Ou Aécio perdeu o juízo ou então se presume intocável e impune com as
declarações que fez dizendo que perdeu as eleições para uma 'organização
criminosa'.
“Na verdade, Roberto, eu não perdi a eleição para um partido
político. Eu perdi a eleição para uma organização criminosa que se
instalou no seio de algumas empresas brasileiras e patrocinada por esse
grupo político que aí está”. (Programa Conexão Roberto D´Ávila, Globo News, 30/11/2014.)
Jeferson Miola
A
obsessão histérica de certos integrantes do judiciário, da oposição e
da mídia com o “risco bolivariano” [sic] atende ao objetivo de
“venezuelizar” a maneira de fazer oposição ao governo. É um simulacro da
direita para legitimar a torpeza do padrão político e de oposição
selvagem ao governo Dilma.
Com grande cinismo, usam uma lente e uma linguagem delirante para atribuir ao governo Dilma supostas características “bolivarianas” que, em contrapartida, justificariam a adoção de comportamento idêntico ao da direita fascista da Venezuela.
Ritos ordinários fixados na Constituição Brasileira, como a nomeação de Ministros para o STF, são denunciados como provas do tal “risco bolivariano”. O que dizer, então, da proposta de participação da sociedade civil que está concebida na Constituição e Leis do país!?
A cultura política venezuelana não tem identidade com a do Brasil. O processo político venezuelano tem sua singularidade e uma dinâmica própria. Aquela é uma realidade complexa, onde tanto governo como oposição têm problemas sérios e cometem erros importantes.
Goste-se ou não do processo em andamento na Venezuela, é essencial se reconhecer que ele é legitimado por uma ordem constitucional fundada nos princípios da democracia representativa e participativa, inclusive com previsão para interromper mandatos através de referendos e plebiscitos. Apesar disso, a oposição conservadora venezuelana, inconformada com as sucessivas derrotas eleitorais, parte para a sabotagem das regras constitucionais, promove enfrentamentos, violência e caos para incendiar o país.
Henrique Capriles Radonski, governador do Estado de Miranda, é uma das principais expressões dessa direita, cuja delinquência política só é eclipsada pelo “cachorro louco” Leopoldo López, seu antigo parceiro de aventuras golpistas que optou por uma tática insurrecional para derrubar o governo do Presidente Nicolás Maduro.
No Wikipédia, Capriles está assim apresentado: “Apesar da origem judaica, é católico praticante, tendo até integrado a seção venezuelana da organização católica Tradição, Família e Propriedade na década de 1980. Começou sua carreira na política pelo partido de direita Copei. Em 2000, ao lado do conservador Leopoldo López, fundou o partido Primera Justicia. Ainda em 2000, Capriles aproximou-se do International Republican Institute (IRI), organização vinculada ao Partido Republicano dos Estados Unidos. Desde então, passou a ser conhecido como um dos principais opositores do governo venezuelano. Em 2002, participou ativamente do golpe de Estado contra o Presidente Hugo Chávez. No pleito presidencial de 7 de outubro de 2012, Capriles saiu derrotado por Hugo Chávez, por mais de 10% dos votos”.
Em 14 de abril de 2013, na eleição convocada devido à morte de Hugo Chávez, Nicolás Maduro foi eleito com 50,66% dos votos contra 49,07% de Capriles. Inconformado com a derrota, Capriles tentou, sem êxito, lançar uma campanha internacional contra a democracia venezuelana, e deu início à escalada de violência política, sabotagem econômica e desestabilização do governo que marca a sociedade venezuelana ainda nos dias de hoje.
No Brasil, a inconformidade da direita com a derrota eleitoral foi idêntica. O PSDB inventou um pedido de auditoria no TSE para lançar suspeição sobre o resultado eleitoral.
Lamentavelmente, na sua ação política, a direita brasileira adota os mesmos critérios da direita fascista e antidemocrática venezuelana. Com a reeleição da Dilma, o PSDB e partidos satélites [DEM, SDD, PPS], certos setores do Judiciário, o capital financeiro e a mídia oposicionista passaram à truculência sem limites.
Assumem, dessa forma, as consequências de uma radicalização que poderá dominar a sociedade, porque a maioria democrática do país certamente não silenciará ante as ameaças golpistas.
Aécio, como seus gestos e discursos demonstram, vestiu o figurino de Capriles da sociedade brasileira, e inaugurou um perigoso padrão de disputa. Esse padrão tem encorajado manifestações tresloucadas de impeachment, assim como movimentos que afrontam a Constituição e as Leis ao apregoar golpe militar – acompanhados com o surpreendente silêncio do Ministério Público e do Poder Judiciário.
Ou Aécio perdeu o juízo ou então se presume intocável e impune com as declarações que faz. Afirmar que perdeu a eleição “para uma organização criminosa que se instalou no seio de algumas empresas brasileiras e patrocinada por esse grupo político que aí está”, é uma acusação da maior gravidade que merece ser apurada com o máximo rigor.
Se espera que o PT e o governo interpelem judicialmente Aécio, para que ele tenha a oportunidade de comprovar essa grave acusação.
