domingo, 24 de maio de 2009

A direita troglodita brasileira


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Saraiva

A direita troglodita brasileira
Trechos de um longo texto de Alcino Leite Neto, publicado na Folha quando ela ainda era um jornal e não um partido.
A direita no Brasil vive no tempo das cavernas. A maioria de seu quadro político é formada por trogloditas que envergonhariam qualquer país. É gente sem cultura e sem educação, que vive e calcula sua vida como se estivéssemos no Brasil colonial.
É até mesmo uma direita pré-capitalista, feudalizada, além de nepotista, provinciana, fisiologista e medíocre, e portanto arrogante, com a soberba própria da ignorância. É incapaz de imaginar um projeto para o país, pois só lhe interessa a manutenção dos seus quintais e currais. Entre os seus quadros, ainda existem pessoas que serviram como capangas da ditadura militar.
A chamada direita brasileira jamais pensa a si mesma como uma verdadeira força política que tenha um sentido no conjunto das forças sociais, que elabore um programa nacional e atenda a uma necessidade objetiva de uma parte dos brasileiros a ela inclinados. Ela não passa de uma agremiação de indivíduos que se abrigam sob o teto dos partidos para assegurar sua riqueza, seu prestígio e seu mando.
Antes o Brasil era "só direira", era "só autoritário", era "só conservador". Mas as coisas mudaram. E houve forças políticas que evoluíram. O próprio cidadão mudou, como comprovam as eleições. A direita permaneceu intacta. Ela viveu um idílio com o governo FHC, que adiou sua crise anunciada, mas eis que o bonde da história resolveu passar.
A direita praticamente desapareceu no processo da campanha presidencial. Ela foi incapaz de impor um nome de expressão nacional aos brasileiros. A sua única candidata era uma anedota televisiva. Teve a duração de um comercial. A direita achou que o Brasil ainda era "aquele", que por inanição estava sempre do seu lado. Que a campanha seria outro simulacro de democracia. Mas o país estava e está se mexendo. Em breve, será outro país. A direita pode levar décadas para se constituir segundo as exigências contemporâneas do mundo e do Brasil, se ela não se revolucionar logo.
O desprestígio das forças de direita no Brasil é tão grande que não há um intelectual que ouse falar em seu nome, como ocorre na França com o filósofo Luc Ferry, escolhido aliás para o Ministério da Educação do governo de Jacques Chirac. Todos os intelectuais são de esquerda ou de alguma tendência assemelhada. O último intelectual de direita morreu precocemente: José Guilherme Merquior.
Essa questão parece secundária, mas não é. O desprestígio da direita é tão grande que ela não tem mais quadros ideológicos, intelectuais que a ajudem a pensar o presente e o futuro, que a elucidem sobre os processos sociais contemporâneos e a façam entender a democracia no século 21.
Outro dia, um cartaz perto da Sorbonne avisava: "Estudantes de direita, participem da reunião de jovens da UMP" (União por um Movimento Popular, o partido do presidente Jacques Chirac). Um cientista político de universidade brasileira inclinado à direita prefere comer dois lagartos nojentos a participar de alguma reunião do PFL. É humilhante. É degradante. É difamante. O intelectual de direita no Brasil é um reprimido.
O que existe hoje, falando em nome da direita, são alguns loucos varridos que a imprensa promove à condição de ideólogos para simular a variedade de opinião. A imprensa tem até mesmo receio de nomear os políticos com o qualificativo "de direita", como se fosse uma blasfêmia. E os próprios políticos de direita chegam a reclamar quando assim são classificados. Eles preferem ser "de centro", "de situação" ou, agora, "de oposição".
Alcino Leite Neto
Postado por Esquerdopata às 08:42 0 comentários
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