terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Agora vai! Alckmin sinaliza articulação de chapa Serra-Maluf


Na segunda-feira, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB/SP) levou, como convidado especial, o deputado Paulo Maluf (PP/SP) até a cidade de Campos de Jordão, para a solenidade simbólica de sanção da lei que cria a Região Metropolitana do Vale do Paraíba.

Ambos fizeram discursos solenes no palanque para uma platéia de prefeitos e vereadores candidatos à reeleição em outubro.

Maluf, embasado em seu conceito muito peculiar de "ética" na política, elogiou Alckmin como "exemplo de ética... Ética que infelizmente não vemos em outros setores desse País" (nas palavras de Maluf).

Um elogio destes é de arregalar os olhos de qualquer Procurador da República zeloso de seus afazeres.

Mas faz sentido. Maluf está respondendo processo no STF por desvio de dinheiro público da Prefeitura de São Paulo para o paraíso fiscal da Ilha de Jersey. Alckmin tem muito o que explicar sobre as propinas para tucanos paulistas, da Alstom e Siemens. Da Privataria Tucana falaremos abaixo, quando José Serra entrar em cena.

Maluf também lançou Alckmin à presidência em 2018 e lembrou que o conhece de longa data, desde quando era governador na ditadura (1979-1982), e o jovem prefeito de Pindamonhangada da época era Geraldo Alckmin, com quem mantinha relações amistosas.

Alckmin aparelhou o CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) loteando o órgão para um apadrinhado de Maluf. O órgão já virou escândalo, com a construção de novos conjuntos habitacionais em áreas de enchentes.

Alckmin já orientou a bancada tucana a manter boa relação com o PP de Maluf, agora que o principal aliado dos tucanos, o DEMos, está fragilizado, com a virada-de-casaca de Kassab, ao criar o PSD, adesísta ao governo Dilma e que já se oferece para apoiar o PT na eleição municipal paulistana.

Na terça-feira, Alckmin prestigiou outro político enrolado com escândalos, José Serra (PSDB/SP), que também tem muitas afinidades "éticas" com Maluf, como revela o livro "A Privataria Tucana".

Alckmin levou Serra para inaugurar um laboratório de oncologia em um hospital paulista.

Sem um demo-tucano viável para disputar a Prefeitura de São Paulo, Alckmin quer Serra como candidato, mesmo com a Privataria Tucana, mesmo com o risco de Serra ser enquadrado na lei da ficha-suja, e mesmo que seja para perder. Qualquer votação acima de 10% de Serra já seria melhor do que uma votação abaixo de 5% de um tucano pouco conhecido. E a derrota de Serra o queimaria de vez, deixando o caminho totalmente livre para a liderança hegemônica de Alckmin.

Nesse cenário, onde interessa a Alckmin lançar candidatos com alta rejeição para perder por menor diferença, não seria surpresa se, no bastidores do laboratório inaugurado, tenha sido lançado o balão de ensaio da chapa encabeçada por Serra tendo Maluf como vice (apesar do pesadelo que uma chapa destas representa para qualquer  marqueteiro demo-tucano).

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