segunda-feira, 11 de junho de 2012

Zero Hora se convenceu: não houve mensalão

"O que ocorreu, de fato, foi o súbito desnudamento de um esquema de uso de caixa 2 de campanha eleitoral..." - trecho do editorial do jornal Zero Hora (que apoiou o golpe de 1964), publicado na edição do último dia 8 de junho, sexta-feira passada (fac-símile acima).
Quem é o jornal Zero Hora? Pertence ao grupo RBS (leia-se família Sirotsky), formado por um conglomerado de rádios, tevês e jornais do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Trata-se de um grupo de comunicação ilegal, porque infringe a determinação legal que proíbe o monopólio de emissoras em um mesmo território. São retransmissores da programação da TV Globo no RS e SC.
É de registrar a mudança de entendimento do grupo RBS, face ao caso conhecido como "mensalão". Durante sete anos, os órgãos de comunicação deste grupo seguiram o resto da tradicional imprensa brasileira, sempre garantindo que o primeiro governo Lula havia instituído um "esquema de mensalidade a deputados" com a finalidade de garantir plena maioria na votação de projetos do interesse do bloco no poder. Hoje, o jornal ZH volta atrás e admite que houve apenas o "uso de caixa 2 de campanha eleitoral".
Até poucos dias atrás, o grupo RBS era dirigido por um filho do seu fundador, Maurício Sirotsky Sobrinho, quando este cedeu lugar a um sobrinho seu, portanto neto do fundador Maurício. De qualquer forma, parece não haver qualquer relação de causa/consequência na mudança de entendimento sobre os fatos de 2005 e que serão julgados a partir de agosto próximo pelo STF. Ao contrário, o governo do petista Tarso Genro é atacado quase que diariamente pelos órgãos da RBS. É muito comum, as editorias da RBS cobrarem de Tarso todo o contencioso de deficits sociais e de infraestrutura acumulado ao longo de décadas de governos omissos e desinteressados dos seus deveres constitucionais. Recentemente, o jornal ZH estampou como manchete a posição de último lugar do RS no quesito qualidade do ensino médio. O dado em si está correto, entretanto, não é ético e honesto cobrar de um governo que está há poucos meses na administração estadual um contencioso tão antigo.
O motivo desta prática militante e panfletário do grupo RBS é um segredo de polichinelo: a senadora Ana Amélia Lemos (ex-celetista da RBS) é a candidata preferencial deste misto de grupo midiático e partido político conservador ao Palácio Piratini na sucessão de Tarso Genro, em 2014.
O governador Tarso Genro, portanto, que se prepare, a investida demagógica e eleitoreira da RBS só tende a recrudescer.

Nenhum comentário: