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Há quem afirme que o julgamento do chamado “mensalão do PT” deve deixar
os holofotes da mídia. Afinal, ele já teria cumprido o seu objetivo de
evitar uma derrota ainda mais acachapante da oposição demotucana nas
eleições de outubro. Não concordo. O julgamento midiático no STF tinha
dois objetivos: um imediato, tático, eleitoral. Outro mais estratégico,
visando desmoralizar as forças de esquerda. Para atingir este segundo
objetivo, o ex-presidente Lula, como principal referência das esquerdas,
precisa ser abatido.
Delação premiada de Valério
Nesta semana, a mídia “privada” já deu mostras que prepara o bote contra
o Lula. Ela não está satisfeita apenas com a condenação e o
“fuzilamento” de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. Hoje o
Estadão estampou em sua capa que o publicitário Marcos Valério prestou
um depoimento ao sinistro procurador-geral da República, Roberto Gurgel,
acusando o ex-presidente e o ex-ministro Antonio Palocci de
envolvimento no esquema do “mensalão”. Ele teria pedido “delação
premiada” para confirmar as suas “denúncias”’.
“Valério informou que tem o que dizer. Em troca de proteção, ele se
dispõe a colaborar. Tomado pelos nomes que levou à mesa, o provedor das
arcas do mensalão é portador de segredos insondáveis. Citou Lula e o
ex-ministro Antonio Palocci, dois nomes que não constam do processo sob
julgamento no STF... Informou que foi ameaçado de morte. E insinuou que
dispõe de informações sobre outro caso: o assassinato do ex-prefeito
petista de Santo André, Celso Daniel, em 2002”, descreve, excitado,
Josias de Souza, da Folha.
PSDB, DEM e PPS exigem "apuração"
Ontem, o mesmo Estadão – que declarou em editorial seu apoio ao tucano
José Serra e, num outro editorial, lamentou a popularidade de Lula ao
eleger Fernando Haddad em São Paulo – publicou entrevista com Clara
Becker, ex-esposa de José Dirceu e mãe do deputado Zeca Dirceu (PT-PR).
Abatida, ela teme pela prisão do ex-marido, garante que “Dirceu não é
ladrão” e afirma que o ex-ministro sempre agiu em defesa do “projeto do
Lula, que mudou o Brasil em 12 anos”. A estranha entrevista é utilizada,
lógico, para incriminar Lula.
Esta nova onda midiática já começa a produzir os seus frutos políticos.
Nesta semana, PSDB, DEM e PPS – que são pautados pela mídia –
solicitaram oficialmente ao procurador-geral da República que o
ex-presidente seja investigado. “É público e notório que, à época dos
fatos, existia uma íntima ligação política e pessoal entre o
representado [Lula] e o ex-ministro José Dirceu”, afirma o documento,
assinado por Alberto Goldman, presidente em exercício do PSDB, Agripino
Maia, do DEM, e Roberto Freire, do PPS.
A oposição demotucana, que encolheu em número de prefeitos e vereadores
nas eleições de outubro, vai partir para a desforra. Ela pede a imediata
abertura de uma nova ação penal, já que o Ministério Público havia
rejeitado outra solicitação com o mesmo intento golpista. Alega que
agora “há novos elementos” que exigem “profunda” investigação, sempre
tendo como base artigos e “reporcagens” da mídia demotucana. Ou seja: as
condenações de Dirceu, Genoino e Delúbio não encerram a guerra. E Dilma
que se cuide! Ela também está na lista.
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