Há, até agora, um silêncio completo dos sites dos grandes jornais sobre a nota emitida ontem, às 19 horas, pelo presidente da Câmara dos Deputados – a terceira posição na hierarquia de poder deste país – sobre o comportamento da revista Veja, que lhe imputa atitudes conspiratórias (?) ao defender a instalação de uma CPI sobre o caso do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
A nota não podia ser mais clara e lúcida, a partir de seu título: “Por que a Veja é contra a CPMI do Cachoeira?”.
Nela, Maia diz o óvio, que toda a grande imprensa nega-se a admitir: que a CPI sairá por agordo quase unânime de todas as forças políticas.
- a decisão de instalação de uma
CPMI, reunindo Senado e Câmara Federal, resultou do entendimento quase
unânime por parte do conjunto de partidos políticos com representação
no Congresso Nacional sobre a necessidade de investigar as denúncias
que se tornaram públicas, envolvendo as relações entre o contraventor
conhecido como Carlinhos Cachoeira com integrantes dos setores público e
privado, entre eles a imprensa;
Qual é o problema, é chamar Cachoeira de contraventor e não de
“empresário do ramo de jogos”, como faz a Veja? Ou é dizer que suas
ligações com a imprensa devam ser também investigadas? A imprensa (ou a Veja, claro) está acima da lei?O presidente da Câmara dá um basta a essa indignidade de dizer que apurar notórias irregularidade seria “cortina de fumaça”:
- não é verdadeira, portanto, a tese
que a referida matéria tenta construir (de forma arrogante e
totalitária) de que esta CPMI seja um ato que vise tão somente
confundir a opinião pública no momento em que o judiciário prepara-se
para julgar as responsabilidades de diversos políticos citados no
processo conhecido como “Mensalão”;
E não tergiversa, como é comum acontecer no mundo da política, nem
entra na conversa fiada de que conhecer a verdade é ameaçar a imprensa.
Ora, isso só seria ameaça se a imprensa mente, não é verdade?
- também não é verdadeira a tese, que
a revista Veja tenta construir (também de forma totalitária), de que
esta CPMI tem como um dos objetivos realizar uma caça a jornalistas que
tenham realizado denúncias contra este ou aquele partido ou pessoa.
Mas posso assegurar que haverá, sim, investigações sobre as graves
denúncias de que o contraventor Carlinhos Cachoeira abastecia
jornalistas e veículos de imprensa com informações obtidas a partir de
um esquema clandestino de arapongagem;
Maia manda o recado: ínvestigar isso é próprio de países civilizados e das democracias. E vai onde dói:
- vale lembrar que, há pouco tempo,
um importante jornal inglês foi obrigado a fechar as portas por
denúncias menos graves do que estas. Isto sem falar na defesa que a
matéria da Veja faz da cartilha fascista de que os fins justificam os
meios ao defender o uso de meios espúrios para alcançar seus objetivos;
O presidente da Câmara porta-se com uma altivez cada vez mais rara de
encontrar-se nos homens públicos e brinda o país com um raríssimo
momento em que se vê um deles indignar-se e reagir contra o abuso
sistemático de uma publicação que se arvora em dona do país:
- afinal, por que a revista Veja é
tão crítica em relação à instalação desta CPMI? Por que a Veja ataca
esta CPMI? Por que a Veja, há duas semanas, não publicou uma linha
sequer sobre as denúncias que envolviam até então somente o senador
Demóstenes Torres, quando todos (destaco “todos”) os demais veículos da
imprensa buscavam desvendar as denúncias? Por que não investigar
possíveis desvios de conduta da imprensa? Vai mal a Veja!;
- o que mais surpreende é o fato de que, em nenhum momento nas
minhas declarações durante a última semana, falei especificamente sobre
a revista, apontei envolvidos, ou mesmo emiti juízo de valor sobre o
que é certo ou errado no comportamento da imprensa ou de qualquer
envolvido no esquema. Ao contrário, apenas afirmei a necessidade de
investigar tudo o que diz respeito às relações criminosas apontadas
pelas Operações Monte Carlo e Vegas; - não é a primeira vez que a revista Veja realiza matérias, aparentemente jornalísticas, mas com cunho opinativo, exagerando nos adjetivos a mim, sem sequer, como manda qualquer manual de jornalismo, ouvir as partes, o que não aconteceu em relação à minha pessoa (confesso que não entendo o porquê), demonstrando o emprego de métodos pouco jornalísticos, o que não colabora com a consolidação da democracia que tanto depende do uso responsável da liberdade de imprensa.
O deputado Marco Maia vai ser jurado de morte por essa organização, como diz ele, autoritária e totalitária. Mas abre, à custa de seu próprio pescoço, uma gigantesca esperança de que a verdade possa surgir e que este país seja, de verdade, libertado das máquinas de poder político que, derrotadas sucessivamente nas eleições, continuam a impingir, pela via da manipulação, a decisão sobre que é ou não é honesto.
E que não se acanha em fazer, sobre as instituições políticas e judiciais, o lobby do terror, do medo, da intimidação.
É escandaloso que o restante da imprensa mantenha este silêncio.
Gostem ou não do que disse Marco Maia isso é notícia e notícia das mais
importantes.
Se esse silêncio orquestrado não é golpismo, o que é?
Do Blog TIJOLAÇO.COM
Nenhum comentário:
Postar um comentário