sábado, 21 de agosto de 2010

E AGORA LULA APOIA SERRA, SEGUNDO O SERRA

sábado, 21 de agosto de 2010

Não ia escrever mais nada até domingo porque estou atrasadérrima com tudo. Hoje (estou escrevendo na sexta, no almoço) dei aula de manhã e tenho outra à tarde, e de madrugada pego o voo pra SP, pra participar do Encontro de Blogueiros. Mas li a notícia que Serra incluiu Lula no seu programa eleitoral, como se o presidente torcesse pelo tucano. What the duck?! O que virá a seguir, FHC apoiando Dilma no programa do PSDB? A que ponto chegamos, hein? Serra finge que seu maior adversário político, Lula, do PT, o apoia. Como é que pode?
Bom, a verdade é que não pode, tanto que o PT vai entrar na justiça (e pelo menos desta vez o partido agiu rápido).
Mas é engraçado ver os reaças tentando justificar esse engodo. Sim, porque é um engodo total, conivente com a campanha do Serra, aquela sem propostas ou programa de governo, que simula não pertencer a partido algum, e que implora para que esqueçamos o passado (mezzo: afinal, temos que lembrar que Serra foi ministro da Saúde, mas sem associá-lo a FHC. É pedir demais).
Os reaças odeiam o Lula. É um ódio visceral mesmo. Qualquer pessoa que viveu os últimos oito anos sabe que Lula é xingado diariamente por gente que o chama de analfabeto, idiota, apedeuta, corruto (aí escrevem corruPTo, pra salientar que corrupção é algo criado pelo PT, assim como escrevem Lula com dois eles, Lulla, pra lembrar o Collor que elesnão nós! — elegemos), pinguço, molusco (que o prof. Hariovaldo brilhantemente adaptou pra O Menino Molusquinho) etc etc. E os 80% que aprovam o governo Lula, eu inclusa, são burros, cegos, comprados e tal. Quer dizer, tudo isso não é novidade pra ninguém. Não é algo que apareceu agora. O que é impressionante é a cara de pau da elite conservadora que odeia o Lula não se considerar traída quando o Serra o coloca no mesmo programa, e faz jingle em que se põe como escolhido pelo Lula, e diz que vai chamar o PT para integrar o governo, e inventa que vai duplicar o Bolsa Família, apesar de seu partido e aliados terem apelidado o programa de Bolsa Esmola e dito, durante oito anos, tratar-se do maior programa de compra de votos do mundo. Então, como justificar que o inimigo número 1 dessa elite, o sapo barbudo, seja enganosamente inserido como cabo eleitoral do Serra? Um jeito é o velho “os fins justificam os meios”. Ou seja: vamos mesmo enganar o povo, confundi-lo, mentindo que Serra é o candidato de Lula (Serra, que não tem apoio nem dos candidatos a governador, senador e deputado pelo seu próprio partido!). A justificativa mais forçada é quando eles dizem que não, Serra não usou Lula em sua propaganda eleitoral, usou apenas a imagem do presidente. E o presidente é do Brasil, não do PT, então pode (e deve?) estar em todas as propagandas eleitorais! Como se Lula não fosse, em primeiro lugar, Lula, o maior adversário do PSDB há cinco eleições? (Ou o PSDB tem algum outro adversário que não seja o PT, e eu perdi alguma coisa?).
Sabe o negócio de perder com dignidade? Lula perdeu três eleições com dignidade. Não se rebaixou, não apelou a golpes baixos. As eleições estão perdidas pro Serra e pro PSDB, mas convem aprender a perder, sem apelar tanto. Isso do Serra usar Lula em sua campanha vai entrar pra história como um enorme ato de desespero. Um ato patético, de quem não sabe mais o que fazer, mais ou menos como Alckmin vestindo camiseta da Petrobrás e do Banco do Brasil em 2006, pra fingir que não iria privatizar outras estatais, caso ganhasse. Uma camiseta, um boné de estatal, serviriam pra apagar oito anos de privatização e de corte de verbas do governo tucano! O povo não caiu nessa, e ainda assim a elite chama o povo de burro!
Enfim, incrível como criticam a Dilma por pegar carona na popularidade do Lula. Mas tem gente de outros partidos, de propostas antagônicas, que adoraria estar nessa garupa.
E ninguém pensa no FHC, tadinho! Pô, como deve estar o ego ferido desse homem! Ele está totalmente à margem da campanha, não aparece de jeito maneira, não é chamado pra dar pitacos, nada. E de repente ele liga a TV e vê que o candidato que ele apontou, do partido que ele fundou, não só tem vergonha do seu legado, como ainda põe o Lula do seu lado! Juro que quase dá um aperto no coração. É um final melancólico para um político... ou dois. E também para um partido que vai levar um bom tempo pra se recuperar desta surra.

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