Pedem-me que analise a reunião dos barões da mídia que teve lugar na segunda-feira no Hotel Golden Tulip Paulista Plaza, em São Paulo, autodenominada “1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão”, organizado pelo Instituto Millenium, mais uma dessas associações dos grandes magnatas da comunicação que se soma à Abert, ANJ etc. Na verdade, em vez dos próprios barões quem debateu foram seus bobos da corte, que de bobos não têm nada. Nomes como Demétrio Magnoli, Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Denis Rosenfield, Carlos Alberto Di Franco foram assistir, de boca aberta, ao sermão de Roberto Civita. Depois se acotovelaram para mostrar serviço ao dono da Editora Abril, que “palestrou”, e aos seus pares, os quais, de longe, fiscalizavam cada palavra de seus prepostos. Segundo o impagável relato da jornalista Bia Barbosa sobre o evento, publicado pela Agência Carta Maior e largamente reproduzido na Blogosfera, o que houve ali foi uma reunião de partidários políticos – ou dos prepostos de confiança (?) deles, que chegaram a afirmar, com todas as letras, que estavam ali para se organizar pela eleição de José Serra. A questão que me vêm desse evento, no entanto, é a seguinte: por que aquela gente se reuniu publicamente? Campanha política ou unificação de discurso para a campanha eleitoral? Campanha política não pode ser e unificação do discurso, muito menos. Essa gente dificilmente faz eventos públicos. Eles se reúnem é em suas marinas em Angra à beira da piscina ou em iates em alto-mar, em convescotes regados a tudo de bom e de ruim que o dinheiro pode comprar. Para conspirar, não precisariam se reunir à vista de todos. A chave do enigma está nas presenças ao evento do mais tucano dos petistas, o ex-ministro Antonio Palocci, e do ministro das Comunicações, Helio Costa, o qual tem, a seu favor, o fato de que transita da Confecom ao encontro dos prepostos dos Barões da mídia. Reinaldo Azevedo chamou Palocci de “garantidor”. De quê? Segundo o blogueiro da Veja, de que, se Dilma Rousseff se eleger, não haverá “censura” aos jornais, revistas, tevês, rádios e portais de internet dos seus patrões multimilionários. E os representantes do PT e do governo Lula parecem ter levado a sério as preocupações do baronato midiático, pois foram até lá. Palocci e Costa foram ao evento do PIG “garantir” que “não haverá qualquer controle social dos meios de comunicação”, o que denota uma visão do governo Lula de que a radicalização política de Globos, Folhas, Vejas e Estadões pode ser muito maior do que já é. Desta maneira, achou-se por bem fazer-lhes o afago de enviar os dois emissários. Mas por que se armou aquele circo publico em vez de se fazer uma reunião objetiva no Palácio do Planalto, por exemplo? Uma das poucas coisas menos óbvias que se pode dizer sobre o fato em tela é que ele mostra que o governo Lula discorda veementemente de quem diz que a grande mídia se tornou politicamente impotente. A classe política leva o PIG muito a sério e evita confrontá-lo ou mesmo contrariá-lo um pouco mais. O fato me parece ser o de que os barões da mídia realmente acham que um governo Dilma pode atacá-los. Só que não por meio de censura, que isso é conversa mole, mas usando o tal “controle social” para lhes negar verbas públicas. Vendo a candidata de Lula despontar como favorita a sucedê-lo, quiseram ser acalmados. A meu ver, foi só isso. Escrito por Eduardo Guimarães às 20h05 Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog) |
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