Elton Alisson, Agência FAPESP
“Atos racistas, como os que tiveram como alvos os jogadores Roberto Carlos e Neymar recentemente, em jogos na Europa, costumam ganhar maior repercussão justamente quando ocorrem no exterior.
Quando acontecem em estádios brasileiros, episódios como esses costumam ser minimizados ou negados pelos autores e até mesmo pelos próprios atletas hostilizados, devido à ideologia de que o Brasil é uma democracia racial e isento de racismo, segundo dissertação de mestrado em história social defendida em fevereiro na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).
Intitulado “Além dos gramados: história oral dos negros no futebol brasileiro (1970-2010)”, o estudo foi feito por Marcel Diego Tonini e contou com Bolsa da FAPESP.
Para desenvolvê-la, o autor entrevistou 20 personalidades do futebol brasileiro, entre jogadores, treinadores, árbitros, dirigentes, torcedores, jornalistas e especialistas, em sua maioria negros.
Entre os entrevistados estão o comentarista esportivo Leovegildo Lins da Gama Júnior, ex-lateral do Flamengo e da Seleção Brasileira; Jairo do Nascimento, goleiro do Corinthians na década de 1970; José Carlos Serrão (Zé Carlos), ponta e meia-esquerda do São Paulo no começo dos anos 1970 e atual técnico do Central de Pernambuco; e Luiz Carlos (Lula) Bezerra Pereira, que jogou no Sport Recife e no América-MG, entre outros times.
Questionados inicialmente por Tonini se já tinham sido alvo de atos racistas em campo no período em que atuaram como jogadores, a maioria procurou negar, em um primeiro momento, a existência de racismo no futebol brasileiro e evitou expressões como discriminação. Mas, aos poucos, começaram a relatar alguns casos que sofreram.
Já os entrevistados brancos procuraram relativizar as ocorrências de racismo, ao analisar os casos de discriminação ocorridos no futebol brasileiro como uma exceção em um país que acreditam ser racialmente democrático.
“De maneira geral, todos os entrevistados procuraram defender o esporte. Eles falaram que isso acontece não apenas no futebol mas também na sociedade brasileira, que tem um histórico de escravidão e preconceito, e que tocar nesse assunto é como se estivessem assumindo ser racistas em um país onde, supostamente, não há diferenças entre raças e todo mundo é tratado de maneira igual”, disse Tonini à Agência FAPESP.
Justamente por essa falsa percepção de que o Brasil é uma democracia racial, a maioria dos casos de discriminação racial identificada e relatada pelos jogadores se refere ao período em que atuaram no exterior.”
Quando acontecem em estádios brasileiros, episódios como esses costumam ser minimizados ou negados pelos autores e até mesmo pelos próprios atletas hostilizados, devido à ideologia de que o Brasil é uma democracia racial e isento de racismo, segundo dissertação de mestrado em história social defendida em fevereiro na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).
Intitulado “Além dos gramados: história oral dos negros no futebol brasileiro (1970-2010)”, o estudo foi feito por Marcel Diego Tonini e contou com Bolsa da FAPESP.
Para desenvolvê-la, o autor entrevistou 20 personalidades do futebol brasileiro, entre jogadores, treinadores, árbitros, dirigentes, torcedores, jornalistas e especialistas, em sua maioria negros.
Entre os entrevistados estão o comentarista esportivo Leovegildo Lins da Gama Júnior, ex-lateral do Flamengo e da Seleção Brasileira; Jairo do Nascimento, goleiro do Corinthians na década de 1970; José Carlos Serrão (Zé Carlos), ponta e meia-esquerda do São Paulo no começo dos anos 1970 e atual técnico do Central de Pernambuco; e Luiz Carlos (Lula) Bezerra Pereira, que jogou no Sport Recife e no América-MG, entre outros times.
Questionados inicialmente por Tonini se já tinham sido alvo de atos racistas em campo no período em que atuaram como jogadores, a maioria procurou negar, em um primeiro momento, a existência de racismo no futebol brasileiro e evitou expressões como discriminação. Mas, aos poucos, começaram a relatar alguns casos que sofreram.
Já os entrevistados brancos procuraram relativizar as ocorrências de racismo, ao analisar os casos de discriminação ocorridos no futebol brasileiro como uma exceção em um país que acreditam ser racialmente democrático.
“De maneira geral, todos os entrevistados procuraram defender o esporte. Eles falaram que isso acontece não apenas no futebol mas também na sociedade brasileira, que tem um histórico de escravidão e preconceito, e que tocar nesse assunto é como se estivessem assumindo ser racistas em um país onde, supostamente, não há diferenças entre raças e todo mundo é tratado de maneira igual”, disse Tonini à Agência FAPESP.
Justamente por essa falsa percepção de que o Brasil é uma democracia racial, a maioria dos casos de discriminação racial identificada e relatada pelos jogadores se refere ao período em que atuaram no exterior.”
Matéria Completa, ::Aqui::
Nenhum comentário:
Postar um comentário