Conversei há pouco com Ricardo Guedes, do Instituto Sensus.
Sua análise da pesquisa é que as eleições estão fortemente favoráveis para Dilma Rousseff, mas não estão definidas.
A parte favorável se deve às condições sócio-econômicas, favorecendo fortemente o candidato da continuidade. PIB em alta, reservas cambiais garantindo estabilidade externa, salário minimo passando de 80 para 280 dõlares, índice de Gini melhorando, 30 milhões da classe pobre para classe média e 10 milhões saindo das favelas nos últimos oito anos.
A pesquisa deixa claro a percepção cada vez mais forte da melhoria de emprego e renda, duas variáveis fundamentais. Com isso, Lula consegue recordes históricos com 76% de aprovação do governo e 83% de aprovação de Lula. E Dilma está cada vez mais sento identificada como a candidata de Lula.
No entanto, tem algumas variáveis que não permitem uma definição clara do jogo.
Quando pergunta qual critério que vai mais levar em conta, se benefícios atuais ou comparação de currículos, 46% a 34% para benefícios atuais. Quando se pergunta, entretanto, quem implementou os atuais benefícios, se Lula ou FHC, 57% acham que Lula e 17% FHC. Quando pergunta quem representa a continuidade, 55% Dilma e 25% Serra
Quando pergunta quem tem maior capacidade administrativa, há inversão: 46 a 33% para Serra e 30% dizendo que debates serão muito importantes para definição dos votos.
O ponto de incerteza se deve a dois fatores. Primeiro, o índice de rejeição de ambos, abaixo de 30%, o que não inviabiliza nenhuma candidatura. Em junho de 2002 e 2006, Lula já era dado como vencedor devido aos altos índices de rejeição de José Serra e Geraldo Alckmin.
Agora, não. Além disso, hoje o Brasil vive uma espécie de pacto social-democrata, similar ao que marcou a Europa e Estados Unidos. A população de trabalhadorers cresceu até 1920. A partir daí estabiulizou-se em 25% da população dos países maduros. Como segundo turno exige 50% mais 1 dos votos, esquerda e direita tiveram que flexibilizar suas propostas, a esquerda indo para o centro e a direita aceitando programas sociais. O que acaba gerando estabilidade política muito grande nesses países.
Nos Estados Unidos, entram os democratas e fazem uma série de concessões sociais. Quando começam a afetar a rentabilidade da economia, entram os republicanos e corrigem a rota. Quando a política dos republicanos extrapola, voltam os democratas. Acontece o mesmo entre trabalhistas e conservadores na Inglaterra.
Trabalhistas e conservadores na Inglaterra.
No Brasil, tanto Serra quanto Dilma não tem a cara desse pacto. Aécio Neves e Antonio Palocci tinham, pois representavam o lado conservador. Como Dilma e Serra não tem essa clareza, o componente pessoal passa a ser importante.
A eleição tende para Dilma, reforça Guedes, mas não se pode descartar o elemento surpresa dentro do processo eleitoral, ao contrário de 2002 e 2006.
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
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