sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

ANOS DE CHUMBO - Homenagem a Marighella.

ANOS DE CHUMBO - O tempo, desencontros e reencontros.

Copiado do blog " Tijolaço", do Brizola Neto.

O tempo, desencontros e reencontros

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Maria Ribeiro e Clara Charf, companheiras de Prestes e Marighella: a memória une o que a luta política atritou

A peneira do tempo, tantas vezes, opera o milagre de filtrar tudo o que é menor, circunstancial, episódico e próprio da insuficiência humana, deixando filtrar-se apenas o essencial dos homens e de sua passagem sobre a Terra. Senti isso, ontem, ao ver, emocionado, as pessoas que a entrega do título post-mortem de cidadão carioca a Carlos Marighella – uma iniciativa de meu irmão, o vereador Leonel Brizola Neto – reuniu, no Centro Cultural da Caixa.

Estavam lá Clara Charf, viúva de Marighella, Maria Ribeiro, viúva de Luiz Carlos Prestes, Renné, viúva de Apolônio de Carvalho, os amores de três homens que – cada um na sua hora – foram às armas por suas idéias generosas e, por isso, divergiram violentamente uns dos outros.

Estavam lá Tania Fayal, Domingos Fernandes, Carlos Fayal, José Gaspar Campos, companheiros dos últimos anos de luta de Mariguella que, depois, foram se encontar e construir o caminho pacífico da reconstrução do trabalhismo, no PDT.

Estavam lá Luiz e Zoia, filhos de Prestes, Carlos Augusto, de Marighella, Renné, de Apolônio. E eu e Leonel, netos de Brizola.

Éramos três gerações. Tempos diferentes. Mas foi muito bacana ver como as idéias e os compromissos que as três assumiram funcionam como uma linha, um fio, um grosso e resistente fio da História a nos unir e reunir.

A política, muitas vezes, nos exige a separação, a polêmica, a crítica a cada ato em si.

A História, com seu ponto maior, reúne os diferentes, se são semelhantes, e dissolve os passos e os eventuais desvios, para preservar as trajetórias, se são coerentes.

As memórias de D. Clara, a visível emoção de seu filho Carlos, o carinho com que todos ali homeageavam um lutador tombado, tudo me tocou profundamente.

Quero registrar a minha homenagem a todos e o meu reconhecimento a esta ótima iniciativa de meu irmão. Todos vocês me deram um momento de aprendizado, de amadurecimento e de conforto, neste final cansativo de ano, onde percebi, outra vez, que não são os dias – às vezes nem os anos – mas, sim, as vidas as réguas capazes de medir o papel dos homens.

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