#Diadobasta contra Lula fracassa mais uma vez
Por que a indignação de 1,6 milhão de internautas vira um protesto com
apenas 100 manifestantes? Neste domingo, mais uma vez, os protestos do
Dia do Basta, contra Renan Calheiros (PMDB-AL) e também contra o
ex-presidente Lula, foram relativamente frágeis. O que explica a
discrepância entre o que ocorre na internet e no mundo real? Esmael
Morais, um dos principais jornalistas do Paraná, oferece uma resposta e
diz que o Brasil não aceita golpes contra instituições democráticas
- Por que as manifestações contra a corrupção têm
cativado tão poucos brasileiros? Embora manifestações contra o senador
Renan Calheiros (PMDB-AL) tenham ocorrido neste domingo em diversas
capitais, em nenhuma delas os organizadores conseguiram reunir mais do
que 100 manifestantes. Em São Paulo, houve ainda um protesto contra o
ex-presidente Lula, que, pela imagem acima, juntou talvez vinte pessoas.
A pergunta é ainda mais intrigante quando se sabe que uma petição na
internet recolheu 1,6 milhão de assinaturas contra a posse de Renan no
comando do Senado.
Quem oferece uma resposta para a discrepância entre as manifestações na
internet e o que ocorre no mundo real, nas ruas, é o jornalista Esmael
Morais, responsável por um dos principais blogs políticos do Paraná.
Leia abaixo:
* A maioria da sociedade rejeita golpes contra as instituições democráticas do país
Definitivamente, a velha mídia não tem força para derrubar sequer um
pardal. Embora tente driblar a história para capitalizar a queda do
ex-presidente Fernando Collor, em 1992, é bom ressaltar que ela só
aderiu ao movimento do impeachment quando não tinha mais como segurar o
povo na rua e o presidente no Palácio do Planalto. O movimento havia
iniciado em setembro de 1990, em Vitória, durante congresso da União
Brasileira dos Estudantes (UBES). Eu estava lá, participei de perto,
portanto, posso relatar.Vinte anos depois da queda de Collor, eis que a
velha mídia tenta se reinventar surfando na justa indignação de
internautas. A classe média, embalada pela mídia udenista, despejou
cerca de 1,6 milhão de assinaturas em abaixo-assinado para derrubar o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Eu havia alertado que
essa
petição onlinenão
teria validade alguma e argumentei que estava em curso uma tentativa de
golpe do Partido da Imprensa Golpista (PiG) contra uma instituição
democrática. A minha opinião (
clique aqui para relembrar), por não fazer coro ao senso comum, causou urticária nos conservadores de plantão.
É bom lembrar que a campanha pela defenestração de Calheiros começou
pela velha mídia bem antes da sua eleição, no 1º de fevereiro, à
presidência do Senado.
Chifrado até pelos tucanos,
o consórcio Veja, Estadão, Folha, Globo, etc., perdeu a disputa na
Câmara Alta pelo placar de 56 votos a 18. Agora tenta reeditar o
golpismo contra o Senado valendo-se do “efeito manada” a partir de
alguns desavisados festivos.
Pois bem, neste domingo ensolara
do, temperatura de 30º, cerca de cem pessoas (sic) saíram em protesto na
orla de Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro, contra Renan Calheiros.
Assim como defendo a livre manifestação de Yoani Sanchéz (
clique
aqui para ler a minha opinião), a blogueira que mais tem liberdade no
mundo, eu também creio que a moçada engabelada pela direitona raivosa
também tem esse direito democrático. Mesmo que o Sol escaldante castigue
os gatos-pingados, pois se trata de livre-arbítrio. O fiasco anti-Renan
se repetiu ontem (23) em Curitiba.
Este é segundo teste da mídia que fracassa em se tratando de mobilização
popular. O primeiro, eu gostaria de recordar, ocorreu em agosto de 1992
quando a Folha de S. Paulo, no afã de provar que as manifestações dos
carapintadas eram espontâneas, convocou uma passeata no tradicional
ponto de encontro das passeatas [no Vão Livre do MASP, em São Paulo].
Para decepção do jornalão, meia dúzia de desavisados compareceram. Uma
semana depois a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a UBES convocaram
uma passeata que reuniu mais de cem mil estudantes. Hoje, novamente,
apenas 100 compareceram ao midiático protesto no Rio.
Afinal, por que a indignação de 1,6 milhão de internautas vira apenas 100 manifestantes?
Ora bolas, carambolas! Eu já dei meu palpite há dias sobre isso. Vou
repeti-lo: sem partidos políticos, sem entidades de massa, sem o povo na
rua, não há conspiração que vença a democracia. É preciso formar uma
maioria política na sociedade para legitimar qualquer movimento de
impeachment. Sem isso, a meu ver, tudo não passa de tentativa de puxar o
tapete, golpismo mesmo, que a sociedade rejeita de pronto.Do Brasil 247
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