A economia da zona do euro registrou estagnação no segundo trimestre do ano, pressionada pela contração na Alemanha e pela falta de crescimento na França. O resultado divulgado pela agência de estatísticas Eurostat nesta quinta-feira foi um alarme para políticos e autoridades econômicas da região de 18 países, que já se prepara para o impacto de sanções retaliatórias contra a Rússia devido à Ucrânia.
A economia alemã, a maior da Europa, se contraiu 0,2% na comparação trimestral, resultado pior do que a projeção do banco central, de estagnação, com o comércio exterior e os investimentos sendo notavelmente os pontos fracos, segundo a Agência de Estatísticas da Alemanha.
– Os números de hoje mostram que a retomada continua fraca demais para lidar com os choques externos, o que significa que o crescimento do PIB provavelmente continuará empacado num modo stop-and-go – disse o economista-chefe do ING Peter Vanden Houte.
A França ainda teve desempenho um pouco melhor, uma vez que seu Produto Interno Bruto estagnou pelo segundo trimestre seguido. Isso forçou o governo francês a confrontar a realidade, afirmando que não cumprirá a meta de déficit orçamentário neste ano e reduzindo pela metade a projeção de 1% de crescimento para 2014.
A Itália, terceira maior economia da zona do euro, votou a entrar em recessão pela terceira vez desde 2008, encolhendo 0,2% no segundo trimestre. A Comissão Europeia afirmou que o relatório desta quinta-feira sobre o PIB mostra a importância de reformas estruturais. “O ajuste em andamento na zona do euro hoje é uma história de profunda mudança estrutural”, disse a jornalistas um porta-voz da Comissão Europeia. “Acontecimentos externos podem elevar as incertezas, mas as fundações continuam intactas.”
O ministro da Economia alemão, Sigmar Gabriel, atribuiu a desaceleração de seu país a ameaças do leste europeu e do Oriente Médio, além da zona do euro mais fraca. Além disso, ele afirmou que o ritmo no setor de construções continuou durante o inverno ameno, de modo que o segundo trimestre não viu a retomada usual no setor. Mas o PIB alemão deve crescer no restante de 2014, disse Gabriel.
“As taxas de crescimento na Alemanha vão provavelmente retornar a expansão no resto deste ano, mas os riscos do exterior, sem dúvida, aumentaram”, disse ele em comunicado.
Pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters junto a economistas realizadas na última semana deu uma chance de apenas 15% de o Banco Central Europeu começar a imprimir dinheiro neste ano, uma vez que sua recente medida de munir bancos com mais dinheiro barato não entra em vigor até setembro.
A pesquisa coloca as chances de o BCE adotar um programa de quantitative easing em uma em três em 2015. A preocupação para a zona do euro é de que as sanções impostas à Rússia devido à crise da Ucrânia, e a retaliação de Moscou, pese ainda mais sobre o crescimento.
Pesquisas sugerem que uma recuperação no terceiro trimestre é cada vez menos provável. O índice de confiança econômica ZEW divulgado na quarta-feira, por exemplo, mostra que a confiança de analistas e investidores alemães caiu em agosto para o nível mais baixo em mais de um ano e meio.
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