regras. Eu e o governo do presidente Lula provamos que o salário mínimo pode crescer. Demos um aumento de 70% nominal e 54% real”, defendeu Dilma.

Apesar da própria base do governo ter quebrado o acordo, a ex-ministra mirou na oposição ao atacar quem defende um aumento maior.

“A oposição, que sempre foi contra aumentar o salário mínimo, ficar fazendo política eleitoral pra cima da gente é complicado”, completou a candidata. Veja abaixo o que a candidata falou sobre o assunto.

Caso Bruno
Dilma Rousseff também comentou o caso do suposto assassinato da jovem Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno, do Flamengo, preso na quarta-feira (7) suspeito de ser o mandante do sequestro e, posteriormente, do crime.

“Nós todos repudiamos um crime com essa barbaridade, com essa perversidade, porque ele cria na gente aquela repulsa instintiva que o ser humano tem diante da carnificina. Acho que é fundamental que esse sentimento se converta em providências muito objetivas para que esse crime não fique impune”, afirmou a petista.

Ela usou o episódio para defender uma política severa para crimes contra a mulher e fazer propaganda da lei Maria da Penha, aprovada no governo Lula.

“Repudio porque é um crime contra a mulher. As pessoas têm de perceber que quando houver o primeiro indício de crime contra a mulher que pode ser a violência mais banal, mais doméstica, ela precisa ser coibida porque se não se abre espaço para alguém supôr que fique impune matando uma mulher dessa forma.”

Dilma se esquivou ao ser questionada sobre a redução da idade penal de 18 para 16 anos – no caso de Eliza Samudio há um adolescente de 17 anos envolvido.

“Eu não vou discutir o que está em discussão no Congresso. Eu acho que essa é uma discussão muito séria para ser feita dessa forma e nem usando esse ambiente para que a gente ache que o problema é do menor. O problema não é do menor. Tem gente muito grande, muito adulta que praticou o crime junto”.

Código florestal
Dilma Rousseff, afirmou nesta quinta-feira, em Bauru, ser contra a votação do projeto do novo código florestal antes das eleições.

A polêmica proposta foi aprovada esta semana pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados e está pronta para ir a voto em plenário.

Entre as mudanças estão a anistia de multa para produtores que desmataram até julho de 2008 e a redução das matas que protegem os rios.

O projeto também isenta as pequenas propriedades, de até quatro módulos fiscais, de recuperar a reserva legal (área de vegetação nativa do imóvel). Os produtores, porém, terão de manter a mata que ainda resta.

“Eu acho o pior momento para discutir isso porque o código florestal é uma questão muito complicada e eu sou contra qualquer política que leve ao desmatamento. Acho um momento envolto em paixões e desde o início deixamos isso muito claro que éramos contra a discussão neste momento.”

Vice de Dilma, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que também está em Bauru, adiantou que só colocará em votação a matéria após novembro.

Dilma não quis opinar sobre o texto, mas insinuou ser contra o do relator Aldo Rebelo (PC do B).

“Eu acho que os dois lados têm que ser olhados. A continuidade da área preservada é fundamental para os ambientalistas, mas também é importante para o produtor agrícola. Não dá para incentivar a desmatar nesse país porque o prejuízo é muito grande.”

Veja abaixo o vídeo.

Postado por Luis Favre
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