Maurício Savarese, UOL
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), um dos raros expoentes do DEM sem vínculo com famílias tradicionais, deixou o partido “com rumo frouxo” –nas palavras de um dos seus dirigentes. Pego em conversas suspeitas com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o senador tinha expectativas de ser candidato a presidente em 2014, o que poderia ajudar o partido a retomar dias melhores no Congresso por conta da exposição nacional.
Agora, admitem membros do DEM, o cenário
mais provável é de tentativa de fusão com o PSDB após as eleições municipais. “A
diferença deve ser na forma”, disse um parlamentar da legenda que não quis se
identificar. “Se o [deputado federal] ACM Neto ganhar a eleição em Salvador, se
José Serra se eleger prefeito com um vice nosso, o cenário é um. Se isso não
acontecer, as condições devem ser mais difíceis. Quando um partido fica muito
maior que o outro, as condições para quem entra são piores.”
Para Luciano Dias, do Instituto Brasileiro
de Estudos Políticos (Ibep), os escândalos de Demóstenes e do ex-governador do
Distrito Federal José Roberto Arruda –envolvido no esquema do mensalão do DEM–,
deixaram a sigla “com uma marca difícil de apagar em tão pouco tempo”. “A
justificativa de que o DEM expulsa seus corruptos não serve nas eleições. É uma
estratégia errada na qual o partido apostou há tempos. E está pagando agora. As
pessoas querem saber de gestão”, disse.
A saída de Demóstenes fez os principais
líderes do Democratas repetirem o discurso feito na época de Arruda. “O partido
não está acuado, está aliviado”, disse o presidente do DEM, senador José
Agripino Maia (RN), nesta semana. “Os outros escondem debaixo do tapete. Veja o
PT com o mensalão. Nós temos coragem de lidar de frente. Todo integrante que
for pego em atos ilícitos será expulso. Pagaremos esse preço.”
Oficialmente, Maia não admite a fusão com o
PSDB. Caso ela aconteça, o novo partido teria 80 deputados –menos apenas do que
o PT. Pode não ser o suficiente diante de uma avassaladora base aliada da
presidente Dilma Rousseff, mas pode criar um grupo mais coeso na tentativa de
retomar o Palácio do Planalto em 2014.”
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