E cá estamos a apartear o Senador Aécio Neves.
Desta vez ele escreveu sobre turismo e, especificamente, manifestou
preocupações com o turismo sexual no Brasil. Com menos clichês do que no
ano passado.
Como sempre, para criticar ele expõe números que indicam os déficits
brasileiros para o setor. Sua fonte foram matérias em sites de notícias
Brasil, que repercutiram, com a tradicional leveza jornalística, um
relatório do “Fórum Econômico Mundial”: nosso país teria caído no
ranking internacional no setor, na comparação 2011-2009.
Considerando que cada ponto de vista é a vista de um ponto, é bom
lembrar que o citado Fórum representa governos e oligopólios que –
hegemonicamente – levaram o mundo a sucessivas crises econômicas
recentemente. Como a de 2008 e a atual na Europa, sem falar no crônico
déficit fiscal dos EUA, que arrasta o mundo para “tsunamis” econômicos
cada vez mais dramáticos.
E qual é a genial conclusão do relatório usado por Aécio Neves para
desqualificar o Brasil? A alta carga tributária no setor de transportes
seria uma das principais causas da referida “queda” brasileira. Pronto!
Revelado o segredo do diagnóstico do Fórum de Davos. Eis o ponto de
vista da turma do liberalismo sem limites, do estado mínimo e da
privataria plena.
Números são números. Peguemos os dados da Infraero (aeroportos): em 2002
(FHC) os desembarques nacionais foram menos de 33 milhões; em 2010
(Lula), ultrapassaram os 68 milhões. Isso dá a dimensão da grandeza de
nossos problemas. Que o nosso senador e a companheira Danuza Leão
lamentam, compartilhando os mesmos valores: tem pobre demais nos
aeroportos.
Infraestrutura é algo que deveria ter uma “herança bendita” de 30 ou 40
anos. Se os oito de FHC na presidência tivessem ajudado, certamente
estaríamos melhores.
Basta pegar um item apenas, o da gestão, para mostrar o desprezo dos
tucanos para o assunto. Com FHC, o turismo era um mero sobrenome de um
Ministério mais amplo (primeiro , “... da Indústria, Comércio e
Turismo”; depois como “... Esporte e Turismo”). E que teve seis
titulares em seus oito anos de governo. Com Lula, o turismo ganhou pasta
exclusiva e teve três ministros em oito anos.
Isso faz diferença para planejar e executar políticas. Sobretudo quando
você pega uma área sucateada. Quase começamos do zero, pois o Plano
Nacional de Municipalização do Turismo – PNMT - (FHC) revelou-se apenas
como um artefato de transferência e pulverização de responsabilidades e
não um instrumento de integração do setor. Infraestrutura e logística
em turismo, ilustre senador, é – principalmente – assunto nacional.
Quanto ao segundo tema, concordamos com o senador: o turismo sexual deve
ser uma preocupação constante. Se ele voltar ao assunto vamos também
fazer comparações entre as estatísticas atuais e as do tempo de FHC.
Basta dizer que, além de ações repressivas, há também questões de ordem
cultural e comportamental que devem ser observadas. Exemplo: a atriz
Megan Fox, contratada para enfeitar um dos camarotes no desfile do Rio
de Janeiro, disse que gostaria de “ter uma bunda brasileira”. Ela é
apenas uma, dentre centenas de celebridades artísticas, empresariais e
políticas que nos reservam tristes exemplos como esse. Não é mesmo
senador?
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