Michel Temer negocia com o Santo Pai a ida de Jader Barbalho para o lugar do Espírito Santo. |
PARAÍSO – Em reunião plenária realizada ontem, a corte celeste aprovou, por unanimidade, o texto de uma carta a ser enviada ao Santo Pai, na qual o primeiro escalão divinal reivindica uma mais justa repartição do poder eterno. “Há tempos acompanhamos o modelo brasileiro, e o nosso pensamento é pedir ao Sumo Bem que nos trate com a mesma deferência com que a presidenta Dilma lida com sua base aliada”, declarou o Arcanjo Gabriel, um dos líderes do movimento.
No texto, a hoste de santos e anjos responsável pelo dia-a-dia do Céu e pelo bom funcionamento da economia do perdão e da fé exige que o Misericordioso compartilhe ao menos um dos seus três dons, “dos quais, queremos deixar claro, preferimos, de longe, o da onipotência”. Onisciência e onipresença poderão ser mantidas como monopólio da Divina Potestade, ou, no caso de distúrbios na base, repartidos entre serafins e querubins do segundo e terceiro escalões.
Em passagem mais dura, santos exigem um rodízio entre os que se sentam à direita do Pai. “Em breve, a imprensa acordará para o fato de que nesta matéria o que impera na eternidade é um gritante nepotismo. Isso aqui não é o Conselho de Segurança da ONU para que alguém tenha direito a assento permanente. Até para preservar a sua reputação e a do seu Pai, o Filho do Homem precisará largar o osso”, externou, indignado, São Bernardo de Claraval, fundador da ordem cisterciense. A proposta em curso prevê que, a cada seis meses, jesuítas, beneditinos e dominicanos se revezarão na cadeira excelsa. “Trapistas e franciscanos, que são mais desprendidos e não fazem tanta questão dessas coisas, poderão ocupar a almofadinha ao pé do Mais Justo”, explicou Santo Inácio de Loyola.
Caso o Eterno Taumaturgo não responda em no máximo trinta dias, pelo menos sete ordens religiosas ameaçam abandonar a base aliada e passar para a oposição. Fontes ligadas às carmelitas descalças garantem que já há conversas em curso com Maomé e o Bispo Macedo.
Em notícia paralela, São Bento de Núrsia, fundador do monasticismo, negou que o ex-ministro Pedro Novais acaba de se filiar à ordem que leva o seu nome com o intuito de controlar a verba de capacitação de novas vocações religiosas. “Fomos contatados, sim, pelo senhor Pedro Novais, mas já no primeiro milagre de conversão de água em vinho sumiram dezessete garrafas de um Merlot da melhor qualidade”, constatou, com dor, o santo.
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