O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 65, recebeu nesta terça-feira (27) seu sétimo título doutor "honoris causa", da universidade francesa Sciences Po, em Paris, na França. O título foi entregue em homenagem à sua “contribuição para o desenvolvimento econômico e social de seu país”. "É para mim uma grande honra recebê-lo, e ainda maior porque sou o primeiro latino-americano", declarou Lula na cerimônia.
Diante de um auditório lotado, entre estudantes e personalidades políticas, como o ex-primeiro ministro português, José Sócrates, Lula criticou a postura das instituições financeiras dos Estados Unidos e da Europa, “que se esconderam” no começo da crise econômica de 2008 e demoraram para dar uma resposta embora, segundo ele, sempre tenham aconselhado como outras economias deveriam se comportar.
“Quando a dor de dente é do vizinho, a gente tem todos os remédios para oferecer, mas quando são os nossos próprios dentes, esses remédios não servem”.
O líder do Partido dos Trabalhadores afirmou que a atual geração de dirigentes mundiais “passou muito tempo acreditando no mercado e deixou de discutir política”. “Debatam sobre política, porque esta é a saída para a crise”.
O presidente também relembrou as realizações de seus oito anos à frente da presidência do Brasil, e disse que “ainda há muito para ser feito”.
Lula, primeiro latino-americano a receber o título da universidade francesa, disse em seu discurso que durante seu governo buscou tirar da pobreza extrema 28 milhões de pessoas, criou 16 milhões de empregos e fez com que “os pobres passassem a ser tratados como cidadãos” pela primeira vez.
Metalúrgico e líder sindical sem título universitário, que concorreu três vezes à Presidência antes de ser eleito, Lula declarou-se "orgulhoso de ter criado 14 universidades, 126 campi universitários e 214 escolas técnicas". Ele afirmou que a educação “não deve ser considerada um gasto e sim uma forma de investimento”.
"Pertenço a uma geração que acreditou muito que era possível", afirmou Lula antes de confessar que talvez tenha sido por "orgulho de classe" que quis "demonstrar que um metalúrgico sem diploma universitário podia fazer mais do que a elite política do Brasil".
O instituto, conhecido como "Sciences Po", foi fundado em 1871 e premiou apenas 16 personalidades desde então. A homenagem será entregue na capital francesa. Desde que deixou a Presidência da República, Lula já recebeu, de outras instituições, seis vezes o título. Antes de Lula, apenas um ex-presidente havia recebido o mesmo título, no caso, o tcheco Vaclav Havel, em 2009.
Os jovens e a política
Em entrevista a estudantes brasileiros da instituição, o ex-presidente disse que o jovem não pode desanimar da política. “Um jovem não tem direito de desanimar nunca, sobretudo com a política. Qualquer pessoa (pode desanimar), até eu posso desanimar porque já estou mais perto do céu do que da terra. Agora um jovem, quando não estiver acreditando mais em nada, ele tem que entrar na política porque ele pode ser a coisa boa que falta na política de um país”, disse Lula, exemplificando seu ponto de vista com as revoluções capitaneadas por jovens durante a chamada Primavera Árabe.
Para Lula, os jovens devem aproveitar o período de estudos sem alienar-se da política. “O jovem tem que aproveitar esse momento extraordinário em que está estudando para se formar, mas não pode perder de vista que é um ser político. Tem que estar de olho nos seus governantes, prefeitos, presidentes, tem que brigar todo dia para as coisas melhorarem, se não elas não melhoram.”
Lula considerou o título um reconhecimento para o Brasil. “Eu acredito que é muito mais do que uma homenagem pessoal; representa o reconhecimento do esforço que o povo brasileiro fez pra que a gente pudesse construir a democracia que construímos e (alcançar) as conquistas sociais que o Brasil obteve. É uma homenagem a 190 milhões de brasileiros”.
*Com informações da EFE e AFP
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