"O que ocorreu, de fato, foi o súbito desnudamento de um esquema de uso
de caixa 2 de campanha eleitoral..." - trecho do editorial do jornal Zero Hora (que apoiou o golpe de 1964), publicado na edição do último dia 8 de junho, sexta-feira passada (fac-símile acima).
Quem é o jornal Zero Hora? Pertence ao grupo RBS (leia-se família
Sirotsky), formado por um conglomerado de rádios, tevês e jornais do
Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Trata-se de um grupo de comunicação
ilegal, porque infringe a determinação legal que proíbe o monopólio de
emissoras em um mesmo território. São retransmissores da programação da
TV Globo no RS e SC.
É de registrar a mudança de entendimento do grupo RBS, face ao caso
conhecido como "mensalão". Durante sete anos, os órgãos de comunicação
deste grupo seguiram o resto da tradicional imprensa brasileira, sempre
garantindo que o primeiro governo Lula havia instituído um "esquema de
mensalidade a deputados" com a finalidade de garantir plena maioria na
votação de projetos do interesse do bloco no poder. Hoje, o jornal ZH volta atrás e admite que houve apenas o "uso de caixa 2 de campanha eleitoral".
Até poucos dias atrás, o grupo RBS era dirigido por um filho do seu
fundador, Maurício Sirotsky Sobrinho, quando este cedeu lugar a um
sobrinho seu, portanto neto do fundador Maurício. De qualquer forma,
parece não haver qualquer relação de causa/consequência na mudança de
entendimento sobre os fatos de 2005 e que serão julgados a partir de
agosto próximo pelo STF. Ao contrário, o governo do petista Tarso Genro é
atacado quase que diariamente pelos órgãos da RBS. É muito comum, as
editorias da RBS cobrarem de Tarso todo o contencioso de deficits
sociais e de infraestrutura acumulado ao longo de décadas de governos
omissos e desinteressados dos seus deveres constitucionais.
Recentemente, o jornal ZH estampou como manchete a posição de
último lugar do RS no quesito qualidade do ensino médio. O dado em si
está correto, entretanto, não é ético e honesto cobrar de um governo que
está há poucos meses na administração estadual um contencioso tão
antigo.
O motivo desta prática militante e panfletário do grupo RBS é um segredo
de polichinelo: a senadora Ana Amélia Lemos (ex-celetista da RBS) é a
candidata preferencial deste misto de grupo midiático e partido político
conservador ao Palácio Piratini na sucessão de Tarso Genro, em 2014.
O governador Tarso Genro, portanto, que se prepare, a investida demagógica e eleitoreira da RBS só tende a recrudescer.
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