Portal iG - Diretora
de Gás e Energia da estatal, que é durona e bastante próxima da
presidenta Dilma, será indicada para substituir Gabrielli
Cotada para a presidência da Petrobras, no lugar de José Sérgio
Gabrielli, Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia da
empresa, viu seu nome sob os holofotes da mídia no final de 2010, quando
começou a ser cotada a um cargo de relevância no Planalto para o início
do governo de Dilma Rousseff.
Na ocasião, empresários acreditavam que ela estaria no time da
presidenta brasileira e apontavam semelhanças entre as duas. São duronas
e sérias, diziam. Mas, ao mesmo tempo, também era considerada provável
sucessora de Gabrielli no comando da Petrobras.
Mas 2011 começou e a executiva seguiu como diretora de Energia e Gás da
estatal. Agora, aos 58 anos, Graça - como é conhecida - é apontada como
nova presidenta da Petrobras, cargo que deve assumir a partir de 9 de
fevereiro, quando acontece a reunião do Conselho de Administração da
empresa.
Em comunicado divulgado nesta segunda-feira, a Petrobras informa que o
presidente do conselho, o ministro Guido Mantega, já manifestou que vai
encaminhar como proposta para a reunião a indicação de Graça para
presidir a companhia. "Uma vez o assunto em questão seja aprovado pelo
Conselho, a Companhia dará ampla divulgação do fato," diz a nota.
Graça deve assumir a Petrobras logo em seguida, em um momento em que a
produção de petróleo da companhia está abaixo das metas e, de acordo com
especialistas, só terá aumento significativo em 2013.
Botafoguense, carioca de coração e mineira de nascença, Graça é formada
em Engenharia Química e tem dois filhos e uma neta. Opiniões se dividem
sobre o perfil da engenheira candidata a comandar a empresa que possui
um dos maiores plano de investimentos do mundo.
Alguns colegas apreciam a determinação de Graça. A executiva persegue
metas e visita pessoalmente os projetos que dirige. Segundo uma fonte do
setor petroquímico, Graça sempre deixou a marca de uma pessoa positiva e
engajada por onde passou.
Outros destacam o jeito duro com que trata os funcionários. “Ela é
igualzinha à Dilma. São duas capatazes. Alguns chamam o estilo de
competência, pode até ser. São mulheres executoras, sem dúvida. Mas
falta-lhes visão, projetos”, avalia um interlocutor que trabalhou com
ambas.
Graça teria conhecido Dilma há 11 anos, em uma visita ao Rio Grande do
Sul, para tratar sobre o gasbol. Dilma era secretária de Energia do
Estado. Filiada ao PT, a afinidade com Dilma vai além do perfil
parecido, do temperamento forte. "Elas pensam com a mesma cabeça", opina
uma outra fonte que conhece as duas.
Uma característica de Graça, herança de sua trajetória profissional, é
sua habilidade em lidar tanto com o Estado como com o setor produtivo,
diz um executivo que a conhece há muitos anos. “Por ter trabalhado no
Ministério e em empresas da Petrobras, ela tem uma visão interessante
dos dois dos lados. Sabe conversar com a esfera política."
De janeiro de 2003 a setembro de 2005, Graça foi secretaria de Petróleo e
Gás Natural e Biocombustíveis, cargo que ocupou a convite de Dilma, que
era ministra de Minas e Energia. Fontes que acompanharam sua trajetória
na época contam que as duas se aproximaram durante este período, juntas
em Brasília.
De volta ao Rio em 2005, cidade onde vive com a família, Graça presidiu a
Petroquisa – braço da Petrobras para o segmento de petroquímica – e, em
seguida, a BR Distribuidora. Passou antes pela Transportadora
Brasileira Gasoduto Bolívia – Brasil (TBG), após anos de carreira na
Petrobras, onde ingressou em 1978 como estagiária, quando ainda estudava
engenharia Química pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Depois de formada, fez mestrado em Engenharia Química, pós-graduação em
Engenharia Nuclear pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e MBA em
Economia pela Fundação Getúlio Vargas.
Atualmente, além de diretora de Gás e Energia da Petrobras, ela é
presidente da Gaspetro (Petrobras Gás) e dos conselhos de administração
da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia - Brasil e da
Transportadora Associada de Gás. Também é membro dos conselhos de
administração da Transpetro, da Petrobras Biocombustível, da Braskem e
do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(IBP).
Em defesa do mercado interno de gás natural
Graça assumiu o posto na Petrobras em setembro de 2007, tendo pela
frente o desafio de acalmar os ânimos entre a estatal a Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel). Faltava gás natural para atender a todos
os segmentos do País e as térmicas não recebiam o insumo contratado para
gerar eletricidade.
Atendendo a uma exigência da reguladora, as térmicas passaram a ter mais
prioridade na entrega do combustível sob o comando de Graça. Enquanto
isso, a estatal colocava em prática um plano para aumentar a oferta de
gás, batizado de Plangás. Por causa das enormes descobertas de petróleo
(com gás natural associado) e dos investimentos pesados da Petrobras em
gasodutos, a produção foi aumentando.
Em 2011, o Brasil produziu 68 milhões de metros cúbicos por dia, sendo
pouco mais de 56 milhões metros cúbicos ao dia produzidos pela Petrobras
(volume 6,2% superior ao de 2010).
No ano passado, em entrevista exclusiva ao iG, Graça falou sobre seus
projetos na diretoria de Gás e Energia da empresa e defendeu o estímulo
ao mercado interno de gás natural, em detrimento do fortalecimento das
exportações do insumo.
"Se a gente vier a atuar como exportador será como um exportador
oportunista no mercado spot e a gente precisa ter desenvolvimento
interno no mercado interno mais forte, mais vigoroso, para que a gente
possa absorver o máximo de gás no Brasil e compensar as volatilidades do
mercado. Mas eventualmente é possível que a gente exporte”, afirmou.
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