O jornalista Luiz Carlos Bordoni informou hoje (27) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira que foi pago com recursos do caixa 2 da campanha do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), por serviços prestados em 2010. Bordoni relatou ter recebido na conta de sua filha, Bruna Bordoni, R$ 45 mil da empresa Alberto e Pantoja, investigada pela Polícia Federal como parte do esquema criminoso atribuído ao empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
"O meu serviço limpo foi pago com dinheiro sujo", disse o jornalista, que produziu os programas de rádio da campanha de Perillo. "O que existiu, de fato, foi o pagamento feito a mim com dinheiro de caixa 2", destacou Bordoni, cujo depoimento irritou deputados aliados ao governador goiano, que o interromperam várias vezes. Segundo Bordoni, alguns membros da comissão não estavam "preocupados em esclarecer coisa alguma".
As frequentes interrupções da fala do jornalista levaram o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a pedir que os parlamentares "respeitassem a testemunha".
Além desse depósito, o jornalista disse ter recebido mais R$ 33,3 mil do departamento financeiro da campanha e mais R$ 10 mil pagos pelo presidente da Agência de Transportes e Obras (Agetop) de Goiás, Jayme Rincón, que era tesoureiro da campanha. Bordoni entregou à comissão documentos sobre sua movimentação bancária e de sua filha e autorizações de quebra dos sigilos bancários, telefônico e fiscal dele e dela.
O jornalista disse também que o governador Perillo mentiu em seu depoimento na CPMI, ao mostrar uma nota fiscal em nome da empresa Art Midi, no valor de R$ 33,3 mil, como prova do pagamento que teria feito a ele.
"Se os senhores provarem onde está minha assinatura nesta nota, eu engulo essa folha", disse o jornalista, mostrando o documento que teria sido apresentado por Perillo. "O governador faltou com a verdade abusivamente quando aqui esteve", destacou o jornalista.
O jornalista se disse magoado por ter sido chamado de mentiroso, controverso e irresponsável pelo governador Perillo. "Por que eu iria mentir? Fiz um pacto com o amigo Marconi, mas quem tem amigos como tal não precisa de inimigos", afirmou Bordoni.
Ele também reclamou de ter sido apontado pela mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, como chantagista. "Quem sou eu para achacar o rei do achaque, o Al Capone do Cerrado? Vou processar todos eles, inclusive o dono da banda dos desafinados. Nada tenho a esconder, não temo encarar ninguém, seja quem for", disse a testemunha. "Não se brinca com a honra e com a dignidade das pessoas", destacou.
Luciana LimaNo Agência Brasil
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