sábado, 10 de setembro de 2011

Uma década depois e o 11/9 desperta cada vez mais desconfiança na opinião pública mundial

9/9/2011 12:38, Por Gilberto de Souza e Marcello Perongini, com agências internacionais - do Rio de Janeiro, Roma e Nova York, EUA

“Não se trata de estabelecer se a guerra é legítima ou não. A vitória não é possível. A guerra não é feita para ser vencida, é feita para não acabar nunca”. George Orwell, em 1984

11 de Setembro

Os eventos ocorridos em Nova York, o 11 de Setembro, permanecem encobertos por uma camada de mistério e denúncias de fraudes por parte dos republicanos

Prefeito de Nova York, o milionário Michael Bloomberg reafirmou, nesta sexta-feira, a existência de informações, ainda não confirmadas, de que um novo atentado terrorista estaria planejado para este domingo, quando se completam dez anos dos atentados do 11 de Setembro.

– Sabemos que terroristas consideram aniversários uma oportunidade de atacar de novo. Vivemos em um mundo em que temos de levar essas ameaças a sério – disse o prefeito, em tom grave.

A cidade de Nova York vive há semanas em estado de alerta para as homenagens ao 11 de Setembro, com equipes antibomba, cães farejadores, vigilância reforçada em túneis e pontes e bloqueios em ruas. Segundo o Departamento de Segurança Nacional, há uma ameaça “crível e específica”, mas ainda não confirmada, de ataque terrorista. O departamento não deu mais detalhes.

Na quarta-feira surgiram informações sobre uma bomba atrelada a um veículo, que poderia ser detonado em Nova York ou Washington; o presidente norte-americano, Barack Obama, e os serviços de inteligência norte-americanos receberam essa informação nesta quinta, à noite. Segundo a diretora-assistente do FBI (a polícia federal dos EUA), Janice Fedarcyk, durante a operação em Abbottabad (Paquistão) – que resultou na morte do líder da al Qaeda, Osama Bin Laden -, foram apreendidos documentos que mostram que a rede terrorista tinha um interesse considerável em datas e aniversários específicos, como o 11 de Setembro.

O pesadelo do 11/9 é uma constante na vida dos nova-iorquinos. O chefe de polícia de NY, Ray Kelly, determinou um aumento nas revistas de bagagens nas estações do metrô ao menos até a próxima segunda-feira, além de um aumento de 30% nas equipes de patrulha das ruas e nas equipes de resposta rápida a ameaças e de vigilância reforçada em prédios do governo e em locais religiosos. As agências de segurança vão realizar exercícios de segurança nas principais estações ferroviárias e de metrô e na Times Square, nas próximas horas.

O prefeito disse que a polícia está bem preparada, já que conseguiu combater ao menos 12 possíveis ataques terroristas desde 11 de setembro de 2001.

– O melhor que podemos fazer para combater o terror é nos recusarmos a nos deixarmos intimidar. Nos últimos dez anos, não permitimos que os trerroristas nos intimidassem, vivemos nossas vidas e vamos continuar a fazê-lo – sentencia Bloomberg.

Estudo do terror

Até agora, mesmo depois de uma década do maior atentado já sofrido por norte-americanos no país deles, todos os fatos corroboram o projeto intitulado Um Novo Século para os EUA (The Project for the New American Century), lançado um ano antes da série de acontecimentos que deram origem ao 11 de Setembro. Segundo o relatório, após a queda do Muro de Berlim os EUA precisariam de um novo inimigo a combater, uma vez que ‘o fantasma do comunismo’ teria sido exorcizado com o fim da União Soviética.

“Além disso, o processo de transformação (social), mesmo que provoque mudanças revolucionárias (para a implantação global do capitalismo e da Pax norte-americana), tem a probabilidade de de ser longo, isse se não houver alguns eventos catastróficos e catalisadores – como um novo Pearl Harbor”, diz o documento, um ano antes da queda do World Trade Center (WTC).

“(O que exigimos é) um aparato militar forte e pronto a atender ambos os desafios, presentes e futuros; uma política externa que com ousadia e propositadamente promove os princípios norte-americanos no exterior e, em nível nacional, eleve uma liderança que aceita os Estados Unidos com todas as suas responsabilidades globais”, acrescenta o relatório assinado por William Kristol, Robert Kagan e Devon Gaffney Cross, três republicanos de alta patente, todos eles ligados às facções mais à direita do partido, conhecida como Tea Party, e íntimos colaboradores do ex-presidente George W. Bush.

O Projeto para o Novo Século Norte-Americano se travestiu de organização educacional sem fins lucrativos, dedicada a incutir “algumas proposições fundamentais: que a liderança norte-americana é boa tanto para a América do Norte e para o mundo, e que tal liderança exige força militar, diplomática de energia e compromisso com o princípio moral. O Projeto pretende, através de boletins temáticos, trabalhos de pesquisa, o jornalismo dirigido aos interesses da instituição, conferências e seminários, explicar o que implica a liderança mundial norte-americana. Ele também se esforçará para conseguir apoio para uma política vigorosa e de princípios de participação internacional norte-americana e para estimular o debate público sobre política externa e de defesa e papel da América do Norte no mundo”, diz o prólogo do estudo.

