Do Vermelho - 27 de Junho de 2012 - 13h12
PIG (Partido da Imprensa Golpista). Essa expressão cunhada pelo deputado federal Fernando Ferro (PT-PE), popularizada a partir do jornalista Paulo Henrique Amorim, sintetizou perfeitamente o que representa a velha mídia brasileira. A repercussão nos órgãos do PIG sobre o golpe praticado contra o presidente Fernando Lugo no Paraguai só vem a comprovar.
O tratamento que tem sido dado por colunistas, editoriais e matérias sobre o assunto é uma afronta à liberdade de expressão. Ao contrário de toda a comunidade internacional, o PIG brasileiro defende abertamente o golpe praticado por latifundiários contra a democracia paraguaia, através de seus representantes no oligárquico Congresso daquele país.
Na linha de frente dos interesses golpistas, os colunistas (ou “colonistas”, como bem cunhou Paulo Henrique Amorim) põem suas manguinhas de fora. Nesta quarta-feira (27) foi a vez de Elio Gaspari. Em sua coluna reproduzida por vários jornais, Gaspari profere um conjunto de ataques chulos ao Itamaraty pelo seu posicionamento na crise paraguaia. O baixíssimo nível do texto começa logo pelo título: “A leviana diplomacia do espetáculo”.
O posicionamento do Brasil na reunião da Unasul em não aceitar o golpe foi chamado pelo “colonista” como uma “truculenta intervenção nos assuntos internos do Paraguai”. Gaspari vai além da defesa do golpe no Paraguai e ataca a política externa brasileira por defender o multilateralismo, que para ele “é típica de uma política externa biruta”. Assim, o “colonista” entra na sua especialidade, defende os interesses dos Estados Unidos, país que financia suas opiniões sobre a ditadura brasileira e qualquer assunto de interesse ianque.
Por falar em “colonista” defensor de interesses ianques, não poderia faltar Merval Pereira. Sua subserviência aos Estados Unidos já foi desmascarada inclusive por provas obtidas pelo WikiLeaks. Em texto publicado nesta terça-feira (26), ele defende que o que aconteceu no Paraguai não foi um golpe, mas a expressão máxima da democracia representativa. Golpe, para ele, está sendo praticado é pelos governos da Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina.
As sandices de Merval não param por ai. Fazendo eco aos golpistas paraguaios, diz que a reação internacional ao golpe é uma iniciativa “chavista”, que impôs a posição venezuelana a Unasul. Diz o colunista que a decisão do organismo em denunciar o golpe é “mais um movimento político dos chamados países bolivarianos do que uma reação em defesa da democracia, que continua em pleno vigor no Paraguai”.
Além dos "colonistas", os barões do PIG se manifestaram também através de editoriais. Também nesta terça, o jornal O Globo chamou o posicionamento do Brasil e da Unasul de “surto ideológico”. Além disso, destila ódio contra Hugo Chávez e mostra a linha que foi unificada como posição oficial do PIG: acusar o Brasil de estar “a reboque da Venezuela”. Foi esse também o tom adotado pelo editorial publicado pelo jornal Estado de São Paulo.
Já o editorial da Folha de São Paulo culpa Fernando Lugo pelo golpe, que para ela não é golpe, e o acusa de implementar no Paraguai “uma plataforma esquerdizante”. Diz que o “ex-bispo católico Fernando Lugo conduzia um governo populista e errático, prejudicado pela conduta pessoal do mandatário”. O jornal da família Frias chega ao absurdo de dizer que o “melhor que o Itamaraty tem a fazer é calar-se e respeitar a soberania do vizinho”.
O que se conclui mais uma vez com o comportamento da velha mídia brasileira é que ela é uma ameaça à democracia e precisa ser urgentemente regulada. Só assim pode-se impedir que o PIG chegue ao seu objetivo maior, que é conquistar golpes de Estado. Não é por menos que os mesmos veículos de comunicação foram protagonistas do golpe de 1964 e defensores da ditadura militar.
O Brasil precisa possuir leis que garantam a longevidade da nossa democracia, coibindo o golpismo dos barões da mídia. Aliás, como foi definido como mote no último Encontro de Blogueiros em Salvador, não se necessita nada mais do que já garante a nossa Constituição. Basta regulamentar os artigos que tratam da comunicação. “Nada além da Constituição” foi lema ali definido. Tomara que também esse ataque golpista que o governo brasileiro recebe sirva pelo menos para tirá-lo da letargia, ou medo, de regulamentar tais artigos.
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