terça-feira, 27 de setembro de 2011

Lula é ovacionado por estudantes ao receber diploma na França

Portal Terra
LÚCIA MÜZELL
Direto de Paris

Batucada na entrada, cenas de histeria na saída. Foi em um clima de ídolo juvenil que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira, em Paris, o título de doutor honoris causa da Sciences Po, uma das instituições de ensino mais importantes da França. Lula ainda teve o discurso interrompido diversas vezes por aplausos e, ao final da cerimônia, teve direito a uma homenagem com carregado sotaque francês: em português e com a letra nas mãos, os alunos entoaram "vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer", refrão da famosa música "Para dizer que não falei de flores", de Geraldo Vandré.

Esta foi a primeira vez que a Sciences Po entregou um doutorado honoris causa a um latino-americano e o segundo título do gênero recebido pelo ex-presidente por instituições internacionais - o primeiro foi da Universidade de Coimbra, em Portugal. Lula se alongou por 40 minutos para agradecer ao título, em um auditório lotado por 500 pessoas, entre estudantes, jornalistas e acadêmicos destacados da universidade, como o respeitado sociólogo Alain Touraine.

A sala era decorada por bandeiras do Brasil, erguidas pelos jovens que, ao encerramento do evento, gritavam o nome do ex-presidente, se empurravam para se aproximar dele, pediam autógrafos e até choravam ao conseguir uma foto ao lado de Lula. O petista não economizou beijos, abraços e poses junto aos estudantes quando tentava deixar a instituição.

"Embora eu tenha sido o único governante do Brasil que não tem diploma universitário, já sou o presidente que mais fez universidades na história do Brasil", disse, em um discurso recheado não apenas de dados favoráveis ao seu governo, como de brincadeiras que fizeram o público rir em diversas ocasiões. "Eu perdi muito, gente. Se vocês um dia quiserem conversar com um cara que perdeu muito, me procurem. Mas também fui o cara que quando ganhou, soube tirar lições das derrotas para ajudar a mudar a história do meu país."

O ex-sindicalista comentou a atual crise econômica mundial, para a qual vê apenas uma iniciativa política conjunta como solução. "Eu via tanta gente sabida na Europa e nos Estados Unidos, que dava tanto conselho econômico, que quando começou a crise, eu falei: os especialistas lá vão resolver a crise em três dias. Qual não foi a minha surpresa quando eles se esconderam. Ninguém sabia mais nada: o Banco Mundial não sabia mais nada, o FMI não sabia mais nada, a Comissão Europeia também não."

Lula também arrancou aplausos da plateia ao descrever o percurso da atual presidente do Brasil, Dilma Rousseff, durante os anos da ditadura, e terminou de conquistar os últimos fãs franceses ao incitar os jovens a não desistirem da política - a Sciences Po forma a maioria dos governantes franceses. "Vocês ficam idealizando o político ideal. Pois olhem para vocês mesmos: esse político pode ser um de vocês."

O ex-presidente preferiu não conversar com a imprensa após o evento. Ele fica na capital francesa até amanhã, quando deve se encontrar com o primeiro-secretário do Partido Socialista, Harlem Désir. Os líderes do partido estão em plena campanha para as primárias internas, que vão designar o candidato para as eleições presidenciais francesas em 2012, contra o atual presidente, Nicolas Sarkozy. Na segunda-feira, Lula encontrou-se com Sarkozy no palácio do Eliseu, a sede da presidência francesa, a convite do governante.

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2 comentários:

Luciano disse...

Pois é... Lula merece isso e muito mais. Agora, enquanto o mundo ovaciona Lula, um jornal brasileiro(?) destaca um reporter pra reclamar da Sciences Po esse merecido título. Indagaram por que não teria dado ao FHC. Dá pra imaginar o cinismo desse jornal?
Cito o nome da praga: O Globo.

Anônimo disse...

Luciano,
Dê uma lida no post abaixo que rebloguei do Cidadania, do Eduardo Guimarães, com o título "Imprensa brasileira foi à França reclamar de premiação a Lula".
Os "jornalistas" brasileiros não consiguiram nada com as perguntas que formularam e vão voltar com os rabos entre as pernas.
Saraiva