Na aula magna que pronunciou na Escola de Magistratura do Tribunal Regional Federal da Terceira Região, quando denunciou o preconceito de classe na imprensa e na Justiça, Caco Barcelos condenou o que chama de “jornalismo declaratório”.
É o jornalismo brasileiro, em geral: que sai por aí a publicar declarações sem checar ou aprofundar o conteúdo da declaração.
O máximo que faz é confrontar uma declaração com outra.
E se as duas forem inverdades, a imprensa da “declaração” cria uma polêmica de mentiras.
Esse é o território do PiG (**).
A obra prima desse chamado “jornalismo” escrito é a entrevista.
E no jornalismo declaratório do PiG, a entrevista não tem a função de ilustrar e informar o leitor.
Tem duas funções.
Revelar a agressividade do repórter – os patrões adoram …
E desmanchar o entrevistado.
Isso, no caso de o entrevistado ser do Governo.
De for da Oposição, a posição muda.
A entrevista se transforma numa “entrevista púlpito” – oferecer um púlpito à Oposição para expor suas “verdades”.
Na página A14 da Folha (*) desta segunda feira, há uma entrevista do primeiro tipo com José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobrás.
O objetivo era mostrar a patriótica agressividade de dois (dois !) entrevistadores e desmanchar a Petrobrás.
(Um dos repórteres foi “enviado especial” a Brasília – sic.)
Como se sabe, desde que o dr. Getulio sancionou a Lei 2004 que fundou a Petrobrás o PiG (**) tenta afundá-la.
Como o Fernando Henrique afundou a P-36.
Gabrielli janta a questão do preço da gasolina.
(Faz parte da ideologia do PiG (**) sustentar, sempre, que o preço da gasolina está baixo para a inflação não estourar e isso vai afundar a Petrobrás. Não vai.)
Gabrielli janta também a questão da relação com Dilma.
Faz parte da ideologia do PiG (**) sustentar que a Presidenta grita com Gabrielli.
Gabrielli jantou a Folha (*) quando disse que a Petrobrás foi a empresa petrolífera que mais se valorizou nos últimos dez e cinco anos.
O mais interessante da entrevista a Folha não destaca.
É quando Gabrielli explica que o sombrio Governo Cerra/FHC proibiu a Petrobrás de entrar no mercado de petroquímica.
O sombrio Governo Cerra/FHC não deixou a Petrobrás entrar na petroquímica – o setor mais dinâmico do negocio do petróleo – até 2003.
FHC revelou a mesma visão estratégica que fez impedir a construção de escolas técnicas.
(Esses tucanos de São Paulo não passariam de Resende, não fosse o PiG (**).)
Ao comprar 39% da Braskem, a Petrobrás finalmente entrou na Petroquímica.
(Quando trabalhava no Jornal da Band, este ansioso blogueiro denunciou uma pirueta que o Governo Cerra/FGC ia produzir.
Tratava-se de a Odebrecht, dona da Braskem, comprar a Petrobrás com financiamento da Petrobrás.
Isso mesmo, amigo navegante.
A Petrobrás dava dinheiro à Odebrecht para a Odebrecht comprar a Petrobrás.
Essa obra prima passou a ser chamada de “Petrobrecht” no Jornal da Band.
Que à pirueta deu implacável cobertura.
O presidente da Petrobrás Joel Rennó não conseguiu fechar o negocio da “Petrobrecht”.
Em compensação, poupou os cofres de Petrobrás do patrocínio que conferia ao Jornal da Band.)
O saldo da entrevista da Folha (*) é registrar a destreza de Gabrielli ao enfrentar uma tentativa de desmanche.
A Folha veio de “toma lá” e o Gabrielli devolveu um “dá cá”.
Paulo Henrique Amorim
Do Blog CONVERSA AFIADA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário