Réplica do Observatório SW está aberta à visitação no Parque da Cidade É uma boa oportunidade para estudantes e o público em geral conhecerem de perto os fundamentos da capital brasileira
Uma casa de tábua de 4,3m por 4m abrigará, durante 30 dias, uma exposição com painéis, fotos e documentos sobre o trajeto de 22 desbravadores na demarcação do Planalto Central como capital brasileira. A instalação é uma réplica do Observatório SW, construído em 1892 pela equipe da Missão Cruls, chefiada pelo astrônomo e engenheiro militar belga Louis Ferdinand Cruls, para determinar as coordenadas geográficas do Distrito Federal a partir das estrelas. A estrutura, montada no Estacionamento 11 do Parque da Cidade, está aberta para visitação do público e de estudantes.
A inauguração foi na manhã de ontem e contou com a presença do embaixador da Bélgica no Brasil, Claude Misson; do administrador de Brasília, Messias de Souza; e do presidente do Instituto Animatográfico de Comunicação e coordenador do projeto, o cineasta Pedro Jorge de Castro. A pequena construção é o resultado do projeto Missão Cruls, uma trajetória para o futuro, iniciado em novembro de 2003, quando 17 pesquisadores brasileiros iniciaram uma expedição científica para refazer o trajeto da missão. À época, o Correio percorreu o mesmo trajeto e acompanhou o que havia mudado na flora, na fauna, nos rios, no clima e no modo de vida do povo das regiões por onde a Missão Cruls tinha passado. E equipe era composta por um cientista, um astrônomo, um geógrafo, um botânico, um zoólogo, um fotógrafo, um cinegrafista e um arquivista.
A comissão exploradora que deu origem à Missão Cruls foi criada em 1892 pelo então presidente Floriano Peixoto, para cumprir as determinações da Constituição de 1891. Nela, estava prevista a demarcação do quadrilátero de 14,4 mil quilômetros quadrados onde seria construída a capital da República. Equipada com mais de 10 toneladas — entre caixotes, barracas, armas, mantimentos, máquinas fotográficas, um laboratório de revelação de filmes e uma modesta oficina para consertos dos instrumentos —, a equipe da Missão Cruls partiu de trem do Rio de Janeiro para Uberaba (MG), onde terminava a estrada de ferro. A viagem até o quadrilátero do país foi feita em lombo de burro, e os desbravadores, que acampavam em barracas de lona, guiavam-se pelas estrelas.
DescobertasPara o astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, a comissão de exploração da época fez importantes descobertas. “A missão tinha uma profunda visão científica e se baseou também em problemas da instalação em um local central que representasse o conjunto da visão da capital. A preocupação de Louis Cruls não foi só astronômica, mas geográfica, ambiental, nos recursos hídricos e na medicina. Até a doença de Chagas foi localizada. Não chegaram ao ponto de determinar o causador do mal, mas perceberam que havia algo errado”, destacou.
Toda a expedição da Comissão Exploradora do Planalto Central foi fotografada por Henry Charles Morize. Em 2003, o cineasta e professor de imagem fotográfica Miguel Freire captou imagens dos mesmos lugares por onde os cientistas da Missão Cruls passaram. “Foi o primeiro relatório científico com imagem elaborado até hoje porque, tradicionalmente, eles são só escritos. Me arrisco a dizer que Morize é uma espécie de avatar do pensamento moderno brasileiro que se consagrou na construção de Brasília, pelo traço deslumbrante urbanístico e arquitetônico”, disse o professor.
Educação
Os trabalhos sobre a trajetória para demarcação do Planalto Central têm como objetivo a difusão da história de Brasília. Nos últimos oito anos, nove obras sobre o tema Missão Cruls foram lançadas, com exposições em 11 capitais brasileiras e realização de palestras e mesas redondas com fatos detalhados para mais de 12 mil alunos e professores de todo o país. Este mês, a previsão é de que 500 bibliotecas recebam exemplares da obra Missão Cruls uma trajetória para o futuro, com artigos de especialistas. No Distrito Federal, 404 escolas públicas de ensino fundamental vão ganhar 5.761 livros sobre os trabalhos científicos realizados pelos pesquisadores. “O maior patrimônio que o povo tem é a sua história. O objetivo é conscientizar as pessoas disso”, disse o coordenador do projeto, o professor Pedro Jorge de Castro, da Universidade de Brasília (UnB).
O projeto do Instituto Animatográfico de Comunicação é financiado pelo Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal. Para esclarecer as dúvidas dos visitantes, serão treinados 60 monitores, entre universitários e alunos do curso técnico do Senac da área de turismo. Quem tiver interesse em ser monitor pode se candidatar a uma das 40 vagas ainda disponíveis pelo telefone 3349-6122. O curso será gratuito, com aulas presenciais e de leitura.
Mara Puljiz
O observatório original, construído em 1892: até então, Brasília era um sonho distante e pouco divulgado |
Uma casa de tábua de 4,3m por 4m abrigará, durante 30 dias, uma exposição com painéis, fotos e documentos sobre o trajeto de 22 desbravadores na demarcação do Planalto Central como capital brasileira. A instalação é uma réplica do Observatório SW, construído em 1892 pela equipe da Missão Cruls, chefiada pelo astrônomo e engenheiro militar belga Louis Ferdinand Cruls, para determinar as coordenadas geográficas do Distrito Federal a partir das estrelas. A estrutura, montada no Estacionamento 11 do Parque da Cidade, está aberta para visitação do público e de estudantes.
A inauguração foi na manhã de ontem e contou com a presença do embaixador da Bélgica no Brasil, Claude Misson; do administrador de Brasília, Messias de Souza; e do presidente do Instituto Animatográfico de Comunicação e coordenador do projeto, o cineasta Pedro Jorge de Castro. A pequena construção é o resultado do projeto Missão Cruls, uma trajetória para o futuro, iniciado em novembro de 2003, quando 17 pesquisadores brasileiros iniciaram uma expedição científica para refazer o trajeto da missão. À época, o Correio percorreu o mesmo trajeto e acompanhou o que havia mudado na flora, na fauna, nos rios, no clima e no modo de vida do povo das regiões por onde a Missão Cruls tinha passado. E equipe era composta por um cientista, um astrônomo, um geógrafo, um botânico, um zoólogo, um fotógrafo, um cinegrafista e um arquivista.
DescobertasPara o astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, a comissão de exploração da época fez importantes descobertas. “A missão tinha uma profunda visão científica e se baseou também em problemas da instalação em um local central que representasse o conjunto da visão da capital. A preocupação de Louis Cruls não foi só astronômica, mas geográfica, ambiental, nos recursos hídricos e na medicina. Até a doença de Chagas foi localizada. Não chegaram ao ponto de determinar o causador do mal, mas perceberam que havia algo errado”, destacou.
Toda a expedição da Comissão Exploradora do Planalto Central foi fotografada por Henry Charles Morize. Em 2003, o cineasta e professor de imagem fotográfica Miguel Freire captou imagens dos mesmos lugares por onde os cientistas da Missão Cruls passaram. “Foi o primeiro relatório científico com imagem elaborado até hoje porque, tradicionalmente, eles são só escritos. Me arrisco a dizer que Morize é uma espécie de avatar do pensamento moderno brasileiro que se consagrou na construção de Brasília, pelo traço deslumbrante urbanístico e arquitetônico”, disse o professor.
Educação
Os trabalhos sobre a trajetória para demarcação do Planalto Central têm como objetivo a difusão da história de Brasília. Nos últimos oito anos, nove obras sobre o tema Missão Cruls foram lançadas, com exposições em 11 capitais brasileiras e realização de palestras e mesas redondas com fatos detalhados para mais de 12 mil alunos e professores de todo o país. Este mês, a previsão é de que 500 bibliotecas recebam exemplares da obra Missão Cruls uma trajetória para o futuro, com artigos de especialistas. No Distrito Federal, 404 escolas públicas de ensino fundamental vão ganhar 5.761 livros sobre os trabalhos científicos realizados pelos pesquisadores. “O maior patrimônio que o povo tem é a sua história. O objetivo é conscientizar as pessoas disso”, disse o coordenador do projeto, o professor Pedro Jorge de Castro, da Universidade de Brasília (UnB).
O projeto do Instituto Animatográfico de Comunicação é financiado pelo Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal. Para esclarecer as dúvidas dos visitantes, serão treinados 60 monitores, entre universitários e alunos do curso técnico do Senac da área de turismo. Quem tiver interesse em ser monitor pode se candidatar a uma das 40 vagas ainda disponíveis pelo telefone 3349-6122. O curso será gratuito, com aulas presenciais e de leitura.
Mara Puljiz
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