A dívida externa espanhola atingiu no final de 2011 o valor de
1,775 bilhões de euros, correspondente a 164,5 por cento do PIB,
percentagem que corresponde à que produziu às cruéis intervenções de
austeridade na Grécia. Os dados foram divulgados pelo Banco de Espanha
no mesmo dia em que o governo de Rajoy anunciou mais cortes de despesas
pública, atingindo a saúde pública e a educação.
A relação entre a dívida externa e o PIB em Espanha é das mais altas do
mundo. As normas da União Europeia estabelecem uma dívida externa máxima
de 60 por cento do PIB; quando se iniciou a intervenção na Grécia a
dívida grega era de 120 por cento do PIB, verificando-se que a política
de austeridade adotada a fez subir em menos de dois anos para quase 170
do PIB. O governo direitista de Rajoy, em associação com a senhora
Merkel e a Comissão Europeia, segue essa mesma política em Espanha, que
poderá significar um em cada quatro espanhóis desempregados no fim deste
ano. A dívida pública espanhola é sobretudo privada; só 16 por cento
correspondem a dívida pública.
Na segunda-feira, o governo de Mariano Rajoy anunciou novos cortes no
valor de 10 bilhões de euros na saúde pública e na educação. Apesar do
anúncio do aprofundamento da austeridade, os juros da dívida espanhola
continuam a aumentar, provocando o que a comunicação social qualifica
como "a desconfiança dos mercados". O mesmo acontece com as dívidas da
Itália e da Grécia, revelando estas situações o fracasso contínuo das
políticas de austeridade.
Mariano Rajoy já anunciou cortes de despesas em três etapas: a primeira
de 16 bilhões de euros; a segunda de 40 bilhões; e agora a terceira, de
10 bilhões, sem dar mais explicações.
Entretanto, a revista Europa Laica anunciou recentemente que o estado
espanhol, que a Constituição proclama laico, contribui anualmente com
cerca de 10 bilhões de euros para a Igreja Católica, verba equivalente à
terceira fatia de cortes incidindo sobre saúde e educação. Os gastos do
Estado com a casa real, segundo informações desta instituição, atingem
16 bilhões de euros anuais, correspondentes ao valor da primeira fatia
de cortes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário