Flávio Aguiar - Rede Brasil Atual
Todas e todos sabem o quanto detesto gente que detesta o Brasil.
Sobretudo brasileiros, esses que acham que falar mal do Brasil aqui fora
pega bem e dá "lustro" de primeiro mundo a quem fala.
Não que nosso país esteja maravilhoso, só porque está melhorando - e
muito. Outra coisa que detesto é o "Por que me ufano do meu país" -
título de um livro que era obrigatório ler quando eu era jovem, do Conde
de Afonso Celso.
Agora, tem uma coisa no Brasil que realmente dá vergonha a um brasileiro. Ou deveria dar.
É a sua direita.
Tomei contato com duas "atitudes" da direita brasileira que são
impensáveis aqui na Alemanha onde vivo, e em outros países - nao só na
Europa - também.
Elas só são cabíveis em nosso território onde viceja uma direita
retrógrada, ao mesmo tempo submissa e arrogante, e que se julga
cosmopolita mas é de um provincianismo sem par.
A primeira foi a atitude do ministro do STF Gilmar Mendes ao propor
questionamentos sobre quem as empresas estatais deveriam conceder
propaganda. E ainda usando como critério o exercício ou nào da crítica!
Desculpem, mas isso é impensável por aqui. Um ministro do Supremo alemão
que fizesse isso teria de renunciar no dia seguinte. Pressionado,
inclusive, pela direita. Pela mídia. Por todo mundo de bom senso. Não há
desespero que justifique tal quebra de decoro.
O mesmo ministro, é verdade, declarou tempos atrás que "o povo não é
soberano nas democracias constitucionais". O assunto em pauta era o
"ficha limpa". Caramba! Não sei que mestres ele anda lendo, mas
certamente não leu o parágrafo único do artigo 1 de nossa Constituição
Federal: "Todo poder emana do povo que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição".
A segunda atitude foi do candidato José Serra à prefeitura de S. Paulo,
declarando que não aumentaria o número de linhas de ônibus porque isso
só causaria mais engarrafamentos. Não pude deixar de pensar que em
qualquer capital aqui da Europa alguém que dissesse isso teria sua
carreira imediatamente encerrada. Não se elegeria nem síndico de prédio.
Mas já na nossa paulicéia de mídia desvairada, tudo continua como
dantes do quartel do PSDB. Ninguém na mídia convencional tugiu nem
mugiu.
Não pude deixar de considerar: sim, como faz falta no nosso país uma direita civilizada, moderna, atualizada, cidadã do mundo.
Faria muito bem para a nossa esquerda. E para o país.
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