segunda-feira, 17 de maio de 2010

Contra má-vontade, não há argumentos

Os Estados Unidos perderam a chance de mostrar ao mundo que são boas suas intenções em relação ao Irã. Poderia ter saudado o fato de o país ter concordado em custodiar seu urânio semiprocessado na Turquia e receber a quantidade necessária do combustível enriquecido para fazer funcionar seus reatores nucleares, com supervisão internacional. Seria um passo importante para o restabelecimento de relações proveitosas entre o ocidente e aquele país. Mas, mesmo sem conhecer os detalhes do acordo, que serão comunicados na próxima semana à Agência Internacional de Energia Atômica, preferiu fazer muxôxo e dizer que “tem dúvidas” sobre a seriedade do acordo, embora louvando a ação de Brasil e Turquia em obtê-lo.

A verdade é que impera um enorme despeito nos círculos dirigentes americanos e nos das potências européias. Com o compromisso iraniano, seu discurso se esvazia e , mais ainda, fica provado que é possível o entendimento quando há vontade de alcançá-lo.

Hoje a BBC Brasil dá uma matéria que deveria ser lida por todos. É a avaliação do analista iraniano Mohammad Marandi, da Universidade de Teerã.

“Apesar das dificuldades em conseguir o acordo, o presidente Lula arriscou sua fama internacional para conseguir intermediar uma proposta que trouxesse o governo iraniano de volta à mesa de negociações”, disse Marandi à BBC Brasil.

Para o analista, o Brasil responde às críticas de outros países ocidentais, como os EUA e seus aliados, que não acreditavam que Lula e seu corpo diplomático pudessem fazer algo diferente do que já havia sido tentado.

“Lula calou a boca dos EUA e da secretária de Estado (dos EUA), Hillary Clinton, que mais de uma vez menosprezou os esforços turcos e brasileiros.”

Para Marandi o Brasil teve o maior crédito, pois a Turquia não estava com o mesmo grau de otimismo em relação a um possível acordo.

“O mérito foi do Brasil, pois o país arriscou sua reputação e sofreu as maiores críticas ao se aproximar do Irã. E ainda conseguiu dar mais ânimo aos turcos em acreditar na possibilidade de se chegar a um acordo”

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