Do DoLaDoDeLá - 06/12/2011
por André Forastieri
As
cinco mil famílias mais ricas do Brasil possuem um patrimônio
equivalente a 40% do PIB do país. Em números de 2010, equivale a R$ 1,65
TRILHÕES de reais. É uma média de R$ 294 milhões por família.
O
estudo foi realizado em 2004 pelo economista Márcio Pochmann, atual
presidente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), e
atualizado este ano.
É
a base para um novo projeto de taxar grandes fortunas. A proposta é a
da deputada Jandira Feghali, do PC do B do Rio de Janeiro. Foi
encampada como bandeira pela CUT, que já a apresentou à Dilma Rousseff.
O
texto prevê a criação de nove faixas de riqueza em que os
contribuintes ficariam obrigados a pagar esta contribuição. Só paga
quem tiver patrimônio acima de R$ 4 milhões.
Começa
pagando anualmente 0,4% sobre o patrimônio, vai subindo até 2,1% para
fortunas de R$ 150 milhões ou mais. Tem muita gente com tanta grana?
Em 2008, eram 997 contribuintes do Imposto de Renda com patrimônio superior a R$ 100 milhões.
Considerando-se
que quanto mais dinheiro, mais fácil escondê-lo, fica transparente que
muita gente tem dinheiro de sobra no Brasil.
E na velocidade em que estamos criando milionários, a cada dia o bolo aumenta. Está na hora de dividir.
A
questão é: vai tirar esse dinheiro dos ricaços para fazer o quê? Para o
governo distribuir para outros ricaços, amigos dos amigos? É aí que
está o coração do projeto da deputada.
Por
que não seria um novo imposto - que vai para o cofre geral do governo -
e sim uma contribuição, que tem destino específico. A ideia é que toda
a grana arrecadada vá, integralmente, para a Saúde, para o SUS.
Segundo Jandira, a expectativa de arrecadação anual é de quase R$ 14 bilhões.
É
muitíssimo mais justo que a CPMF, que para bancar a saúde tirava
dinheiro igualmente de bilionários e proletários. Quem tem muito que
ajude quem tem pouco. Para mim ainda é pouco.
Porque
segundo a Organização Mundial da Saúde, o gasto público do Brasil com
saúde é de US$ 385 por ano; a média do mundo é US$ 524 por ano (dados
de 2008).
Diferença
grande - está explicada a desgraceira na nossa saúde? Está. Um estudo
da Dieese conclui que para o Brasil chegar à média mundial (que já não é
aquela beleza), teríamos que investir quase R$ 50 bilhões A MAIS por
ano.
Isso
que dá ter população grande. Uma família que tem R$ 294 milhões de
patrimônio pode abrir mão de bem mais que 2,1% disso ao ano. Não é pedir
muito - aliás, não é pedir; nos cabe é exigir.
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