A
Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados deve
apreciar nesta quarta-feira, 7 de dezembro, o parecer da relatora
Jandira Feghali (PCdoB-RJ) sobre o Projeto de Lei Complementar 48/11, de
autoria do deputado Dr. Aluizio (PV-RJ), que trata da Contribuição
Social das Grandes Fortunas.
Um imposto sobre as fortunas está previsto no inciso VII do artigo 153 da Constituição de 1988, nunca regulamentado.
A
relatora pretende transformar o imposto em contribuição, permitindo
assim que o dinheiro arrecadado seja vinculado a um tipo específico de
gasto: o financiamento da saúde pública.
O
imposto incidiria sobre 38.095 contribuintes, aqueles que têm
patrimônio superior a 4 milhões de reais. As alíquotas teriam variação
de 0,40% a 2,1%.
A relatora
Jandira Feghali disse que, ao analisar os dados obtidos junto ao Fisco,
constatou o tremendo grau de concentração de riqueza no Brasil: pelos
cálculos da deputada, a contribuição arrecadaria 10 bilhões de reais
taxando apenas os brasileiros com patrimônio superior a 100 milhões de
reais, ou seja, 997 pessoas.
Considerando os dados de 2009, a contribuição levantaria 14 bilhões de reais.
“Vamos servir a 200 milhões de brasileiros com uma contribuição de fato em quem concentra patrimônio no Brasil”, diz Jandira.
Ela
argumenta que taxar fortunas não é nenhuma novidade. O imposto existe
na França para quem tem patrimônio superior a 600 mil euros, segundo
ela.
Jandira também lembrou do
milionário estadunidense que pediu para ser taxado. Ela se refere ao
investidor Warren Buffett. De fato, nos Estados Unidos, existe até mesmo
um grupo, chamado Patriotic Millionaires,
que lidera uma campanha pela taxação de no mínimo 39,6% para quem tem
renda superior a 1 milhão de dólares anuais. Uma pesquisa do Spectrum
Group, publicada pelo Wall Street Journal, descobriu que 68% dos milionários entrevistados defendem aumento de imposto para os mais ricos.
A CSGF brasileira não trata de renda, mas de patrimônio acumulado.
Se
você tem um Fusca paga 4% do valor em IPVA, mas a posse de um avião
particular, de um helicóptero ou iate não é taxada, argumenta a deputada
comunista.
Jandira diz que,
pelos cálculos do ministro da Saúde Alexandre Padilha, a pasta precisa
de um reforço de orçamento de 45 bilhões de reais por ano para dar conta
das necessidades do setor. A contribuição dos milionários cobriria uma
parte razoável disso.
Fiz duas
provocações à deputada: 1) Os milionários brasileiros têm um poder
político considerável e, como disse Garrincha sobre a tática infalível
do técnico Vicente Feola para derrotar os russos, só falta combinar com o
adversário; 2) O argumento clássico dos conservadores é de que, ao
taxar os mais ricos, eles perdem o incentivo para produzir as riquezas
que, eventualmente, se espalham por toda a sociedade (a famosa economia
do trickle-down, do ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan, segundo a qual as migalhas que caem lá de cima acabam nos alimentando).
Luiz Carlos AzenhaNo Viomundo
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