Por Paulo Salvador, da Rede Brasil Atual
Essa é a principal pergunta que o ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) deverá responder com urgência. E que o Conselho Nacional de
Justiça também se deve fazer. Em reportagem da revista CartaCapital
desta semana, o jornalista Leandro Fortes apurou que Inocêncio Coelho,
um dos sócios de Gilmar Mendes em um negócio privado chamado Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), acusou Mendes de desfalques e de sonegação fiscal.
Para resolver o suposto "litígio" com Coelho, Gilmar Mendes e seu também
sócio Paulo Gustavo Gonet Branco desembolsaram R$ 8 milhões, obtidos
por meio de empréstimo bancário, conforme relata o repórter: "Em uma
nota lacônica, a assessoria do instituto alega que 'as irregularidades
que foram detectadas' pela auditoria foram sanadas. Afirma ainda que os
R$ 8 milhões pagos ao ex-sócio foram levantados graças a um empréstimo
bancário'". Com o montante, afirma a reportagem, Mendes e Branco sepultaram o processo. "De
onde os servidores públicos de carreira, sócios de uma empresa em
estado pré-falimentar, tiraram tanto dinheiro é uma boa pergunta", prossegue Fortes.
Em oposição, a revista Veja ignora o assunto e torna-se mais uma
vez um panfleto partidário de ataque a Luiz Inácio Lula da Silva e ao
PT. Sua seção de cartas, que recebe milhares de mensagens. publica 14
atacando Lula e o governo Dilma, outras nove enaltecendo o pastor
evangélico Silas Malafaia e duas elogiando o texto "prazeroso" de
Reinaldo Azevedo, blogueiro da revista costumeiramente agressivo.
Embora a capa seja a história de Elize Matsunaga, a "mulher fatal" que
confessou o assassinato do marido, sua principal matéria é o julgamento
do mensalão. Em "Encontro marcado com a Justiça", a revista traz de novo
um enorme nariz de cera, que, na linguagem jornalística, trata-se de
comentário pouco informativo e pré-julgando os acusados para reafirmar o
"desespero de Lula e o tiro no pé com a CPI do Cachoeira" – para a qual
Veja poderá ser convocada.
Veja destila ódio. Numa reportagem que até poderia ser honesta
sobre a Rio+20, em meio à discussões sobre o planeta, ataca as terras
indígenas e elogia o agronegócio. Veja SP aproveita a Parada LGBT,
ignora a luta contra a homofobia que pautou vários jornais paulistanos, e
sai com a reportagem "arco-iris de intrigas", sobre supostos
desentendimentos entre militantes da Parada.
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