Ao invés de se converter nessa sucursal bastarda da direita venezuelana, Aécio poderia se civilizar lendo o artigo “Nunca se roubou tão pouco”, do empresário e peessedebista Ricardo Semler na FSP.
Lendo este insuspeito autor, Aécio e a direita poderiam finalmente aprender que uma oposição digna e democrática no Brasil não só é necessária, como é possível.
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Jeferson Miola
Com grande cinismo, usam uma lente e uma linguagem delirante para atribuir ao governo Dilma supostas características “bolivarianas” que, em contrapartida, justificariam a adoção de comportamento idêntico ao da direita fascista da Venezuela.
Ritos ordinários fixados na Constituição Brasileira, como a nomeação de Ministros para o STF, são denunciados como provas do tal “risco bolivariano”. O que dizer, então, da proposta de participação da sociedade civil que está concebida na Constituição e Leis do país!?
A cultura política venezuelana não tem identidade com a do Brasil. O processo político venezuelano tem sua singularidade e uma dinâmica própria. Aquela é uma realidade complexa, onde tanto governo como oposição têm problemas sérios e cometem erros importantes.
Goste-se ou não do processo em andamento na Venezuela, é essencial se reconhecer que ele é legitimado por uma ordem constitucional fundada nos princípios da democracia representativa e participativa, inclusive com previsão para interromper mandatos através de referendos e plebiscitos. Apesar disso, a oposição conservadora venezuelana, inconformada com as sucessivas derrotas eleitorais, parte para a sabotagem das regras constitucionais, promove enfrentamentos, violência e caos para incendiar o país.
Henrique Capriles Radonski, governador do Estado de Miranda, é uma das principais expressões dessa direita, cuja delinquência política só é eclipsada pelo “cachorro louco” Leopoldo López, seu antigo parceiro de aventuras golpistas que optou por uma tática insurrecional para derrubar o governo do Presidente Nicolás Maduro.
No Wikipédia, Capriles está assim apresentado: “Apesar da origem judaica, é católico praticante, tendo até integrado a seção venezuelana da organização católica Tradição, Família e Propriedade na década de 1980. Começou sua carreira na política pelo partido de direita Copei. Em 2000, ao lado do conservador Leopoldo López, fundou o partido Primera Justicia. Ainda em 2000, Capriles aproximou-se do International Republican Institute (IRI), organização vinculada ao Partido Republicano dos Estados Unidos. Desde então, passou a ser conhecido como um dos principais opositores do governo venezuelano. Em 2002, participou ativamente do golpe de Estado contra o Presidente Hugo Chávez. No pleito presidencial de 7 de outubro de 2012, Capriles saiu derrotado por Hugo Chávez, por mais de 10% dos votos”.
Em 14 de abril de 2013, na eleição convocada devido à morte de Hugo Chávez, Nicolás Maduro foi eleito com 50,66% dos votos contra 49,07% de Capriles. Inconformado com a derrota, Capriles tentou, sem êxito, lançar uma campanha internacional contra a democracia venezuelana, e deu início à escalada de violência política, sabotagem econômica e desestabilização do governo que marca a sociedade venezuelana ainda nos dias de hoje.
No Brasil, a inconformidade da direita com a derrota eleitoral foi idêntica. O PSDB inventou um pedido de auditoria no TSE para lançar suspeição sobre o resultado eleitoral.
Lamentavelmente, na sua ação política, a direita brasileira adota os mesmos critérios da direita fascista e antidemocrática venezuelana. Com a reeleição da Dilma, o PSDB e partidos satélites [DEM, SDD, PPS], certos setores do Judiciário, o capital financeiro e a mídia oposicionista passaram à truculência sem limites.
Assumem, dessa forma, as consequências de uma radicalização que poderá dominar a sociedade, porque a maioria democrática do país certamente não silenciará ante as ameaças golpistas.
Aécio, como seus gestos e discursos demonstram, vestiu o figurino de Capriles da sociedade brasileira, e inaugurou um perigoso padrão de disputa. Esse padrão tem encorajado manifestações tresloucadas de impeachment, assim como movimentos que afrontam a Constituição e as Leis ao apregoar golpe militar – acompanhados com o surpreendente silêncio do Ministério Público e do Poder Judiciário.
Ou Aécio perdeu o juízo ou então se presume intocável e impune com as declarações que faz. Afirmar que perdeu a eleição “para uma organização criminosa que se instalou no seio de algumas empresas brasileiras e patrocinada por esse grupo político que aí está”, é uma acusação da maior gravidade que merece ser apurada com o máximo rigor.
Se espera que o PT e o governo interpelem judicialmente Aécio, para que ele tenha a oportunidade de comprovar essa grave acusação.
Ao invés de se converter nessa sucursal bastarda da direita venezuelana, Aécio poderia se civilizar lendo o artigo “Nunca se roubou tão pouco”, do empresário e peessedebista Ricardo Semler na FSP.
Lendo este insuspeito autor, Aécio e a direita poderiam finalmente aprender que uma oposição digna e democrática no Brasil não só é necessária, como é possível.
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