Presidenta Dilma Rousseff discursa durante primeira sessão plenária da XXII Cúpula Ibero-Americana, em Cádiz, na Espanha. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR |
A presidenta Dilma Rousseff afirmou neste sábado (17), em Cádiz, na
Espanha, na primeira sessão plenária da XXII Cúpula Ibero-americana, que
as políticas de austeridade implementadas por alguns países europeus
não são a melhor resposta para enfrentar a crise.
“A crise financeira, que hoje afeta a Europa, golpeia de forma particular a península ibérica (…) Temos assistido, nos últimos anos, aos enormes sacrifícios por parte das populações dos países que estão mergulhados na crise. Reduções de salários, desemprego, perda de benefícios. As políticas exclusivas de austeridade vem mostrando seus limites: em virtude do baixo crescimento, e apesar do austero corte de gastos, assistimos ao crescimento dos deficits fiscais”, disse.
No discurso, a presidenta afirmou que o Brasil vem defendendo,
inclusive no âmbito do G20, que a consolidação fiscal exagerada não é a
melhor resposta para a crise mundial – e pode, inclusive, agravá-la,
causando recessão. Segundo ela, sem crescimento será muito difícil a
consolidação fiscal e os ajustes serão cada vez mais onerosos do ponto
de vista político e social.
“O que temos visto são medidas que, apesar de afastarem o risco de uma quebra financeira, não afastam a desconfiança dos mercados e, mais importante ainda, não afastam a desconfiança das populações. Confiança não se constrói apenas com sacrifícios. É preciso que a estratégia adotada mostre resultados concretos para as pessoas, apresente um horizonte de esperança e não apenas a perspectiva de mais anos de sofrimento”, afirmou.
A presidenta disse aos chefes de Estado e de governo presentes ao
encontro que o panorama internacional de hoje é distinto daquele de
1991, quando as nações ibero-americanas se reuniram pela primeira vez,
em Guadalajara, no México. Dilma lembrou que naquele período a América
Latina ainda vivia as consequências da Crise da Dívida e, ao implementar
políticas recomendadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), não
conseguia crescer.
“Levamos assim duas décadas de ajuste fiscal rigoroso tentando digerir a crise da dívida soberana e bancária e, por isso, neste período, o Brasil estagnou, deixou de crescer e tornou-se um exemplo de desigualdade social. Nossos esforços só resultaram em solução quando voltamos a crescer (…) Hoje, não só o Brasil, mas toda a América Latina, dá demonstrações de dinamismo econômico, de vigor democrático, de maior equanimidade social, graças às políticas que privilegiaram o crescimento econômico com inclusão social”.
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