O instituto Datafolha tomou uma excelente decisão: vai a campo sondar as intenções de voto do eleitorado para presidente da República. Desta maneira, três dos quatro maiores institutos de pesquisa de opinião do país fornecerão maiores subsídios para que a Polícia Federal possa melhor investigar o objeto da representação do Movimento dos Sem Mídia à Procuradoria Geral Eleitoral pedindo investigação desses institutos por conta das flagrantes divergências entre os números deles, as quais geraram denúncias da Folha de São Paulo contra os institutos concorrentes do seu, encampadas por vários outros jornais, revistas, sites e blogs, e da mídia dita alternativa contra o instituto do jornal paulista.
Essa medida foi repercutida no blog do jornalista Luis Nassif por um seu leitor e a manifestação deste foi transformada em post pelo blogueiro, post esse que reproduzo abaixo. Em seguida, continuo comentando.
Por H. C. Paes
Bom, o Datafolha comprou a briga e acaba de aviar pesquisa junto ao TSE.
Protocolo 12044/2010.
As entrevistas serão feitas quinta e sexta, e a divulgação está autorizada a partir de sábado. Pode ser coincidência, mas me parece uma reação às enquetes dos outros dois institutos, já que foi aviada esta segunda-feira.
É um belo questionário, interessante, com perguntas sobre posicionamento à esquerda e à direita do eleitor e do candidato, e sobre quem estaria mais preparado para lidar com tais e tais problemas, ou é mais simpático, etc.. Também afere o alcance das inserções partidárias (quantos eleitores as assistiram, qual foi a impressão que tiveram delas, etc.).
Nada que ative a rede neural.
Para relembrar, Dilma tinha 28 pontos na última Datafolha e Serra, 38. Para ficar mais próximo dos outros dois institutos – digamos, ambos empatados em 35, a petista teria de subir sete pontos e o tucano, cair três, no espaço de um mês. Não é difícil, ou seja, se aquela pesquisa foi manipulada, será fácil cobrir os rastros.
É curioso que, se a fonte da suposta manipulação tiver sido mesmo um peso maior dado ao Sul, será difícil usar essa desculpa novamente, pois a Vox confirmou que Serra tem mesmo vantagem ampla naquela região, mas que é mais do que anulada por igual vantagem de Dilma no Nordeste. Seria necessário dar um jeito de atenuar o voto dos nordestinos ou acentuar a vantagem de Serra no Sudeste, ou uma combinação sutil das duas coisas.
Reparem que estou trabalhando com a hipótese de a manipulação ter sido do Datafolha, pois acho menos provável que Vox e Sensus tenham manipulado em sentido contrário, ao mesmo tempo, a não ser que se considere a possibilidade de uma conspiração.
O engraçado é que, se o Datafolha sustentar uma vantagem considerável para Serra, o fiel da balança será o IBOPE, que no passado, já confirmou e já contradisse o Datafolha em ocasiões diferentes, em março e em abril. Se o instituto de Montenegro concordar com o Datafolha, o placar fica dois a dois e cada um acreditará no instituto que quiser; se concordar com Vox e Sensus, o placar de três a um vai pegar mal para Mauro Paulino.
Lembrando, claro, que o MPE deu provimento à representação do MSM – mesmo que eu tenha ressalvas quanto à necessidade dessa medida – e a PF ficará bafejando no cangote dos institutos daqui para a frente.
Vamos ver. Minha aposta é que o Datafolha confirmará o empate técnico dos dois candidatos, mas com ligeira vantagem numérica para Serra.
Antes de mais nada, quero fazer um apelo ao caro H. C. Paes, que também é leitor deste blog, o qual já fiz em comentário no blog do Nassif: como o leitor alude a “ressalvas” que tem quanto à necessidade da representação do MSM, deveria explicitar que ressalvas são essas, pois mais de dois mil cidadãos brasileiros dos quatro cantos do país e até do exterior (incluindo América do Sul, do Norte, Europa e Ásia), de todas as classes sociais e de todas as idades e profissões podem ter se engajado em uma medida desnecessária e, assim, toda essa gente deve ter ficado tão curiosa quanto eu mesmo fiquei.
Agora, a questão em si.
O leitor H. C. Paes, que também é leitor do Cidadania, quando citou os números da última pesquisa Datafolha, que foi a campo em 15 e 16 de abril – portanto, há cerca de 30 dias –, citou 38% das intenções de voto para Serra e 28% para Dilma, mas esse é o cenário que incluía Ciro Gomes, em que havia uma diferença de 10 pontos percentuais entre os candidatos do PT e do PSDB, enquanto que, àquela época, Vox Populi e Sensus encontraram situação de virtual empate técnico. Contudo, no cenário sem Ciro, que é o que melhor se pode comparar com os resultados recentes destes dois institutos, a diferença era maior, de 12 pontos percentuais (42% para Serra e 30% para Dilma).
Desta maneira, para o Datafolha apurar um resultado igual ao do Vox Populi de sexta-feira passada e do Sensus desta última segunda-feira, que são praticamente os mesmos, terá que superar uma diferença gigantesca em cerca de 30 dias, o que me parece muito difícil de acontecer pois não haveria explicação para tanto. Assim sendo, acredito que Serra continuará com uma excelente dianteira sobre Dilma no instituto da Folha e com uma grande diferença para os outros institutos, tornando ainda mais necessária a investigação da Polícia Federal e da Justiça Eleitoral.
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