quinta-feira, 12 de abril de 2012

"Eu existo, Merval"


Brasil247

Ontem à noite, quando assistia à Globonews, o empresário Ernani de Paula, ex-prefeito de Anápolis, quase caiu da cadeira quando ouviu o comentário do jornalista (?) Merval Pereira, que denunciava à editora de política Renata Lo Prete uma possível ficção criada pelo PT para melar o processo do mensalão. Segundo Merval, “inventaram” um certo Ernani de Paula para tumultuar o caso. Através do 247, Ernani mandou um recado ao comentarista da Globo. “Merval, eu existo”, disse ele. “Fui testemunha ocular da história e conheci de perto todos os personagens”.
Ernani, de fato, conhece de perto a realidade de goiana. Foi prefeito de Anápolis, cidade natal de Carlos Cachoeira, e conviveu com o contraventor. Mais: sua ex-mulher, Sandra Melon, foi suplente de Demóstenes Torres na sua primeira eleição para o Senado, em 2002. “Eu o ajudei muito e os votos de Anápolis foram cruciais para ele”, diz Ernani. Em 2004, um ano após a posse de Lula, havia um projeto de poder, que envolvia Demóstenes, o governador Marconi Perillo e o bicheiro Carlos Cachoeira. Demóstenes migraria do DEM para o PMDB e seria Secretário Nacional de Justiça. Assim, Sandra Melon, ex-mulher de Ernani se tornaria senadora. “É por isso que eu sabia de tudo que se passava na política goiana”.
Ernani era uma testemunha tão próxima do que ocorria naquelas bandas que chegou até a figurar na famosa fita em que Waldomiro Diniz, ex-secretário da Casa Civil, é filmado pedindo propina a Carlos Cachoeira. “Antes da conversa filmada com o Waldomiro, o Cachoeira atende um telefonema, meu, e tenta me convencer a trabalhar para o PT. Em seguida, ele desliga, me xinga e diz que eu era pior do que o Waldomiro. Ou seja: ali fica claro que ele tinha a intenção de filmá-lo para comprometê-lo. Isso está na fita, que inclusive a Globo tem. O Cachoeira tinha uma estratégia padrão. Ele atraía as pessoas para o seu big brother, prometia dinheiro e acabava comprometendo um monte de gente.”
A denúncia do mensalão
Com a fita de Waldomiro Diniz, Cachoeira pretendia constranger o governo a fazer do senador Demóstenes secretário Nacional de Justiça. “E a pressão quase surtiu efeito. No início do governo Lula, foi feita sim uma comissão de estudos para legalizar o jogo no Brasil e federalizar o que já era permitido em Goiás”, diz Ernani de Paula. Só que, como o plano não surtiu efeito, Cachoeira partiu para uma segunda denúncia. E foi assim, segundo Ernani de Paula, que nasceu a fita de Maurício Marinho, apadrinhado de Roberto Jefferson, recebendo uma propina de R$ 3 mil nos Correios. Ela foi filmada pelo araponga Jairo Martins, que a repassou à revista Veja. E foi assim que se desencadeou o maior escândalo política da história recente no Brasil. “Isso não quer dizer que o esquema do Marcos Valério não existiu”, diz ele. “O Marcos Valério existe, a Fernanda Karina existe, o Merval existe e eu também existo”, diz Ernani de Paula, que oferece ao articulista da Globonews seu email (ernanidepaula@uol.com.br) e seu telefone (011-89555671).

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