DAVIS SENA FILHO
Policiais militares, à paisana e de folga, são mortos em emboscadas, muitos deles desarmados. Episódios vergonhosos, que deixam o governo tucano do senhor Geraldo Alckmin em uma situação de calamidade pública
O banho é de sangue. É São Paulo. Capital e Estado. São 1.716 homicídios
de janeiro a setembro, sendo que 86 das pessoas mortas são policiais.
No último fim de semana (27/28), 42 cidadãos foram assassinados na
grande São Paulo. Na madrugada de hoje (30), dez pessoas foram baleadas,
sete morreram e três ficaram feridas. Policiais militares, à paisana e
de folga, são mortos em emboscadas, muitos deles desarmados. Episódios
vergonhosos, que deixam o governo tucano do senhor Geraldo Alckmin em
uma situação de calamidade pública, pois que a violência quando atinge
patamares dessa envergadura se torna uma epidemia, a pior das doenças e
das enfermidades, que dobram os joelhos da sociedade paulista e
paulistana, vítima de um governo tucano de mentalidade neoliberal, em
que o ente humano não é a prioridade, mas, sim, prioritários são os
interesses do mercado de capitais e das classes sociais dominantes.
É o jeito de governar dos neoliberais, que transformaram São Paulo em “seu” reduto para exercerem e efetivarem o típico modus operandi tucano
de governar, totalmente divorciado dos interesses e desejos da
população, que luta para ter acesso a uma vida de melhor qualidade. São
os tucanos a continuar sua política de “enxugamento” do estado, do
controle exacerbado e distorcido do orçamento (consideram investimentos
como gastos), a diminuir as ações públicas de cunho social, a privatizar
o patrimônio público e a terceirizar serviços que são da competência do
estado. É a falta proposital de investimento em educação, saúde e
segurança pública, cujos profissionais de cada área estão estupefatos,
de queixo caído por saberem, no fundo, que o povo paulista está
abandonado, e há muito tempo.
São os políticos e administradores tucanos, que, em âmbito nacional,
venderam o Brasil e o afundaram como ocorreu, na Bacia de Campos, com a
maior plataforma do mundo de prospecção de petróleo — a P-36 —, que,
simbolicamente, iguala tal incompetência e desleixo com a coisa pública
ao apagão energético de oito meses consecutivos, bem como à ida do
Brasil ao FMI a pedir esmolas de joelhos e com o pires na mão, porque o
ex-presidente FHC — o Neoliberal — quebrou o País três vezes e por isto
teve de se submeter aos ditames da pirataria internacional para pagar os
juros dos empréstimos, sem, no entanto, investir no povo brasileiro,
que ficou à deriva, porque parte significativa da população brasileira
ficou desempregada, sem acesso a empréstimos, à educação técnica e
universitária, bem como não teve facilidade para consumir, por não ter
poder de compra naquele período, além de sofrer com os juros
escorchantes cobrados àqueles que, porventura, ousassem pedir empréstimo
para comprar uma casa ou reformá-la ou construí-la. Simplesmente, o
povo brasileiro não tinha acesso ao crédito fácil, por intermédio de
bancos de fomento da grandeza da Caixa Econômica, do Banco do Brasil ou
do BNDES, banco estatal que atualmente empresta mais dinheiro que o
Banco Mundial — o Bird.
Era a época do neoliberalismo. A época do fracasso retumbante para as
sociedades em termos globais. O capitalismo selvagem, desregulamentado,
falsamente competitivo e efetivado pelo Consenso de Washington, em 1989,
para favorecer o neocolonialismo financeiro, pois que o mundo
neoliberal e globalizado, por intermédio da informática e de outras
ferramentas midiáticas, preencheu o espaço do colonialismo de ocupação
de territórios por parte de tropas armadas regulares pertencentes aos
países considerados desenvolvidos. No Brasil, o PSDB e o DEM, que é o
pior partido do mundo e filhote quase extinto da UDN lacerdista e da
Arena da ditadura militar, implementaram, juntamente com os banqueiros e
as bolsas, o neoliberalismo e para isso resolveram diminuir o tamanho
do estado, apesar de a população do País estar próxima dos 200 milhões
de pessoas, sendo que grande parte dessas pessoas são pobres e por isto
necessitam de um estado fortalecido e ativo, que financie o
desenvolvimento social e propicie oportunidades de estudo e de emprego a
todos os brasileiros.
