quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Lula: Por que a gente não começa a organizar a nossa mídia?

Do Viomundo - publicado em 27 de fevereiro de 2013 às 17:33



Durante ato pelos 30 anos da CUT, Lula cumprimenta Vagner Freitas. Foto: Roberto Stuckert/Instituto Lula

por Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual

Sâo Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje (27) que o movimento sindical e os setores progressistas da sociedade invistam mais na organização de seus próprios meios de comunicação, em vez de esperar imparcialidade da mídia tradicional em relação aos governos e às reivindicações de esquerda. Para ele, é preciso parar de reclamar por não ter saído no jornal ou ganhado destaque na imprensa. Os chamados formadores de opinião, disse Lula, eram contra as eleições diretas para presidente, contra o impeachment de Fernando Collor e contra a eleição dele e da atual presidenta, Dilma Rousseff.

Em ato pelos 30 anos da CUT, que serão completados em agosto, Lula disse que o próprio movimento sindical tem um aparato ‘poderoso’ de comunicação, mas desorganizado. “Quero parar de reclamar que os que não gostam de mim não dão espaço. Por que a gente não organiza o nosso espaço? Por que a gente não começa organizar a nossa mídia? Nós sabemos o time que temos, o time dos adversários e o que eles querem fazer conosco. 

Vocês têm de analisar qual é o espaço de imprensa que o movimento sindical tem.”
Dirigindo-se ao presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, Lula afirmou que a entidade tem de “dar um salto” e passar a atuar mais no auxílio aos movimentos sociais com pouca estrutura. “Não é apenas a luta corporativa. Esse economicismo é bom, mas não é tudo. Faça todas as brigas que tiver de fazer, internamente, mas quando terminar a CUT tem de ir pra rua. A CUT não nasceu para ficar dentro de um prédio.”

Segundo Lula, um dos criadores da CUT, em agosto de 1983, o radicalismo da central era necessário, nos primeiros momentos, para se firmar. “As pessoas não convidavam a gente para a festa deles. Tínhamos de falar grosso para subir um degrau. O importante é não perder o limite, a compreensão, as possibilidades da luta política, da correlação de forças.”

Assim, acrescentou, o movimento sindical não pode abrir mão de reivindicar, mas deve também saber negociar. “Se vocês virarem dirigente sindical chapa-branca, não vale a pena. Se for só do contra, também não vale a pena. Para valorizar o que a CUT tem feito e vai fazer, temos de imaginar como seria o Brasil sem ela. É preciso repensar o papel histórico da CUT.”

O ato teve a presença de todos os ex-presidentes da central: Jair Meneguelli (1983-1994), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (1994-2000), Kjeld Jakobsen (interino, de maio a agosto de 2000), João Felício (2000-2003), Luiz Marinho (2003-2006) e Artur Henrique (2006-2012). Dois prefeitos foram à cerimônia – o próprio Marinho, reeleito em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e Carlos Grana, de Santo André.

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