Extraído do Tijolaço:
Salário-mínimo: compromisso honrado
O compromisso foi honrado. Apesar de todas as pressões para que o Governo roesse a corda do acordo feito no ano passado e mudasse a regra prevista no acordo do ano passado sobre o reajuste do salário-mínimo – variação do PIB de dois anos antes mais inflação do ano anterior – a presidenta Dilma cumpriu o combinado.
A ministra Miriam Belchior entregou a Lei Orçamentária do próximo ano prevendo um reajuste do salário mínimo de 13,6% – que é a soma de 7,5% de crescimento do PIB em 2010 e a inflação prevista para este ano, de 6,1%. O valor vai, portanto, a R$ 619,21. Isso significa um aumento médio real, descontada a inflação pelo INPC, de 58, 6% desde o início do Governo Lula, segundo o cálculo do DIEESE. Ou de 91,7%, se usarmos o IPCA como índice deflator.
Pouco, sim, mas no limite do que as contas públicas podem suportar sem nos encalacrarmos em mais dívidas e não um ato demagógico de campanha eleitoral.
Aliás, não é á toa que a direita brasileira fala tanto em demagogia e populismo. Ela entende bem disso.
O Governo pode enfrentar de rosto erguido todos os que reclamaram do reajuste modesto deste ano, quando seguiu as mesmas regras. Mas vai enfrentar muitas pressões por que, agora, não vai haver quem ache que este reajuste é inflacionário. Embora, é claro, tenham dito que vivemos um surto de inflação mesmo sem reajustes expressivos.
Ao contrário. No seu editorial de hoje, para criticar a declaração da presidenta de que os juros devem baixar, o Estadão não teve vergonha de, outra vez, culpar os reajustes salariais pela elevação dos preços:
“O poder de compra tem sido sustentado tanto pelo crédito quanto pelos aumentos salariais. Mais de 80% dos acordos concluídos pelos sindicatos na primeira metade do ano proporcionaram ajustes acima da inflação.”
Deveriam ter sido abaixo? Andam nossos salários tão luxuosos que podem os sindicatos se dar à generosidade de se deixarem ver desvalorizar? E se foi acordo e não greve ou dissídio não estava dentro da possibilidade das empresas de darem?
Vai haver muita chiação da mídia e de partes do empresariado. Paciência. Deveriam lembrar de um antigo ditado que diz que o combinado nunca é caro.
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
Tamém do Blog CONVERSA AFIADA.
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