Realmente, os neoliberais, os chicago boys do FHC se esmeraram e por
isto e por causa disto saíram do poder com índices negativos de
popularidade, além de o Brasil ficar praticamente sem reservas
internacionais e sem moral perante os governantes dos países ricos e os
representantes dos banqueiros encastelados no FMI, no Bird e na OMC. Era
o Brasil governado por uma elite de mentalidade colonizada, com um
imenso e imponderável complexo de vira-lata, que nunca percebeu e até
hoje não percebe que o Brasil é um País poderoso, com um território
gigantesco, onde vive um povo que compõe uma Nação multirracial,
multicultural e extremamente talentosa, no que concerne a trabalhar e
estudar em qualquer área ou setor de atividade humana, como tem
comprovado no decorrer desta década cujos governos trabalhistas
efetivaram programas e projetos os quais valorizam a sociedade
brasileira, por intermédio de programas sociais da envergadura e da
importância do Enem, das cotas, do ProUni, do Bolsa Família, das Upas,
do Saúde da Família, do Minha Casa, Minha Vida, do Luz para Todos e de
obras de infraestrutura, a exemplo da transposição do Rio São Francisco,
da construção de hidrelétricas, como a de Belo Monte, da melhoria,
ampliação e construção de portos, aeroportos e rodovias, bem como a
construção de refinarias, que tem o propósito de atender, em futuro
próximo ou não muito longe, às demandas do pré sal, sem esquecer de
lembrar sobre o apoio ao agronegócio e à agricultura familiar e da
valorização do mercado interno, responsável maior pelo Brasil
praticamente não sentir a crise internacional dos países ricos, que se
envenenaram com seu próprio veneno — o neoliberalismo.
Tudo isto o que relato foi o que os tucanos e os udenistas do DEM quando
estiveram a ocupar o Palácio do Planalto não fizeram e continuam a não
fazer como acontece em São Paulo, espécie de bastião do violento e
antissocial neoliberalismo no Brasil. Minha intenção é mostrar e dizer
que a violência assassina de São Paulo é o reflexo da forma que os
tucanos governam. O neoliberalismo foi derrotado, porque era um gigante
com pés de barro e alicerçado em papéis podres do setor financeiro e
imobiliário. Quando governantes não investem em seu país, estado ou
cidade é sinal de que não acreditam ou desprezam seu próprio povo.
Evidentemente, mais cedo ou mais tarde, a violência vem à tona. É o que
acontece em São Paulo há duas décadas.
O patrimônio do estado bandeirante foi alienado e é visível nas ruas das
cidades paulistas a falta de investimento e a ausência do poder público
junto à população, principalmente a mais carente. José Serra, Geraldo
Alckmin e Gilberto Kassab e principalmente o FHC — o Neoliberal — por
ter sido presidente da República são os responsáveis diretos pela
decadência econômica de São Paulo, que, inclusive, teve diminuída sua
participação no PIB nacional. Diminuiu porque, entre outros fatores, os
governos de Lula e de Dilma combateram as desigualdades regionais e
investiram, de forma republicana, em todas as regiões, o que favoreceu
também a diminuição do trânsito migratório no País, responsável pela
explosão demográfica no Sudeste, que, entre outras questões sociais,
ocasionou o número crescente de favelas e de condições de vida indignas
para milhões de cidadãos brasileiros.
