Imaginem
quantos minutos o Jornal Nacional dedicaria ao tema para uma reportagem
apontando que o PT havia vinculado filiações ao Bolsa Família. Ou
imagine quantos discursos o tema renderia ao sempre atento senador
Álvaro Dias, o único veemente opositor que como não tinha que disputar a
reeleição em 2010 conseguiu continuar no Senado. Outros, como Mão
Santa, Heráclito Fortes e Arthur Virgilio, não tiveram a mesma sorte.
Também imagine se isso não seria a pedra de toque dos comentários de
zelosos colunistas da moral pública que atuam em veículos tradicionais.
Mas nada disso vai acontecer. A reportagem-denúncia de ontem no Estadão, já virou pó no noticiário de hoje.
E
olha que a reportagem tem elementos bastante constrangedores, como o de
uma senhora quase cega que cotejada com a pergunta se era filiada ao
PSDB, respondeu: assessora do SBT?
Leia este trecho:
A senhora é filiada ao partido?
Não entendo o que é.
A senhora é filiada ao PSDB?
Auxiliar do SBT?
É militante do PSDB, do partido?
Não sou…
O
nome da senhora consta de uma lista de filiados. A senhora nunca
preencheu documentos para se inscrever em um partido político?
Não,
nunca preenchi nenhum documento. Inclusive tenho deficiência visual.
Sou especial pelo problema meu, não dá para eu ler nada. Perdi a visão
total num olho num acidente e tenho apenas 20% em outro.
Alguém lhe pediu o título de eleitor?
Uma vez me pediram, mas não lembro pra que era.
A senhora está em algum cadastro do governo?
Eu tenho o Bolsa Família. E também recebo o leite para o meu neto.
A
assimetria da mídia na cobertura política quando trata de “mal feitos”
do PSDB e de partidos como o PT, PCdoB, PDT ou PSB é algo que beira o
ridículo. Não dar mole para os partidos de centro-esquerda não é um
problema. A questão é tratar os erros dos partidos de centro-direita com
tanta tolerância.
Renato RovaiNo SpressoSP
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