O republicano William Kristol, de 59 anos, é um ferrenho adepto do Tea Party e atua como analista político e comentarista da rede norte-americana de TV Fox News, maior ponto de apoio da Era Bush para as guerras no Iraque e no Afeganistão. Ele também é o fundador e editor da revista política The Weekly Standard, que defende as ideias mais radicais da direita norte-americana. Seu colega e co-patrocinador do relatório, Robert Kagan se formou na Universidade de Yale e foi integrante da ordem ocultista Skull and Bones, berço dos Illuminati, uma ordem de líderes da extrema-direita com objetivos difusos, mas todos voltados à supremacia da raça branca e dos princípios republicanos. Ele foi o consultor político para assuntos internacionais na campanha derrotada de John McCain.

O terceiro signatário do documento é Devon Gaffney Cross, integrante da diretoria do Linconln Group, organização formalmente conhecida como Iraqex, voltada para os assuntos referentes à ‘reconstrução’ daquele país, devastado pela guerra iniciada logo após os eventos do WTC. Ele atua, em Washington, D.C., com as operações militares dos EUA no Iraque, principalmente na área de Relações Públicas. Em 2005, uma reportagem do Los Angeles Times revelou que a Iraqex detinha um número não inferior a US$ 100 bilhões em contratos de propaganda, desenvolvimento de produtos e de estratégias comerciais, distribuição e logística entre outros.

Denúncias de fraude

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, não é o que se pode considerar um hóspede bem-vindo nos EUA, mas no ano passado ele fez por onde merecer o ódio dos republicanos. Em plena sessão plenária das Nações Unidas, disse com todas as letras o que cineastas, jornalistas e parlamentares às centenas já apregoam nas redes sociais há uma década e acusou a direita norte-americana de promover a maior fraude de todos os tempos com os supostos atentados às Torres Gêmeas.

Já em 2004, o cineasta Michael Moore produziu um especial sobre o 11 de Setembro. O filme tem cerca de duas horas e lotou as salas de exibição nos Estados Unidos e nos demais países onde foi exibido. Originalmente ele foi produzido por uma empresa filiada à Disney Produções, contudo, a empresa se recusou a exibi-lo, quando viu o resultado final. A recusa é fácil de entender porque a Disney tem sua sede na Flórida, Estado lhe confere várias isenções fiscais e o irmão do presidente Bush, Jeb, era o governador do Estado.

Michael Moore venceu a batalha. A Disney manteve sua posição de não exibir o filme, mas concordou em vendê-lo para outra produtora. O documentário trazia denúncias gravíssimas sobre como o presidente Bush levou o Congresso e as pessoas a pensarem que Saddam Hussein teria alguma coisa a ver com os atentados em Nova Iorque. Mas o enfoque principal do filme é uma bomba para George W. Bush. Ele diz claramente que a família Bush teria negócios com a família Bin Laden.

É exibida uma relação de vôos que saíram dos EUA com destino à Arábia Saudita levando 24 pessoas da família de Osama Bin Laden, no dia 13 de setembro, mesmo com a proibição de todos os vôos nos dias seguintes ao atentado. A Halliburton, empresa que o vice-presidente, Dick Cheney, presidiu por cinco anos também é citada. Várias pessoas dão depoimento sobre os enormes lucros que a empresa obteve desde que os EUA invadiram o Iraque.

Cenas de iraquianos mortos e feridos dão o toque chocante do filme. Há uma passagem que mostra o terror de uma família que tem sua casa invadida no meio da noite por marines. O presidente é mostrado vezes como um idiota completo, vezes como incompetente e outras vezes como alienado. Os soldados norte-americanos também dão declarações. Eles mostram o CD de música que é colocado nos tanques de guerra e a música é transmitida para o capacete. Ao melhor som do heavy metal eles dizem que isso os excita a atacar o inimigo. O documentário faz sérias denúncias e faz com que quem o assiste pense várias vezes sobre os motivos e as conseqüências da guerra.

Outras tantas produções se esmeram em mostrar como as Torres Gêmeas foram implodidas, junto com o edifício ao lado, o WT7, logo após o lançamento dos aviões nos edifícios. Da mesma forma, tentam provar que o Pentágono, em Washington DC, foi atingido por um míssil e não por um avião. Um dos documentários chega a mostrar o repórter da rede norte-americana de TV CNN dizendo que “não há asas” nos restos em chamas do petardo que acertou uma área em construção do complexo militar norte-americano.

Do Correio do Brasil.

Nenhum comentário: