terça-feira, 10 de abril de 2012

Dívida espanhola atinge 165% do PIB, Igreja e rei não sofrem austeridade


A dívida externa espanhola atingiu no final de 2011 o valor de 1,775 bilhões de euros, correspondente a 164,5 por cento do PIB, percentagem que corresponde à que produziu às cruéis intervenções de austeridade na Grécia. Os dados foram divulgados pelo Banco de Espanha no mesmo dia em que o governo de Rajoy anunciou mais cortes de despesas pública, atingindo a saúde pública e a educação.
A relação entre a dívida externa e o PIB em Espanha é das mais altas do mundo. As normas da União Europeia estabelecem uma dívida externa máxima de 60 por cento do PIB; quando se iniciou a intervenção na Grécia a dívida grega era de 120 por cento do PIB, verificando-se que a política de austeridade adotada a fez subir em menos de dois anos para quase 170 do PIB. O governo direitista de Rajoy, em associação com a senhora Merkel e a Comissão Europeia, segue essa mesma política em Espanha, que poderá significar um em cada quatro espanhóis desempregados no fim deste ano. A dívida pública espanhola é sobretudo privada; só 16 por cento correspondem a dívida pública.
Na segunda-feira, o governo de Mariano Rajoy anunciou novos cortes no valor de 10 bilhões de euros na saúde pública e na educação. Apesar do anúncio do aprofundamento da austeridade, os juros da dívida espanhola continuam a aumentar, provocando o que a comunicação social qualifica como "a desconfiança dos mercados". O mesmo acontece com as dívidas da Itália e da Grécia, revelando estas situações o fracasso contínuo das políticas de austeridade.
Mariano Rajoy já anunciou cortes de despesas em três etapas: a primeira de 16 bilhões de euros; a segunda de 40 bilhões; e agora a terceira, de 10 bilhões, sem dar mais explicações.
Entretanto, a revista Europa Laica anunciou recentemente que o estado espanhol, que a Constituição proclama laico, contribui anualmente com cerca de 10 bilhões de euros para a Igreja Católica, verba equivalente à terceira fatia de cortes incidindo sobre saúde e educação. Os gastos do Estado com a casa real, segundo informações desta instituição, atingem 16 bilhões de euros anuais, correspondentes ao valor da primeira fatia de cortes.

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