terça-feira, 5 de junho de 2012

A impagável, improvável e ridícula direita brasileira


Flávio Aguiar - Rede Brasil Atual 
Todas e todos sabem o quanto detesto gente que detesta o Brasil. Sobretudo brasileiros, esses que acham que falar mal do Brasil aqui fora pega bem e dá "lustro" de primeiro mundo a quem fala.
Não que nosso país esteja maravilhoso, só porque está melhorando - e muito. Outra coisa que detesto é o "Por que me ufano do meu país" - título de um livro que era obrigatório ler quando eu era jovem, do Conde de Afonso Celso.
Agora, tem uma coisa no Brasil que realmente dá vergonha a um brasileiro. Ou deveria dar.
É a sua direita.
Tomei contato com duas "atitudes" da direita brasileira que são impensáveis aqui na Alemanha onde vivo, e em outros países - nao só na Europa - também.
Elas só são cabíveis em nosso território onde viceja uma direita retrógrada, ao mesmo tempo submissa e arrogante, e que se julga cosmopolita mas é de um provincianismo sem par.
A primeira foi a atitude do ministro do STF Gilmar Mendes ao propor questionamentos sobre quem as empresas estatais deveriam conceder propaganda. E ainda usando como critério o exercício ou nào da crítica! Desculpem, mas isso é impensável por aqui. Um ministro do Supremo alemão que fizesse isso teria de renunciar no dia seguinte. Pressionado, inclusive, pela direita. Pela mídia. Por todo mundo de bom senso. Não há desespero que justifique tal quebra de decoro.
O mesmo ministro, é verdade, declarou tempos atrás que "o povo não é soberano nas democracias constitucionais". O assunto em pauta era o "ficha limpa". Caramba! Não sei que mestres ele anda lendo, mas certamente não leu o parágrafo único do artigo 1 de nossa Constituição Federal: "Todo poder emana do povo que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição".
A segunda atitude foi do candidato José Serra à prefeitura de S. Paulo, declarando que não aumentaria o número de linhas de ônibus porque isso só causaria mais engarrafamentos. Não pude deixar de pensar que em qualquer capital aqui da Europa alguém que dissesse isso teria sua carreira imediatamente encerrada. Não se elegeria nem síndico de prédio. Mas já na nossa paulicéia de mídia desvairada, tudo continua como dantes do quartel do PSDB. Ninguém na mídia convencional tugiu nem mugiu.
Não pude deixar de considerar: sim, como faz falta no nosso país uma direita civilizada, moderna, atualizada, cidadã do mundo.
Faria muito bem para a nossa esquerda. E para o país.

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