Eu queria pedir calma e paciência a todos os que – com justas razões éticas e morais – estão preocupados com a situação do Paraná. A crise não é lá.
A crise é na campanha de Serra. O que acontece no Paraná é o reflexo de uma pequena jogada de esperteza das duas partes : o desejo da campanha de Serra de ter um estado “fechado” – é o que ele pensa – com sua candidatura e o do senador Osmar Dias de, em lugar de enfrentar as dificuldades de uma eleição, pretender obter algo próximo de uma consagração unânime, seja a que cargo for.
Uma e outra são tolices. Porque a opinião pública, por mais que acordos partidários se realizem, irá, se estes não forem coerentes, romper a crosta dos políticos e encontrar uma maneira de se manifestar.
Isso não exime os dirigentes de meu partido de agir com vigor contra manobras que nos desviem do objetivo essencial desta eleição e, talvez, não nos livre do dever de cortar na própria carne para sermos coerentes, o que não acredito que venha a ser necessário. Ou, se for, que seja.
Mas isso não pode nos impedir de ver que está armada uma crise de enormes proporções no ninho tucano. Quando montam uma chapa nacional movidos pela única ambição de garantirem uma eleição de governo de estado, sinal que as coisas vão mal, muito mal.
Acho que não há sinal mais evidente disso que a reação do líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado, ao anúncio da entrega da vice de Serra a Alvaro Dias, segundo o blog de Fernando Rodrigues, na Folha:
-“Na hora do jogo do Brasil [hoje, contra a seleção de Portugal], um assessor me disse que o Roberto Jefferson [deputado cassado do PTB] anunciou no Twitter que o vice do Serra seria o Álvaro Dias. Na mesma hora eu liguei para o Rodrigo Maia [deputado e presidente nacional do DEM]. O Rodrigo checou e me ligou de volta dizendo que o Sérgio Guerra [senador e presidente nacional do PSDB] havia dito para ele ficar calmo, que isso ainda não estava decidido. Ou seja, eles não tiveram coragem de nos comunicar a decisão”. O poder do Serra de desorganizar as coisas é fora do comum. O Álvaro Dias não acrescenta nada e desagrega muito”
E se isso não bastasse, o parágrafo final, embora prepotente, não deixa de ser cruamente real:
“Indagado se não seria prejudicado em Goiás, pois é candidato a mais um mandato de deputado, respondeu: “Eu não ganho votos apoiando o Serra. Eu transfiro votos pra ele”.
Não é preciso mais para a gente entender o que se passa do lado de lá.
Do lado de cá, ao contrário da brigalhada, nosso papel é ter serenidade e discernir fatos de boatos. Em relação a estes, ignorá-los. E, quanto ao fatos, caso se confirmem, agir. Ninguém pode ser obrigado a fazer o que não deseja. Nem os que desejam ser candidatos de um partido, nem os partidos , que não são simples objeto de conveniência de quem queira ser candidato a qualquer coisa, aliados a qualquer um.
Espero que todos compreendam o que quero dizer: não livremos os tucanos da crise transferindo-a para cá. Faremos o que tiver de ser feito. Mas não antes que seja necessário.
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