“Cineastas e pesquisadores acreditam que paranoia dos Anos Médici “apagou” registros em movimento do compositor paraibano Geraldo Vandré
No dia em que completou 75 anos (12 de setembro do ano passado), o cantor e compositor paraibano, Geraldo Vandré, sugeriu ao repórter Geneton Moraes Neto que procurasse, nos arquivos da Rede Globo, o VT (videotape) com a as imagens do imenso coro que acompanhou, no Maracanãzinho, os versos de “Caminhando” ou “Prá Não Dizer Que Não Falei das Flores”.
“Aquilo (o Maracanãzinho lotado) foi bonito, muito bonito. Pena que eu não possa ver o VT”, lamentou a Geneton, que o entrevistava na sede carioca do Clube da Aeronáutica. E prosseguiu: “estão guardando o VT não sei para quê. Quero ver o VT. Lá na sua estação (Rede Globo) devem ter. Procure lá. Consegue o VT para ver!”
Geneton procurou o registro da participação de Vandré no FIC 1968 (Festival Internacional da Canção) com muito empenho. E procurou não só as imagens do imenso coro que entoou os versos de “Caminhando” com Vandré, mas também o registro de depoimento que o compositor prestou “por sugestão” da Polícia Federal (e que foi retransmitido por emissoras de TV de todo país) quando de seu regresso do exílio, em 1973.
O autor de “Vandré – Dossiê Globonews”, apresentado no canal a cabo, no final do ano passado, procurou no arquivo da Rede Globo, no Arquivo Nacional, nos arquivos da Polícia Federal e nada. Além de Geneton, outros cineastas e caçadores de imagens buscaram, e continuam buscando, há anos, filmes e VTs do autor de “Disparada”.
Por enquanto, uma constatação se impõe: não resta praticamente nada - pelo menos em solo brasileiro - dos registros cinematográficos ou televisivos da curta (1961-1968) carreira de Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, que primeiro se chamou Carlos Dias (um cantor de acento bossanovista) e depois optou, em homenagem ao pai, o médico José Vandregísilo, pelo nome artístico de Geraldo Vandré.
Paranoia?
Teria a paranoia dos anos Médici levado emissoras de TV a destruir as imagens em movimento do artista paraibano? Onde estão as imagens de Vandré cantando nos festivais das TVs Excelsior, Record e Globo? Onde estão as imagens gravadas pela produtora de Dino Cazzola, no Aeroporto de Brasília, quando o artista regressou de seu exílio no Chile (com breves passagens por Peru, Argélia, Alemanha e França)?
Onde estão as sobras do longa-metragem “Quelé do Pajeú”, lançado em 1969, de Ancelmo Duarte (1920-2000), que teve o cantor como ator secundário (interpretando um cangaceiro)? Ricardo Duarte, filho de Ancelmo, está empenhado em resgatar a obra completa do pai. Por enquanto, não encontrou nem uma cópia inteira do filme. Que dirá de suas sobras.”
Artigo Completo, ::Aqui::
Maria do Rosário Caetano, Brasil de Fato
No dia em que completou 75 anos (12 de setembro do ano passado), o cantor e compositor paraibano, Geraldo Vandré, sugeriu ao repórter Geneton Moraes Neto que procurasse, nos arquivos da Rede Globo, o VT (videotape) com a as imagens do imenso coro que acompanhou, no Maracanãzinho, os versos de “Caminhando” ou “Prá Não Dizer Que Não Falei das Flores”.
“Aquilo (o Maracanãzinho lotado) foi bonito, muito bonito. Pena que eu não possa ver o VT”, lamentou a Geneton, que o entrevistava na sede carioca do Clube da Aeronáutica. E prosseguiu: “estão guardando o VT não sei para quê. Quero ver o VT. Lá na sua estação (Rede Globo) devem ter. Procure lá. Consegue o VT para ver!”
Geneton procurou o registro da participação de Vandré no FIC 1968 (Festival Internacional da Canção) com muito empenho. E procurou não só as imagens do imenso coro que entoou os versos de “Caminhando” com Vandré, mas também o registro de depoimento que o compositor prestou “por sugestão” da Polícia Federal (e que foi retransmitido por emissoras de TV de todo país) quando de seu regresso do exílio, em 1973.
O autor de “Vandré – Dossiê Globonews”, apresentado no canal a cabo, no final do ano passado, procurou no arquivo da Rede Globo, no Arquivo Nacional, nos arquivos da Polícia Federal e nada. Além de Geneton, outros cineastas e caçadores de imagens buscaram, e continuam buscando, há anos, filmes e VTs do autor de “Disparada”.
Por enquanto, uma constatação se impõe: não resta praticamente nada - pelo menos em solo brasileiro - dos registros cinematográficos ou televisivos da curta (1961-1968) carreira de Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, que primeiro se chamou Carlos Dias (um cantor de acento bossanovista) e depois optou, em homenagem ao pai, o médico José Vandregísilo, pelo nome artístico de Geraldo Vandré.
Paranoia?
Teria a paranoia dos anos Médici levado emissoras de TV a destruir as imagens em movimento do artista paraibano? Onde estão as imagens de Vandré cantando nos festivais das TVs Excelsior, Record e Globo? Onde estão as imagens gravadas pela produtora de Dino Cazzola, no Aeroporto de Brasília, quando o artista regressou de seu exílio no Chile (com breves passagens por Peru, Argélia, Alemanha e França)?
Onde estão as sobras do longa-metragem “Quelé do Pajeú”, lançado em 1969, de Ancelmo Duarte (1920-2000), que teve o cantor como ator secundário (interpretando um cangaceiro)? Ricardo Duarte, filho de Ancelmo, está empenhado em resgatar a obra completa do pai. Por enquanto, não encontrou nem uma cópia inteira do filme. Que dirá de suas sobras.”
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Um comentário:
Essa gente é sim, paranóica! Não é de admirar se tudo tiver sido destruído. São "macartistas" como muitos que ainda há por aí.
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