A violência em São Paulo não é endêmica, pois acontece em outros lugares
do Brasil. Contudo, é uma epidemia, que tem cura, porque pode ser
combatida, como aconteceu impressionantemente e verdadeiramente no Rio
de Janeiro, estado cujos membros da segurança pública estão a ensinar e a
dar cursos em todo o Brasil e até no exterior, por causa dos bons
resultados no que é relativo ao combate à violência e a todos os tipos
de crimes, por meio da inteligência, da prevenção e da repressão quando
necessária, bem como da retomada de territórios dominados por
traficantes. Tudo isto aconteceu recentemente e ainda acontece. Porém,
os territórios ocupados por forças policiais e militares fluminenses
recebem atenção social da Prefeitura e dos governos do Estado e Federal.
Ocupação e o apoio de serviços sociais, de forma que a população até
então oprimida percebe que as coisas mudaram e que a cidadania é algo
inegociável e que é intrínseca ao estado democrático de direito. Esses
fatores, definitivamente, não acontecem em São Paulo, porque governantes
conservadores, de direita e tucanos tem outra visão de mundo, a visão
de uma sociedade VIP, patrimonialista, de perfil classista e
separatista, onde poucos privilegiados pelo poder econômico e financeiro
determinam e definem o futuro da maioria a seu bel-prazer, porque
controlam o estado, que serve apenas aos interesses dessa camada
elitista.
O governo de São Paulo, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo
se recusam a implantar as Unidades de Polícia Pacificadora. O orgulho, a
arrogância e a prepotência da direita paulista a leva a proceder dessa
maneira, ou seja, sem raciocinar. Alckmin e seus secretários e
assessores consideram a UPP um projeto do Governo Federal e do Rio de
Janeiro, aliado de Brasília. Por isto, a negativa, a insensatez e a
desfaçatez. “Dane-se!” — gritam os tucanos de ego separatista e
porta-vozes dos herdeiros das fazendas de café e de gado. Só que as UPPs
do Rio de Janeiro têm o papel fundamental de mostrar a quem quer violar
as leis que o estado está presente e, o mais importante, de forma
ostensiva. Obviamente que o caminho a trilhar é longo, mas é o começo de
um Rio melhor, justo, seguro e democrático para todos os cidadãos. São
Paulo perde quando tergiversa sobre a realidade da violência em suas
cidades e as autoridades governamentais paulistas tentam manipular e
escamotear a verdade dos fatos, as ocorrências dolorosas e que contêm um
significado de que as coisas no estado e na cidade bandeirantes vão de
mal a pior.
O candidato vitorioso do PT, o trabalhista Fernando Haddad, venceu as
eleições para a Prefeitura de São Paulo. Derrotou o ministro do
Planejamento do FHC que vendeu o Brasil na década de 1990, o tucano
neoliberal José Serra. O povo de São Paulo sinalizou que não quer mais a
forma, o jeito de administrar do PSDB, pois alienada em relação às
necessidades do ser humano e divorciada das questões sociais. Não
adianta a Globo amenizar a violência paulista em seus jornais, a
publicar e veicular, sistematicamente, fatos ocorridos no Rio de Janeiro
sempre após as matérias sobre a violência em São Paulo. Não cola.
Ninguém é bobo. Também não adianta evitar falar no PCC. Ele existe. O
chefe da maior facção criminosa do País, Marcos Camacho, o Marcola, está
preso em Presidente Bernardes em regime disciplinar diferenciado, e,
portanto, vivo. O que está a acontecer é semelhante a 2006 quando
agentes públicos de segurança foram mortos às dezenas, bem como mais de
500 pessoas morreram em cerca de três meses. São Paulo precisa, a meu
ver, de quatro coisas: investir pesadamente em políticas públicas
sociais, abandonar para sempre o modelo neoliberal que fracassou em todo
o planeta, reconhecer que a política de segurança tem de mudar, e ser,
evidentemente, menos reaça, porque não estamos em 1932. É isso aí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário